sábado, 2 de abril de 2022

Dark Horse Cabernet Sauvignon 2017

 

Sempre foi muito difícil, sobretudo para aqueles desprovidos de algum dinheiro, degustar os vinhos californianos, os vinhos dos Estados Unidos. Admitamos que ainda é complicado degusta-los por conta do alto valor, então quando surge uma oportunidade para tê-los em nossa adega e consequentemente em nossa taça, sem dúvida é um momento único, importante.

Oportunidade! Acredito ferozmente que essa palavra tem de ser efetivada no universo dos vinhos. Não temos que comprar vinhos por demanda, por modismos ou qualquer coisa que seja, mas por oportunidade.

Digo isso porque estamos em um período obscuro, mais complicado, principalmente para nós enófilos. Os vinhos estão aumentando, vertiginosamente, de preço. O dólar alto, o custo Brasil, tarifas, burocracias que só travam a disseminação da cultura do vinho em nossas terras e os californianos, os rótulos dos Estados Unidos não ficam atrás dessa realidade difícil.

E esse vinho que degustei e gostei, da Califórnia, foi o que chamei à época de uma oportunidade singular. Embora o rótulo seja, de acordo com os altos preços dos vinhos dessa região, barato, abaixo dos 3 dígitos de valor! Mas ainda assim muito caro para os padrões de consumo do brasileiro, do cidadão comum.

De um valor na faixa dos R$ 85, com alguns descontos e os famosos “cashbacks” que tinham à disposição eu o comprei à época por, pasmem, 34,90! Sim! R$ 34,90! Por isso que sempre compartilhei da questão da oportunidade para comprar uma garrafa de vinho e isso exige paciência, tranquilidade e serenidade para esperar. Às vezes você tem aquela vontade para comprar aquele vinho que há tempos está de olho, mas a oportunidade precisa ter como diria aquele Jedi famoso.

Então sem mais delongas façamos as devidas apresentações: o vinho que degustei e gostei veio da ensolarada Califórnia, nos Estados Unidos, e se chama Dark Horse da casta Cabernet Sauvignon da safra 2017. E apesar de ser uma casta já, diria, “corriqueira” nas mesas dos enófilos, a Cabernet Sauvignon, é sempre um prazer degusta-la, nas suas mais diversas facetas, nos mais diversos terroirs e da Califórnia traz o frescor das frutas vermelhas maduras, com a personalidade marcante e esse não foi diferente.

Mas antes de falar do Dark Horse, falemos um pouco da região emblemática da Califórnia, uma das localidades para a produção de vinho mais importante do Novo Mundo.

Califórnia

A Califórnia é o maior produtor de vinhos entre os estados americanos e sua vinicultura remonta a meados do século 19. Uma das maiores e melhores regiões produtoras de vinhos no Novo Mundo, assim é tida a Califórnia por especialistas e amantes da bebida dos deuses.

Depois dos três países mais tradicionais na vitivinicultura internacional, França, Itália e Espanha, o estado americano é o maior produtor de vinho no mundo, isto é, a quarta potência no que se refere ao cultivo, produção e comercialização da bebida em todo o planeta.

Os números são impressionantes: o ensolarado estado da costa oeste norte-americana é responsável por mais de 90% da produção vinícola dos Estados Unidos, e, todo o ano, recebe a visita de cerca de 20 milhões de pessoas em suas principais regiões produtoras, que além de tudo oferecem ótimas alternativas de turismo para os apreciadores do vinho.

Mas a importância da Califórnia no universo vinícola não está apenas nesses grandes números; os vinhos californianos são conhecidos, respeitados e prestigiados por serem de extrema qualidade, tintos complexos e encorpados, e brancos deliciosos produzidos a partir de uva bem maduras. O clima mediterrâneo, o frescor do vento constante, o sol imponente que às vezes dá lugar a chuvas bem localizadas, aliado às particularidades privilegiadas do solo em território cortado por pequenos vales dão à região um valor qualitativo muito alto para os vinhos lá produzidos.

Seu território é uma sucessão de pequenos vales, cada um com particularidades de clima e solo, criando um celeiro de terroirs propícios ao desenvolvimento de vinhos de qualidade.

