sexta-feira, 11 de fevereiro de 2022

Aurora Chardonnay Reserva 2018

 

Há um assunto recorrente e que, de alguma forma, gera certo burburinho por conta de polêmicas eventuais que surgem com cada questão levantada, que são os vinhos premiados ligados à qualidade.

Tem os prêmios de Suckling, de Parker, de grandes eventos e períodos oriundos de centros de excelência da vitivinicultura mundial que enaltece e coloca o vinho no pedestal, no apogeu de sua incontestável qualidade que faz deste um grande rótulo.

E daí os preços sobem a ponto de chegar ao ápice da ganância de cobrar verdadeiras fábulas monetárias para um vinho quando passa a ostentar um prêmio de conceituados formadores de opinião.

É claro que vinhos laureados com prêmios dados por especialistas merecem sim uma atenção e até mesmo um crédito pelos enófilos de plantão, mas sempre pensei, sempre compartilhei da opinião de que vinho não é medalha, tão pouco premiações e que a percepção tem de ser particular.

Degustamos vinhos e não prêmios e o vinho que não tem prêmio não significa que não seja bom. Mas são perspectivas de mercado, muita das vezes, e os prêmios são usados para catapultar as vendas, embora tenha o abuso dos revendedores quando super precificam alguns rótulos.

Mas não podemos negligenciar os prêmios e usá-los como um ponto, uma forma de fomento à escolha ou não em um momento de compra, por exemplo, de um rótulo. E Quando falo em não negligenciar os prêmios, não podemos fazer isso, de forma alguma, com os rótulos da Vinícola Cooperativa Aurora, uma das maiores empresas de vinhos do Brasil e do mundo que, além de fabricar, de produzir vinhos, produz dezenas, centenas de prêmios.

E os rótulos que ostentam os vinhos da Aurora não sofrem acréscimos nos seus valores, àqueles abusivos dos gananciosos. Praticam preços justos, entregando qualidade e tipicidade.

E quando eu falar de um vinho que degustei e gostei da Aurora, do seu preço, inicialmente, ficarão de queixo caído: R$ 29,90! Sim! Um valor de vinhos que, para muitos abastados aristocráticos, é valor de vinho “vagabundo”, que não presta sequer para cozinhar.

Falo do Aurora Chardonnay Reserva, brasileiro da região de Bento Gonçalves, na Serra Gaúcha, na emblemática Serra Gaúcha, da safra 2018. Safra essa que serviu de ilustração do Guia 5StarWines – The Book, da Vinitaly, o maior evento de vinhos da Itália e que neste ano foi cancelado devido a pandemia. A avaliação dos vinhos, no entanto, foi reformulada e aconteceu seguindo às novas diretrizes de saúde e segurança estabelecidas para combater a propagação da covid-19.

As amostras foram enviadas aos juízes em seus respectivos países. As provas foram realizadas às cegas, por videoconferência. Os críticos pontuaram os vinhos e enviaram suas avaliações de forma remota, sob a supervisão de uma equipe sediada em Verona. O vinho da Aurora conquistou 90 pontos. Leia mais em: “Aurora Reserva Chardonnay é destaque em importante guia de vinhos na Itália”.

Mas antes de falar desse vinho, desse Chardonnay maravilhoso da Serra Gaúcha, falemos um pouco dessa região tradicional do Sul do Brasil que merece sempre linhas gerais que vai da história aos elogios incansáveis.

Serra Gaúcha

Situada a nordeste do Rio Grande do Sul, a região da Serra Gaúcha é a grande estrela da vitivinicultura brasileira, destacando-se pelo volume e pela qualidade dos vinhos que produz. Para qualquer enófilo indo ao Rio Grande do Sul, é obrigatório visitar a Serra Gaúcha, especialmente Bento Gonçalves.

Serra Gaúcha

A região da Serra Gaúcha está situada em latitude próxima das condições geoclimáticas ideais para o melhor desenvolvimento de vinhedos, mas as chuvas costumam ser excessivas exatamente na época que antecede a colheita, período crucial à maturação das uvas. Quando as chuvas são reduzidas, surgem ótimas safras, como nos anos 1999, 2002, 2004, 2005 e 2006.

A partir de 2007, com o aquecimento global, o clima da Serra Gaúcha se transformou, surgindo verões mais quentes e secos, com resultados ótimos para a vinicultura, mas terríveis para a agricultura. Desde 2005 o nível de qualidade dos vinhos tintos vem subindo continuamente, graças a esta mudança e também do salto de tecnologia de vinhedos implantado a partir do ano 2000.

