Já estava com saudades! Desde 2020 eu não participava de
nenhum evento de degustação de vinho, algo, evidentemente, que eu realmente
adoro! Vinho é a minha vida! Costumo dizer que o que corre em minhas veias é
vinho e não sangue, então não preciso, depois disso, tecer maiores comentários
sobre a importância do vinho em minha vida.
Então eu já estava com saudades desse momento especial que é
participar de um evento de vinhos e não é apenas o prazer em degustar vinhos,
que é, claro, o ápice, mas de ver gente nova que compartilham do mesmo prazer
que o seu, mas do escambo de conhecimento e experiências que não se mensura de
tão especial.
E dessa vez tive a sorte, o privilégio de participar de um
evento desse tipo em minha querida cidade, Niterói, em fevereiro de 2022,
organizado, de forma espetacular por uma nova loja que está apostando
fortemente no mercado de Niterói, que carrega no seu nome o nome dela, da
cidade de Niterói, tamanha é a confiança no potencial e interesse dos enófilos,
a “Niterói Vinhos” que, apesar de estar a pouco tempo nessas terras, vem
fazendo a diferença, sobretudo em minha simples e humilde vida de enófilo.
Já a conhecia antes do evento e já comprei, inclusive alguns rótulos especiais e agora participando de um evento de degustação e que degustação! A degustação foi de alguns rótulos da Vinícola Hermann que não conhecia até então e que me foi apresentada pela Niterói Vinhos e seu agradável evento.
Mas antes de falar do evento, falemos um pouco da Vinícola Hermann que tem sede em Blumenau, Santa Catarina, mas que produz vinhos em uma
região do Rio Grande do Sul que está em franca expansão: a Serra do Sudeste.
A família Hermann trouxe todo o seu know-how de profundos
conhecedores de diversas regiões vinícolas do mundo para a esfera da produção
de vinhos, apostando no potencial dos melhores terroirs da região sul do
Brasil. Proprietários de uma das maiores importadoras de vinhos de alta
qualidade do país, a Decanter, compraram em 2009 um vinhedo de grande vocação
em Pinheiro Machado, na Serra do Sudeste no Rio Grande do Sul, plantado com
mudas de alta qualidade por um dos viveiros líderes de Portugal.
A assessoria enológica de um dos mais brilhantes enólogos de Portugal, o renomado “rei do Alvarinho” Anselmo Mendes - “Enólogo do Ano” pela Revista de Vinhos de Portugal em 1997 - ao lado do talentoso enólogo Átila Zavarizze, garante a excelência na transformação das uvas promissoras em grandes vinhos brasileiros, com caráter e tipicidade.
Serra do Sudeste
Localizada no Rio Grande do Sul, entre a Serra Gaúcha, ao norte, e a Campanha, ao sul, a região abrange cerca de trinta municípios, sendo Pinheiro Machado, Encruzilhada do Sul e Piratini são os mais expressivos.
A viticultura na Serra do Sudeste é recente, com as primeiras
vinícolas sendo estabelecidas na década de noventa. O produtor Lídio Carraro é
considerado um dos pioneiros na região.
O clima da Serra do Sudeste é subtropical, com temperaturas
médias mais baixas e com menos chuvas que a Serra Gaúcha. Os solos são de origem
granítica, com presença de calcário.
Entre as principais variedades de uvas cultivadas na região
vale destacar as tintas Barbera, Alicante Bouschet, Pinot Noir e Merlot, e as
brancas Gewurztraminer e Riesling.
O evento
Em uma noite extremamente agradável do dia 10 de fevereiro
cheguei ao restaurante Misturaria Fina Mezcla, em Santa Rosa, conhecido bairro
de Niterói e logo fui muito bem recepcionado por algumas funcionárias que
pessoalmente me conduziu a um local muito bonito e recebido com um grande sorriso
nos lábios pela Ane, que é a proprietária da “Niterói Vinhos” e organizadora do
evento.
Muito atenciosa e simpática me indicou a mesa que já estava
com as ampolas com os vinhos a serem degustados, que foram: Bossa Nº5, um
Prosecco, Matiz Plural, Matiz Rosé, Matiz Cabernet Sauvignon e Syrah, o
espumante Lírica Crua, o Matiz Alvarinho e o Matiz Touriga Nacional e Cabernet
Sauvignon.
Mas antes do inicio da degustação o Paulo, dono do local, do
restaurante Misturaria Fina Mezcla recepcionou a cada participante do evento,
desejando a todos uma boa estadia, um bom evento, sendo muito atencioso e
acalentador.
Os vinhos
Começamos a noite de degustação com o Bossa Nº5 um delicioso
Prosecco ou Glera com um lindo amarelo palha com detalhes esverdeados e uma
média concentração de perlages finos! No nariz aromas de frutas de polpa
branca, como abacaxi, pera, maçã-verde e discretos e delicados toques cítricos.
Na boca é saboroso, elegante, frutado e alguma cremosidade, diria até um toque
de fermento, com acidez moderada, com final médio para prolongado.
