Definitivamente me tornou um apaixonado pelos rótulos da
África do Sul! E paixão talvez não seja a palavra ideal para definir esse
sentimento, afinal, paixão é efêmera e o meu “caso” com os vinhos da terra de
Mandela são de intenso amor.
O que era no passado, a cerca de 20 anos atrás,
aproximadamente, um cenário de difícil acesso desses rótulos e os poucos que
ofertavam no nosso mercado consumidor, eram caros, hoje o cenário é totalmente
distinto e para melhor, finalmente!
Coloco a África do Sul como uma das principais regiões
vitivinícolas do Novo Mundo, por conta, claro, da tipicidade de seus vinhos, e
sem dúvida também por conta do atraente custo X benefício dos seus rótulos que
chegam em nossas terras.
E a Pinotage se tornou a casta emblemática do país e que
difunde a vitivinicultura daquele país, mas não é apenas da variedade tinta
manipulada em laboratório que faz a fama da África do Sul.
Há excelentes rótulos da casta Cabernet Sauvignon e Syrah,
por exemplo, entre as tintas e Chenin Blanc, Sauvignon Blanc entre as cepas
brancas. Há uma diversidade de castas atualmente sendo produzidas e com
tipicidade na África do Sul.
E a vez hoje é da rainha das uvas tintas, a Cabernet
Sauvignon! Então sem mais delongas vamos às apresentações do vinho! Ele, como disse,
é da África do Sul, da Região de Coastal, e se chama Tormentoso, da casta Cabernet
Sauvignon da safra 2016! Sim! Um vinho com seus sete anos de garrafa! O que
esperar?
De acordo com algumas boas experiências que tive com os
rótulos sul-africanos, sim eles evoluem bem com essa idade, sobretudo aqueles
que estagiam por um razoável período em barricas de carvalho e claro dependendo
também das características da cada cepa.
E há ainda outro detalhe que me chamou atenção, ou melhor
dizendo, me animou: a região! Costal é tida como a “pedra fundamental” da
produção de vinhos na África do Sul. Então para variar falemos um pouco da
região e a sua importância para a cultura vitivinícola da África do Sul que
está situada em Western Cape.
Western Cape: a toda poderosa região vinícola sul africana
Localizada a sudoeste da África do Sul, tendo a Cidade do
Cabo como ponto central, Western Cape é a principal região vitivinícola do
país, responsável por cerca de 90% da produção vinícola do país.
Boa parte da indústria do vinho sul-africana se concentra
nessa área e microrregiões como Stellenbosch e Paarl são alguns de seus
principais destaques. Com terroir bastante diversificado, a combinação do clima
mediterrâneo, da geografia montanhosa, das correntes de ar fresco vindas do
Oceano Atlântico e da variedade de uvas permite que Western Cape seja
considerada uma verdadeira potência da produção de vinhos no país.
Suas regiões vinícolas estendem-se por impressionantes 300
quilômetros a partir da Cidade do Cabo até a foz do rio Olifants ao norte, e
cerca de 360 quilômetros até a Baía Mossel, a leste – para entender essa
grandiosidade, vale saber que regiões vinícolas raramente se estendem por mais
de 150 quilômetros.
O clima fresco e chuvoso também favorece o plantio e a
colheita por toda a região. Entre os grandes destaques de Western Cape estão as
uvas Pinotage, Cabernet Sauvignon e Shiraz, que dão origem a excelentes
varietais e blends. Entre os brancos – que, por si só, têm grande
reconhecimento mundial –, brilham a Chenin Blanc, uva mais cultivada do país, a
Chardonnay e a Sauvignon Blanc.
As primeiras vinhas plantadas na região remetem ao século
XVII, trazidas por exploradores europeus que se fixaram por lá. Durante vários
séculos, fatores como o estilo rudimentar de produção, o Apartheid e a falta de
investimentos mantiveram a cultura vitivinícola sul-africana limitada ao
próprio país.
Somente no início do século XX, com a formação da cooperativa
KWV, que a África do Sul começou a responder por todo o controle de qualidade
do vinho que se produzia por lá, e seus rótulos passaram a chamar a atenção do
mercado internacional, dando início a um processo de exportação que conta,
inclusive, com selos de qualidade específicos para a atividade.
A proximidade da Cidade do Cabo facilita o acesso dos
visitantes às inúmeras rotas vinícolas e turísticas de Western Cape, que
incluem experiências como caminhadas, degustações por suas muitas bodegas, além
de ótimos restaurantes e hospedagens em suas pequenas e aconchegantes cidades,
a maioria em estilo europeu.
Coastal Region
A indústria vitivinícola da África do Sul tem suas origens na
Coastal Region, mais especificamente nas áreas de Constantia e Stellenbosch, onde
se iniciou a história vitivinícola do país.
E foi Simon Van Der Stel, segundo governador do Cabo, quem
cultivou pela primeira vez uma fazenda vitivinícola em Constantia, além de ser
o responsável por fundar a cidade de Stellenbosch em 1679.
Coastal Region é uma referência na viticultura da África do
Sul, graças à diversidade de áreas vitivinícolas, à perfeita adaptação das
principais variedades e às condições de cultivo.
Essa região é considerada a mais importante em termos de
cultivo de vinhedo. E tem uma longa história na elaboração de grandes e
prestigiados vinhos. Trata-se de uma das 6 regiões vitícolas inclusas em
Western Cape. Que ao mesmo tempo se subclassifica em 7 regiões: Cape Point;
Darling; Paarl; Stellenbosch; Swartland; Tulbagh e Tygerberg.