O Vale dos Vinhedos, importante região que fica situada na Serra Gaúcha, junto à cidade de Bento Gonçalves, caracteriza-se pela presença de descendentes de imigrantes italianos, pioneiros da vinicultura brasileira. Nessa região as temperaturas médias criam condições para uma vinicultura fina voltada para a qualidade. A evolução tecnológica das últimas décadas aplicada ao processo vitivinícola possibilitou a conquista de mercados mais exigentes e o reconhecimento dos vinhos do Vale dos Vinhedos. Assim, a evolução da vitivinicultura da região passou a ser a mais importante meta dos produtores do Vale.

O Vale dos Vinhedos é a primeira região vinícola do Brasil a obter Indicação de Procedência de seus produtos, exibindo o Selo de Controle em vinhos e espumantes elaborados pelas vinícolas associadas. Criada em 1995, a partir da união de seis vinícolas, a Associação dos Produtores de Vinhos Finos do Vale dos Vinhedos (Aprovale), já surgiu com o propósito de alcançar uma Denominação de Origem. No entanto, era necessário seguir os passos da experiência, passando primeiro por uma Indicação de Procedência.

O pedido de reconhecimento geográfico encaminhado ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) em 1998 foi alcançado somente em 2001. Neste período, foi necessário firmar convênios operacionais para auxiliar no desenvolvimento de atividades que serviram como pré-requisitos para a conquista da Indicação de Procedência Vale dos Vinhedos (I.P.V.V.). O trabalho resultou no levantamento histórico, mapa geográfico e estudo da potencialidade do setor vitivinícola da região. Já existe uma DOC (Denominação de Origem Controlada) na região.

O Vale dos Vinhedos foi a primeira região entregue aos imigrantes italianos, a partir de 1875. Inicialmente desenvolveu-se ali uma agricultura de subsistência e produção de itens de consumo para o Rio Grande do Sul. Devido à tradição da região de origem das famílias imigrantes, o Veneto, logo se iniciaram plantios de uvas para produção de vinho para consumo local. Até a década de 80 do século XX, os produtores de uvas do Vale dos Vinhedos vendiam sua produção para grandes vinícolas da região. A pouca quantidade de vinho que produziam destinava-se ao consumo familiar.

Esta realidade mudou quando a comercialização de vinho entrou em queda e, consequentemente, o preço da uva desvalorizou. Os viticultores passaram então a utilizar sua produção para fazer seu vinho e comercializá-lo diretamente, tendo assim possibilidade de aumento nos lucros.

Para alcançar este objetivo e atender às exigências legais da Indicação Geográfica, seis vinícolas se associaram, criando, em 1995, a Associação dos Produtores de Vinhos Finos do Vale dos Vinhedos (Aprovale). Atualmente, a Aprovale conta com 24 vinícolas associadas e 19 associados não produtores de vinho, entre hotéis, pousadas, restaurantes, fabricantes de produtos artesanais, queijarias, entre outros. As vinícolas do Vale dos Vinhedos produziram, em 2004 9,3 milhões de litros de vinhos finos e processaram 14,3 milhões de kg de uvas viníferas.

Bento Gonçalves

Em 1875 inicia a imigração italiana na Encosta Superior do Nordeste, originando as colônias de Dona Isabel, Conde D’Eu e Nova Palmira. A colônia de Dona Isabel originou a cidade de Bento Gonçalves. Conde D’Eu originou a cidade de Garibaldi. Nova Palmira se tornou a cidade de Caxias do Sul.

A Colônia Dona Isabel (Bento Gonçalves), criada em 1870, já era conhecida como “Região da Cruzinha” devido a uma cruz rústica cravada sobre a sepultura de um possível tropeiro ou traçador de lotes coloniais. Era época do escambo, da troca de mercadoria por mercadoria. A Colônia Dona Isabel sediava um pequeno comércio, no qual os tropeiros faziam paradas para descanso.

Bento Gonçalves antigo

Em 24 de dezembro de 1875, os núcleos do Planalto começaram a receber novos imigrantes. Em março de 1876, o Presidente do Estado José Antonio de Azevedo Castro anunciava a existência de 348 lotes medidos e demarcados e uma população de 790 pessoas, sendo 729 italianos. Os pioneiros, vindos do Tirol Austríaco e Vêneto chegaram à esplanada onde hoje está situada a Igreja Matriz Cristo Rei.

A troca, compra e venda de produtos era feita na sede da colônia, após longas caminhadas por estreitas picadas (trilhas abertas no meio da mata) demarcadas pelos próprios imigrantes. Entre os imigrantes havia ferreiros, sapateiros, marceneiros, alfaiates, carpinteiros, entre outros profissionais que estabeleceram seus negócios dentro de suas especialidades, atendendo às necessidades locais.