Logo em seguida veio um dos protagonistas do evento, o Lírica
Crua que foi vinificado com as leveduras! Imaginem a complexidade. Composto por
80% de Chardonnay e 20% de Pinot Noir na taça trouxe uma incrível turbidez graças
a ação das leveduras, com discretas lágrimas bem finas, além de finos perlages
obscurecidos pela turbidez. No nariz é intensa as notas frutadas, frutas
brancas, toque de fermento, pão, graças as lias, dando-lhe exuberância. Na boca
é complexo, estruturado, diria, mas delicado, ao mesmo tempo é muito cremoso,
saboroso, com acidez discreta em sinergia com a sua elegância e excelente
persistência.
Seguimos com surpresa do evento, um Alvarinho brasieiro, o
Matiz Alvarinho da safra 2018. Na taça um amarelo palha brilhante, tendendo
para o dourado, com aroma intenso e notas incríveis de pêssego maduro, de
frutas brancas maduras e toques minerais. Na taça é estruturado, complexo e
saboroso, mas que revela frescor, a refrescância típica da cepa. Tem uma tosta
interessante, um amadeirado bem integrado com a frutas, graças aos 6 meses de
barricas de carvalho com um final longo e de retrogosto intenso e frutado.
Continuando nos refrescantes degustei o Matiz Rosé Pinot Noir
da safra 2020 que trouxe um rosado claro, translúcido e límpido. Tem uma
explosão de frutas vermelhas e amarelas, tais como melão, morango e framboesa,
com delicadas notas florais. No paladar é leve, mas com alguma personalidade,
as frutas vermelhas e amarelas aparecem com algum protagonismo com uma plena
sinergia com a acidez que em destaque faz salivar.
E aí começaram os encorpados, os tintos! E começou em grande
estilo e que, para mim, foi um dos melhores rótulos que degustei, o Matiz
Plural, que traz um inusitado blend que acredito ser o fornecedor de tanto
destaque para o vinho, bem como a sua safra, um 2013 com 9 anos de safra e
ainda vivo e pleno, cheio de vida e que poderia evoluir mais e mais. O corte
traz Tempranillo, Cabernet Sauvignon, Merlot, Touriga Nacional e Cabernet Franc
que taça revelou um vermelho rubi com reflexos violáceos e um tom mais
atijolado no seu entorno denunciando seus 9 anos de vida, com muito brilho, com
lágrimas grossas e abundantes. No nariz traz notas de frutas pretas maduras,
como cereja preta, amora, especiarias são sentidas, um álcool proeminente, mas
não é desequilibrado. Notas terrosas e da madeira, além da baunilha. Na boca é
estruturado e complexo, mas macio e delicado conferido pelo tempo de safra.
Toques de tostado, chocolate e de madeira é percebida graças aos 15 meses de
barricas de carvalho, com taninos presentes, mas domados e acidez correta.
Na sequência degustei o Matiz Touriga Nacional (75%) e
Cabernet Sauvignon (25%) da jovem safra de 2021. Na taça entregou um vermelho
rubi intenso, com lágrimas finas e abundantes. No nariz as frutas pretas e
vermelhas maduras sobressaem, com notas de pimentão, graças ao lote da Cabernet
Sauvignon, de baunilha e um toque floral, crédito da Touriga Nacional. Na boca
é macio, elegante, redondo e equilibrado. As frutas pretas e vermelhas
continuam a protagonizar, com taninos finos, mas generosos, com acidez média e
final de média persistência.
E, para fechar a noite, veio até nós, enófilos extasiados, o
Matiz Cabernet Sauvignon e Syrah, aquele corte tipicamente chileno com a cara
do Brasil, com a safra 2013! Na taça um vermelho rubi intenso, brilhante, quase
escuro, com lágrimas grossas, no nariz as notas de frutas vermelhas e maduras
dão o tom, com toque de pimentão e especiarias, referências da Cabernet
Sauvignon e Syrah, respectivamente. Na boca é intenso, estruturado, complexo,
mas macio e elegante, o tempo foi gentil e traz versatilidade ao vinho. Taninos
gulosos e domados, com ótima acidez que entrega ainda um vinho pleno e vivo aos
9 anos de vida! Madeira bem integrada nota-se baunilha, café, torrefação,
graças aos longos 24 meses por barricas de carvalho.
Foi um grande e agradável evento! Que a “Niterói Vinhos”
continue a promover a cultura do vinho de que tanto precisamos e que nos brinde
com grandes rótulos, com grandes experiências sensoriais. E contamos ainda com
a descrição excelente dos rótulos expostos para degustação do sommelier Rafael
Fernandes que, entre as degustações, expôs com maestria todas as
características dos vinhos da Vinícola Hermann e para maiores informações sobre
esse belíssimo produtor leia “Vinícola Hermann”.
Referências:
“Academia do Vinho”: https://www.academiadovinho.com.br/__mod_regiao.php?reg_num=SERRASUDESTE
“Cave br”: https://www.cavebr.com.br/serra-do-sudeste-1
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