sexta-feira, 25 de fevereiro de 2022

Degustação Vinícola Hermann

 

Já estava com saudades! Desde 2020 eu não participava de nenhum evento de degustação de vinho, algo, evidentemente, que eu realmente adoro! Vinho é a minha vida! Costumo dizer que o que corre em minhas veias é vinho e não sangue, então não preciso, depois disso, tecer maiores comentários sobre a importância do vinho em minha vida.

Então eu já estava com saudades desse momento especial que é participar de um evento de vinhos e não é apenas o prazer em degustar vinhos, que é, claro, o ápice, mas de ver gente nova que compartilham do mesmo prazer que o seu, mas do escambo de conhecimento e experiências que não se mensura de tão especial.

E dessa vez tive a sorte, o privilégio de participar de um evento desse tipo em minha querida cidade, Niterói, em fevereiro de 2022, organizado, de forma espetacular por uma nova loja que está apostando fortemente no mercado de Niterói, que carrega no seu nome o nome dela, da cidade de Niterói, tamanha é a confiança no potencial e interesse dos enófilos, a “Niterói Vinhos” que, apesar de estar a pouco tempo nessas terras, vem fazendo a diferença, sobretudo em minha simples e humilde vida de enófilo.

Já a conhecia antes do evento e já comprei, inclusive alguns rótulos especiais e agora participando de um evento de degustação e que degustação! A degustação foi de alguns rótulos da Vinícola Hermann que não conhecia até então e que me foi apresentada pela Niterói Vinhos e seu agradável evento.

Mas antes de falar do evento, falemos um pouco da Vinícola Hermann que tem sede em Blumenau, Santa Catarina, mas que produz vinhos em uma região do Rio Grande do Sul que está em franca expansão: a Serra do Sudeste.

A família Hermann trouxe todo o seu know-how de profundos conhecedores de diversas regiões vinícolas do mundo para a esfera da produção de vinhos, apostando no potencial dos melhores terroirs da região sul do Brasil. Proprietários de uma das maiores importadoras de vinhos de alta qualidade do país, a Decanter, compraram em 2009 um vinhedo de grande vocação em Pinheiro Machado, na Serra do Sudeste no Rio Grande do Sul, plantado com mudas de alta qualidade por um dos viveiros líderes de Portugal.

A assessoria enológica de um dos mais brilhantes enólogos de Portugal, o renomado “rei do Alvarinho” Anselmo Mendes - “Enólogo do Ano” pela Revista de Vinhos de Portugal em 1997 - ao lado do talentoso enólogo Átila Zavarizze, garante a excelência na transformação das uvas promissoras em grandes vinhos brasileiros, com caráter e tipicidade. 

Serra do Sudeste

Localizada no Rio Grande do Sul, entre a Serra Gaúcha, ao norte, e a Campanha, ao sul, a região abrange cerca de trinta municípios, sendo Pinheiro Machado, Encruzilhada do Sul e Piratini são os mais expressivos.

A viticultura na Serra do Sudeste é recente, com as primeiras vinícolas sendo estabelecidas na década de noventa. O produtor Lídio Carraro é considerado um dos pioneiros na região.

O clima da Serra do Sudeste é subtropical, com temperaturas médias mais baixas e com menos chuvas que a Serra Gaúcha. Os solos são de origem granítica, com presença de calcário.

Entre as principais variedades de uvas cultivadas na região vale destacar as tintas Barbera, Alicante Bouschet, Pinot Noir e Merlot, e as brancas Gewurztraminer e Riesling.

O evento

Em uma noite extremamente agradável do dia 10 de fevereiro cheguei ao restaurante Misturaria Fina Mezcla, em Santa Rosa, conhecido bairro de Niterói e logo fui muito bem recepcionado por algumas funcionárias que pessoalmente me conduziu a um local muito bonito e recebido com um grande sorriso nos lábios pela Ane, que é a proprietária da “Niterói Vinhos” e organizadora do evento.

Muito atenciosa e simpática me indicou a mesa que já estava com as ampolas com os vinhos a serem degustados, que foram: Bossa Nº5, um Prosecco, Matiz Plural, Matiz Rosé, Matiz Cabernet Sauvignon e Syrah, o espumante Lírica Crua, o Matiz Alvarinho e o Matiz Touriga Nacional e Cabernet Sauvignon.

Mas antes do inicio da degustação o Paulo, dono do local, do restaurante Misturaria Fina Mezcla recepcionou a cada participante do evento, desejando a todos uma boa estadia, um bom evento, sendo muito atencioso e acalentador.

Paulo na Misturaria Fina Mezcla

Os vinhos

Começamos a noite de degustação com o Bossa Nº5 um delicioso Prosecco ou Glera com um lindo amarelo palha com detalhes esverdeados e uma média concentração de perlages finos! No nariz aromas de frutas de polpa branca, como abacaxi, pera, maçã-verde e discretos e delicados toques cítricos. Na boca é saboroso, elegante, frutado e alguma cremosidade, diria até um toque de fermento, com acidez moderada, com final médio para prolongado.