Mesmo sendo seu clima descrito como principalmente
mediterrâneo, os ventos dos oceanos Atlântico e Índico, junto com a influência
da montanha, combinam-se para produzir condições algo extremas em algumas áreas
da região, aproximando mais sua viticultura de um modelo de clima frio, como o
da Nova Zelândia ou o do norte da Europa, ampliando a gama de mesoclimas na
região.
E agora finalmente o vinho!
Na taça revela um rubi intenso, escuro, com halos atijolados
denotando os sete anos de garrafa, com lágrimas grossas, lentas e em profusão.
No nariz traz aromas envolventes de frutas pretas maduras,
com destaque para amoras, ameixa preta, quase em compota, com as notas
amadeiradas em evidência, mas muito bem integrada, graças aos 15 meses em
barricas de carvalho, que entregam chocolate, defumado, leve tosta, com o
herbáceo, o pimentão, típico da Cabernet Sauvignon.
Na boca é seco, macio, elegante, graças aos sete anos de
garrafa, mostrando-se redondo, mas com muita personalidade, revelando
equilíbrio. As notas frutadas são perceptíveis, como no aspecto olfativo, com a
madeira protagonizando, trazendo taninos amáveis e domados, mas gulosos, com acidez
incrivelmente proeminente e salivante e um final de média persistência e de
retrogosto frutado.
“Tormentoso” faz referência ao Cabo da Boa Esperança que,
primitivamente era conhecido como “Cabo das Tormentas”, sendo batizado por
Bartholomeu Dias, devido as várias tempestades (tormentas) que aconteciam e
ainda, claro, acontecem nesse ponto no Sul da África do Sul. Tudo indica que a
Rainha de Portugal não gostou do nome, mudando para o que conhecemos hoje. Mais
uma vez a prova cabal de que a história anda de mãos dadas com o vinho, a
cultura não é só da vinificação. Um vinho macio, elegante, complexo, com notas
frutadas, de frutas maduras, como tem de ser os bons sul-africanos com essa característica.
Tem 13,5% de teor alcoólico.
Sobre a MAN Family Wines:
"Tudo começou como um plano simples: fazer um vinho que
adoraríamos comprar", assim começa a história da MAN Family Wines com a
missão dos irmãos Tyrrel e Philip Myburgh, além de José Conde, que começaram a
fazer vinho juntos em 2001.
Eles também são apoiados por um grupo de viticultores da
região de Agter-Paarl. Das primeiras 300 caixas feitas em um galpão de trator,
a empresa cresceu para produzir mais de 175.000 caixas por ano e exportar para
25 países. Seus vinhos mais vendidos são Chenin blanc e Cabernet Sauvignon, mas
a área também é conhecida por Shiraz e Pinotage.
Depoimentos dos fundadores:
Como jovens produtores
de vinho em 2001, às vezes lutávamos para encontrar vinhos decentes que
pudéssemos pagar. Meu irmão Philip e eu estávamos envolvidos com a vinícola de
nossa família (Joostenberg Wines) e José estava ocupado com a dele (Stark-Condé
Wines).
Não estávamos procurando garrafas de rockstar que custam uma fortuna. Mas tínhamos padrões bastante elevados (em nossa opinião) e queríamos vinhos que pudéssemos desfrutar com nossos amigos, a maioria dos quais também trabalhava na indústria do vinho.
Nós éramos geeks do vinho que precisavam de um vinho todos os dias. Vimos um nicho no mercado e começamos a trabalhar, mas primeiro tivemos que pensar em um nome para este novo projeto. Para manter a paz nas famílias, pegamos as iniciais de nossas esposas (cada um de nós tem uma esposa!) — e foi assim que explicamos a Marie, Anette e Nicky que estaríamos “ocupados” na maioria dos fins de semana. "É para você!" Nós dissemos a eles. Imediatamente começamos a trabalhar em um antigo galpão de trator e naquele primeiro ano fizemos um total de 600 caixas de Pinotage.
Tyrrel Myburgh, co-fundador.
Desde o início, nos
concentramos em buscar as melhores uvas. Nunca se tratou de um equipamento
novinho em folha ou de uma adega sofisticada. Tyrrel e eu costumávamos passear
olhando os vinhedos todo fim de semana, conversando com os viticultores.
Na verdade, foi Tyrrel
quem fez a maior parte das primeiras negociações - fiquei para trás no caminhão
porque, como um americano com sotaque forte, não era a pessoa mais adequada
para convencer os fazendeiros de que merecíamos suas uvas. Era importante ganhar
sua confiança se quiséssemos ganhar seus melhores frutos.
Quando finalmente
encontramos nosso fundamento, o projeto MAN tornou-se uma colaboração com os
produtores de uva, e hoje eles são acionistas de nossa empresa. Temos muita
sorte de estar em parceria com agricultores experientes que cultivam
coletivamente algumas das melhores vinhas velhas de Chenin Blanc do país. Estou
muito otimista sobre o potencial dos vinhos sul-africanos no mercado mundial.
José Conde, co-fundador.
Mais informações acesse:
Referências:
“Wikipedia”: https://pt.wikipedia.org/wiki/Cabo_da_Boa_Esperan%C3%A7a
“Revista Sociedade da Mesa”: https://revista.sociedadedamesa.com.br/2017/02/coastal-region-origem-da-viticultura-na-africa-do-sul/
“Vinho Virtual”: https://www.vinhovirtual.com.br/regioes-12-Coastal-Region
“Revista Adega”: https://revistaadega.uol.com.br/artigo/quais-sao-principais-areas-vinicolas-da-africa-do-sul_11990.html
“Vinho Capital”: https://vinhocapital.com/tag/wine/page/3/
“Wine ZO”: https://wine.co.za/wine/wine.aspx?WINEID=41878