As regiões californianas mais importantes são Napa Valley e Sonoma Valley, seguidas por Mendoncino e Lake Counties, situadas em direção norte a partir da cidade de São Francisco. Outras regiões californianas de destaque são Monterey, Paso Robles, Russian River Valley, Dry Creek Valley, Alexander Valley, San Luis Obispo, Santa Barbara, Santa Clara Valley, Lodi e Woodbridge.

Califórnia

Napa é conhecida mundialmente pela qualidade de seus vinhos. Ali se encontram mais de 500 vinícolas, tornando-a a mais densa região vinícola do mundo! Várias delas realizam trabalhos reconhecidos de enologia, produzindo vinhos ícones de prestígio mundial. O território de Napa é estreito, ladeado por colinas vulcânicas baixas.

Sonoma é um núcleo de 50 x 50 km, marcado por amplas planícies, colinas suaves e partes da costa do Pacífico, encontrando-se ali mais de 300 vinícolas. Aqui a vinicultura é de menor escala, com os principais produtores fornecendo uvas para vinícolas de alto nível. O clima é mais fresco que o de Napa, com variações a cada micro-região. As brisas marinhas e neblinas são características das áreas costeiras.

Napa Valley e Sonoma Valley são as duas principais regiões de produção vinícola na Califórnia, somente nelas existem mais de 800 vinícolas. A região da Napa concentra o maior numero de vinícola no mundo, e produz vinhos de categoria elevada; a região de Sonoma, por sua vez, é conhecida por fornecer uvas de grande qualidade para a produção de vinhos em outras regiões. Mendocino, Monterey, Paso Robles, Russian River Valley, Dry Creek Valley, Alexander Valley também são regiões vitivinicultoras bastante conhecidas na Califórnia.

História

As primeiras videiras plantadas na Califórnia foram trazidas por missionários franciscanos espanhóis no século XVIII, e, até o século XIX, foram eles que continuaram a cultivar uvas na região, produzindo vinhos para serem utilizados em seus ritos. Aos poucos, durante esse quase um século de plantio ligado à Igreja, a viticultura foi se espalhando em todo o estado, transformando-o no reduto da produção de vinho no país.

Na segunda metade do século XIX, com a chamada Corrida do Ouro, a costa oeste dos Estados Unidos teve um aumento populacional significativo e a demanda por vinho acompanhou esse crescimento. Não demorou para que a área para o plantio e cultivo das uvas aumentasse exponencialmente, assim como os investimentos nos vinhedos, que fez com o que a produção de vinhos se estabelecesse definitivamente na região. Em 1870, as principais vinícolas da Califórnia hoje conhecidas mundialmente já existiam, e produzindo vinhos de qualidade.

Devido à ligação com os missionários da Igreja Católica, a primeira variedade de uva cultivada na Califórnia ficou conhecida como Mission Grape.

Mission San Gabriel

A vinícola mais antiga da Califórnia, que remonta a 1771, é este pequeno edifício, na foto acima, na parte traseira da antiga Missão de San Gabriel no sul da Califórnia. Sob este abrigo, índios supervisionados pelos Padres da Missão pressionavam uvas em pisos de pedra ainda intactos.

Ainda no final do século XIX, por volta de 1890, a praga conhecida como Phylloxera Vastatrix, que devastou grande parte dos vinhedos ao redor do mundo, chegou à Califórnia, e freou a indústria vinícola na região. Logo em seguida, no começo do XX, com a proibição legal de bebidas alcoólicas nos Estados Unidos, muitas vinícolas foram obrigadas a fechar, os números que antes eram promissores decaíram de forma significativa. Mas, apesar de alguns anos de recessão, esses dois problemas sérios que tiveram impacto negativo na produção de vinhos na Califórnia foram superados e já no período da segunda grande guerra, a produção de vinhos se recuperou.