O surgimento das construções das casas, os instrumentos de trabalho e o mercado foram acompanhando o desenvolvimento de Colônia Dona Isabel e também as exigências que se apresentavam. Frente ao desenvolvimento, as condições das estradas foram melhorando e surgiram as primeiras carretas. Em cinco anos, houve um acréscimo de quatro mil habitantes, entre nascimentos e novos imigrantes.

Em 1881, inicia a abertura da primeira estrada de rodagem, ligando a Colônia Dona Isabel a São João de Montenegro (hoje Montenegro). O início do povoamento foi marcado por inúmeras dificuldades. Em 1877 a Colônia Dona Isabel sediava três casas comerciais, duas padarias, uma fábrica de chapéus e um total de 40 casas comerciais, que ofereciam serviços e produtos diversos em todo o território da colônia.

O desmembramento da Colônia Dona Isabel do município de Montenegro foi oficializado pelo ‘Acto’ 474, de 11 de outubro de 1890, assinado por Cândido Costa, o que constituiu o município de Bento Gonçalves. O nome foi dado em homenagem ao general Bento Gonçalves da Silva, chefe da Revolução Farroupilha, ocorrida no Rio Grande do Sul de 1835 a 1845.

Bento Gonçalves deu seu primeiro impulso de progresso com a vinda da agência do Banco Nacional do Comércio e Banco de Pelotas. Entre os anos de 1919 e 1927, foi feita a instalação da luz elétrica e da estação transformadora e da rede de distribuição. Na foto a raça Walter Galassi em 1922, quando era chamada de Praça Centenário. O local foi inaugurado durante as comemorações do centenário da independência do Brasil.

E 1924 foi fundado o Hospital Dr. Bartholomeu Tacchini. Na época o Dr. Barthomoleu Tacchini, médico vindo da Itália, era um dos principais médicos do Estado, com enorme prestígio especialmente junto à população de origem italiana. Em 1950, a população era de 22.600 habitantes. As principais atividades econômicas eram as do setor agrícola. Contudo, começaram a surgir várias indústrias, como de acordeões, laticínios, móveis, curtume, fábrica de sulfato e vinícolas.

Em 1967 Bento Gonçalves passa por uma grande transformação, considerada um marco histórico. Com a colaboração de dinâmicas lideranças e a ajuda de toda a comunidade, surge a I Fenavinho, a Festa Nacional do Vinho. O município foi visitado pela primeira vez por um Presidente da República, o Marechal Humberto de Alencar Castelo Branco visitou Bento Gonçalves e a I Fenavinho no dia 25 de fevereiro de 1967. O principal produto e a força da economia de Bento Gonçalves foram divulgados em todo o Brasil, tornando a cidade conhecida nacional e internacionalmente. O município descobre a sua vocação para o turismo de negócios e começa a sediar eventos de grande porte.

A cidade de Bento Gonçalves é conhecida como a ‘Capital Brasileira da Uva e do Vinho’, é reconhecida pela força de sua economia e como um importante pólo industrial e turístico do sul do Brasil.

Além de ser uma cidade com perfil empreendedor e povo trabalhador, a cidade se destaca na área turístia. Atividades ligadas à área do enoturismo, turismo de negócios e de eventos oferece cada vez mais opções ao visitante. A cidade oferece uma diversidade de rotas turísticas . Os indicadores de desenvolvimento e renda da cidade colocam Bento Gonçalves em destaque no Estado e no país quanto à qualidade de vida.

A cidade de Bento Gonçalves é um polo moveleiro e vitivinícola conhecido nacional e internacionalmente. Dentro do segmento indústria, o setor moveleiro é a grande força da economia. No segmento turístico são inúmeros os atrativos ligados à uva e ao vinho, o que torna Bento Gonçalves uma cidade de visita obrigatória na conhecida Região Turística “Uva e Vinho” situado na Serra Gaúcha.

Bento Gonçalves é pioneira no Brasil no desenvolvimento do Enoturismo. A cada ano Bento Gonçalves vem se consolidando como destino turístico nacional. O Vale dos Vinhedos é o principal destino enoturístico do Brasil, sendo o roteiro mais visitado desde 2008. Foi a primeira região do país reconhecida como Indicação Geográfica, obtendo para seus produtos a Indicação de Procedência, e a seguir a Denominação de Origem ‘Vale dos Vinhedos’ para os vinhos e espumantes ali produzidos. O Vale dos Vinhedos integra oficialmente o patrimônio histórico e cultural do Estado do Rio Grande do Sul desde 29 de junho de 2012 (Projeto de Lei 44/2012).

E agora finalmente o vinho!