Logo em seguida veio um dos protagonistas do evento, o Lírica Crua que foi vinificado com as leveduras! Imaginem a complexidade. Composto por 80% de Chardonnay e 20% de Pinot Noir na taça trouxe uma incrível turbidez graças a ação das leveduras, com discretas lágrimas bem finas, além de finos perlages obscurecidos pela turbidez. No nariz é intensa as notas frutadas, frutas brancas, toque de fermento, pão, graças as lias, dando-lhe exuberância. Na boca é complexo, estruturado, diria, mas delicado, ao mesmo tempo é muito cremoso, saboroso, com acidez discreta em sinergia com a sua elegância e excelente persistência.

Seguimos com surpresa do evento, um Alvarinho brasieiro, o Matiz Alvarinho da safra 2018. Na taça um amarelo palha brilhante, tendendo para o dourado, com aroma intenso e notas incríveis de pêssego maduro, de frutas brancas maduras e toques minerais. Na taça é estruturado, complexo e saboroso, mas que revela frescor, a refrescância típica da cepa. Tem uma tosta interessante, um amadeirado bem integrado com a frutas, graças aos 6 meses de barricas de carvalho com um final longo e de retrogosto intenso e frutado.

Continuando nos refrescantes degustei o Matiz Rosé Pinot Noir da safra 2020 que trouxe um rosado claro, translúcido e límpido. Tem uma explosão de frutas vermelhas e amarelas, tais como melão, morango e framboesa, com delicadas notas florais. No paladar é leve, mas com alguma personalidade, as frutas vermelhas e amarelas aparecem com algum protagonismo com uma plena sinergia com a acidez que em destaque faz salivar.

E aí começaram os encorpados, os tintos! E começou em grande estilo e que, para mim, foi um dos melhores rótulos que degustei, o Matiz Plural, que traz um inusitado blend que acredito ser o fornecedor de tanto destaque para o vinho, bem como a sua safra, um 2013 com 9 anos de safra e ainda vivo e pleno, cheio de vida e que poderia evoluir mais e mais. O corte traz Tempranillo, Cabernet Sauvignon, Merlot, Touriga Nacional e Cabernet Franc que taça revelou um vermelho rubi com reflexos violáceos e um tom mais atijolado no seu entorno denunciando seus 9 anos de vida, com muito brilho, com lágrimas grossas e abundantes. No nariz traz notas de frutas pretas maduras, como cereja preta, amora, especiarias são sentidas, um álcool proeminente, mas não é desequilibrado. Notas terrosas e da madeira, além da baunilha. Na boca é estruturado e complexo, mas macio e delicado conferido pelo tempo de safra. Toques de tostado, chocolate e de madeira é percebida graças aos 15 meses de barricas de carvalho, com taninos presentes, mas domados e acidez correta.

Na sequência degustei o Matiz Touriga Nacional (75%) e Cabernet Sauvignon (25%) da jovem safra de 2021. Na taça entregou um vermelho rubi intenso, com lágrimas finas e abundantes. No nariz as frutas pretas e vermelhas maduras sobressaem, com notas de pimentão, graças ao lote da Cabernet Sauvignon, de baunilha e um toque floral, crédito da Touriga Nacional. Na boca é macio, elegante, redondo e equilibrado. As frutas pretas e vermelhas continuam a protagonizar, com taninos finos, mas generosos, com acidez média e final de média persistência.

E, para fechar a noite, veio até nós, enófilos extasiados, o Matiz Cabernet Sauvignon e Syrah, aquele corte tipicamente chileno com a cara do Brasil, com a safra 2013! Na taça um vermelho rubi intenso, brilhante, quase escuro, com lágrimas grossas, no nariz as notas de frutas vermelhas e maduras dão o tom, com toque de pimentão e especiarias, referências da Cabernet Sauvignon e Syrah, respectivamente. Na boca é intenso, estruturado, complexo, mas macio e elegante, o tempo foi gentil e traz versatilidade ao vinho. Taninos gulosos e domados, com ótima acidez que entrega ainda um vinho pleno e vivo aos 9 anos de vida! Madeira bem integrada nota-se baunilha, café, torrefação, graças aos longos 24 meses por barricas de carvalho.

Foi um grande e agradável evento! Que a “Niterói Vinhos” continue a promover a cultura do vinho de que tanto precisamos e que nos brinde com grandes rótulos, com grandes experiências sensoriais. E contamos ainda com a descrição excelente dos rótulos expostos para degustação do sommelier Rafael Fernandes que, entre as degustações, expôs com maestria todas as características dos vinhos da Vinícola Hermann e para maiores informações sobre esse belíssimo produtor leia “Vinícola Hermann”.

















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