De maneira geral, o clima na Califórnia pode ser classificado como tipicamente mediterrâneo com dias ensolarados e noites frescas, mas grande parte dessas regiões tem seu micro clima específico, o que facilita o cultivo de uvas ou produção de tipo de vinhos também de forma muito específica e particular; cada região acaba se especializando em uma determinada variedade de uva ou vinho por causa disso. A região de Santa Barbara, por exemplo, é conhecida por suas tintas Pinot Noit e Syrah, apesar de cultivar a branca Chardonnay de forma bem sucedida.

A Califórnia vem construindo grande prestígio para seus vinhos tintos ricos e encorpados e brancos barricados feitos com uvas bem maduras. As principais uvas tintas utilizadas são Cabernet Sauvignon, Merlot e Zinfandel - esta tida como parente próxima da Primitivo italiana e considerada patrimônio nacional - mas ultimamente a Syrah e a Cabernet Franc têm crescido em resultados.

A variedade de uva branca dominante é a Chardonnay, quase um ícone dos vinhos americanos, mas vale citar a presença da White Zinfandel, que produz vinhos leves e simples.

E agora finalmente o vinho!

Na taça revela um vermelho rubi intenso, escuro, com lágrimas finas, numerosas e que se dissipam vagarosamente, marcando o bojo.

No nariz traz uma explosão aromática de frutas negras bem maduras: ameixa, amora, groselha negra são os destaques, com notas amadeiradas, trazendo chocolate e baunilha, além de especiarias, tabaco, diria, pimenta.

Na boca é seco, volumoso, cheio, estruturado, mas é cadenciada pela maciez das notas frutadas, as notas de madeira em destaque, mas muito bem integrado ao conjunto do vinho, sendo equilibrado e macio, com toques de torrefação, café. Tem taninos polidos, aveludados, boa acidez e um final untuoso, prolongado, persistente.

Um privilégio degustar um vinho californiano depois de muito tempo sem fazê-lo. Um vinho com uma tipicidade única, que evidencia, em sua garrafa, o que entrega a emblemática região da Califórnia com seus micro climas específicos, com as suas castas volumosas, corpulentas, mas frutadas e cheias de vida, de plenitude. E com tudo isso ainda degustar um vinho concebido por uma enóloga, por uma mulher chamada Beth Liston, mostrando que a mulher pode sim, com sua sensibilidade, se emancipar e trazer novas percepções ao mercado vitivinícola.

Beth Liston

Um vinho que vai guardar grandes e memoráveis lembranças pela sua drincabilidade, pela sua personalidade, pela sua versatilidade, pela sua importância de representar uma tradicional e emblemática região de produção de vinho. Tem 13,5% de teor alcoólico.

Sobre a Dark Horses Wines:

Primeiramente, Dark Horse Wine é uma marca de vinhos da Califórnia, propriedade da gigante das bebidas e maior exportadora de vinhos da Califórnia, a E. & J. Gallo. Dessa forma, ela faz uma série de vinhos tintos e brancos de variedades populares da   Califórnia, como Cabernet Sauvignon, Pinot Noir, Merlot, Sauvignon Blanc e Chardonnay.

a essência da vinícola Dark Horse é ter uma coleção de vinhos ousados ​​e saborosos produzidos na Califórnia, nos Estados Unidos, que quebram a regra de que “se não for caro, não é um bom vinho”.

O sucesso dos produtos tem por trás uma enóloga renomada, que tem como princípio a qualidade: Beth Liston que cresceu em localidades onde vinhedos praticamente fazem parte do caminho. E sendo assim, o envolvimento com a vitivinicultura acabou se tornando um caminho natural.

A inovação sempre fez parte do DNA da Dark Horse, pois foi com ela que originou a venda de vinhos em lata no Brasil, por exemplo, e embora a forma de consumir a bebida já faça sucesso entre os jovens americanos há algum tempo, foi por intermédio do Dark Horse em lata que os brasileiros passaram a conhecer e ter acesso a esses produtos.

Mais informações acesse:

https://www.darkhorsewine.com/

Referências:

“Academia do Vinho”: https://www.academiadovinho.com.br/__mod_regiao.php?reg_num=CALIFORNIA

“Clube dos Vinhos”: https://www.clubedosvinhos.com.br/california-o-paraiso-dos-vinhos-no-novo-mundo/

 








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