Na taça revela um lindo tom amarelo brilhante tendendo para o dourado e reflexos esverdeados, além de algumas finas lágrimas em pequena intensidade.

No nariz explode em aromas frutados, com frutas de polpa branca e cítricas, tais como maçã-verde, pera, maracujá e abacaxi.

Na boca tem média estrutura, graças ao seu sabor amanteigado, um toque untuoso que traz um bom volume de boca e com discretas notas tostadas, de baunilha, graças aos 3 meses de passagem por barricas de carvalho em pleno equilíbrio com o frutado com uma acidez correta que atenua seu frescor. Final longo!

Prêmios, reconhecimento, qualidade, preços justos! Todos esses predicados são inerentes ao Aurora Reserva Chardonnay 2018, mas, mais importante ainda é o deleite sensorial que esse vinho me provocou! Foi de fato um arrebatamento aos meus sentidos esse Chardonnay brasileiro. Aos Chardonnays brasileiros que vêm entregando, de forma indelével, maravilhas. Mas esse Chardonnay da Aurora traz uma intensidade de aromas e sabores frutados, de amanteigado, de untuosidade, de tosta graças ao curto tempo de passagem por barricas de carvalho, dando-lhe arrojo, certa complexidade e versatilidade. Um grande vinho, antes de qualquer prêmio! Tem 13% de teor alcoólico.

Sobre a Vinícola Cooperativa Aurora:

A Vinícola Aurora é um sonho compartilhado por imigrantes que enfrentaram os mais diversos problemas quando chegaram ao Rio Grande do Sul. Com a veia colaborativa, a empresa cresceu e se tornou um dos expoentes do vinho gaúcho. A história da cooperativa começou em 1931, quando famílias de produtores de uvas do município de Bento Gonçalves, na Serra Gaúcha, com pouco dinheiro, mas com muita vontade de prosperar, reuniram-se para lançar a pedra fundamental da empresa.

Na primeira colheita, foram contabilizados 317 mil quilos de uva. Hoje, quase 85 anos depois, a empresa processa mais 60 toneladas da fruta e tem 1.100 famílias associadas. A biografia da Aurora, desde as suas raízes, é permeada por números de sucesso. No cerne da vinícola há solidariedade entre os pares, se no início do século os imigrantes italianos se uniram para produzir com maior força e formar uma rede de ajuda mútua, hoje, não é diferente. É nesse universo, da produção em sociedade, que a Revista Sabores adentra para desmitificar as oito décadas da empresa.

No Centro de Bento Gonçalves, local que abriga a histórica Cantina da empresa. De longe é possível ver a grande movimentação, não só de trabalhadores de vinícola, mas, principalmente, de turistas. Pioneira em abrir as portas aos visitantes, a cada ano, a Aurora recebe 150 mil pessoas em suas instalações. É uma multidão de curiosos querendo saber como são produzidos os 232 rótulos da empresa.

Ao percorrer os corredores da vinícola, o visitante conhece em detalhes todas as etapas para a elaboração de um vinho. Desde as esteiras que recebem as uvas na época de colheita, até as pipas gigantes com mais de 50 anos de uso. Não só os produtos alcoólicos que movimentam a cooperativa. A linha de produção ainda tem coolers e suco de uvas. O suco da marca Casa de Bento, produzido pela vinícola, é um dos mais vendidos da empresa. Do total de uvas processadas, 60% viram suco.

Hoje, bem no coração de Bento Gonçalves, a Vinícola Aurora é a maior do Brasil. Mais de 1.100 famílias se associaram à cooperativa, sendo a produção orientada por técnicos que, diariamente, estão em contato com o produtor – fornecendo toda a assistência necessária. A equipe técnica se responsabiliza pelo acompanhamento permanente do processo industrial e pela qualidade final dos produtos, sempre com a atenção voltada para o desenvolvimento de uma tecnologia de ponta.

A conquista da posição que ocupa há mais de duas décadas foi possível graças à constante modernização de seu parque industrial, à alta tecnologia de suas unidades e aos rigorosos padrões exigidos nos processos de produção. O cuidado extremo com a rotina produtiva, observado a partir da plantação das mudas ao engarrafamento do produto, faz parte da receita de crescimento constante do empreendimento durante todos esses anos.

Mais informações acesse:

http://www.vinicolaaurora.com.br/br

Referências:

“Revista Adega”: https://revistaadega.uol.com.br/artigo/os-segredos-da-merlot-cepa-mais-consistente-da-serra-gaucha_10653.html

“Academia do Vinho”: https://www.academiadovinho.com.br/__mod_regiao.php?reg_num=SERRAGAUCHA

“Bento Tur”: https://bento.tur.br/nossa-historia-bento-goncalves/


 

 

 

 













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