sexta-feira, 30 de junho de 2023

Tormentoso Cabernet Sauvignon 2016

 

Definitivamente me tornou um apaixonado pelos rótulos da África do Sul! E paixão talvez não seja a palavra ideal para definir esse sentimento, afinal, paixão é efêmera e o meu “caso” com os vinhos da terra de Mandela são de intenso amor.

O que era no passado, a cerca de 20 anos atrás, aproximadamente, um cenário de difícil acesso desses rótulos e os poucos que ofertavam no nosso mercado consumidor, eram caros, hoje o cenário é totalmente distinto e para melhor, finalmente!

Coloco a África do Sul como uma das principais regiões vitivinícolas do Novo Mundo, por conta, claro, da tipicidade de seus vinhos, e sem dúvida também por conta do atraente custo X benefício dos seus rótulos que chegam em nossas terras.

E a Pinotage se tornou a casta emblemática do país e que difunde a vitivinicultura daquele país, mas não é apenas da variedade tinta manipulada em laboratório que faz a fama da África do Sul.

Há excelentes rótulos da casta Cabernet Sauvignon e Syrah, por exemplo, entre as tintas e Chenin Blanc, Sauvignon Blanc entre as cepas brancas. Há uma diversidade de castas atualmente sendo produzidas e com tipicidade na África do Sul.

E a vez hoje é da rainha das uvas tintas, a Cabernet Sauvignon! Então sem mais delongas vamos às apresentações do vinho! Ele, como disse, é da África do Sul, da Região de Coastal, e se chama Tormentoso, da casta Cabernet Sauvignon da safra 2016! Sim! Um vinho com seus sete anos de garrafa! O que esperar?

De acordo com algumas boas experiências que tive com os rótulos sul-africanos, sim eles evoluem bem com essa idade, sobretudo aqueles que estagiam por um razoável período em barricas de carvalho e claro dependendo também das características da cada cepa.

E há ainda outro detalhe que me chamou atenção, ou melhor dizendo, me animou: a região! Costal é tida como a “pedra fundamental” da produção de vinhos na África do Sul. Então para variar falemos um pouco da região e a sua importância para a cultura vitivinícola da África do Sul que está situada em Western Cape.

Western Cape: a toda poderosa região vinícola sul africana

Localizada a sudoeste da África do Sul, tendo a Cidade do Cabo como ponto central, Western Cape é a principal região vitivinícola do país, responsável por cerca de 90% da produção vinícola do país.

Boa parte da indústria do vinho sul-africana se concentra nessa área e microrregiões como Stellenbosch e Paarl são alguns de seus principais destaques. Com terroir bastante diversificado, a combinação do clima mediterrâneo, da geografia montanhosa, das correntes de ar fresco vindas do Oceano Atlântico e da variedade de uvas permite que Western Cape seja considerada uma verdadeira potência da produção de vinhos no país.

Suas regiões vinícolas estendem-se por impressionantes 300 quilômetros a partir da Cidade do Cabo até a foz do rio Olifants ao norte, e cerca de 360 quilômetros até a Baía Mossel, a leste – para entender essa grandiosidade, vale saber que regiões vinícolas raramente se estendem por mais de 150 quilômetros.

Western Cape

O clima fresco e chuvoso também favorece o plantio e a colheita por toda a região. Entre os grandes destaques de Western Cape estão as uvas Pinotage, Cabernet Sauvignon e Shiraz, que dão origem a excelentes varietais e blends. Entre os brancos – que, por si só, têm grande reconhecimento mundial –, brilham a Chenin Blanc, uva mais cultivada do país, a Chardonnay e a Sauvignon Blanc.

As primeiras vinhas plantadas na região remetem ao século XVII, trazidas por exploradores europeus que se fixaram por lá. Durante vários séculos, fatores como o estilo rudimentar de produção, o Apartheid e a falta de investimentos mantiveram a cultura vitivinícola sul-africana limitada ao próprio país.

Somente no início do século XX, com a formação da cooperativa KWV, que a África do Sul começou a responder por todo o controle de qualidade do vinho que se produzia por lá, e seus rótulos passaram a chamar a atenção do mercado internacional, dando início a um processo de exportação que conta, inclusive, com selos de qualidade específicos para a atividade.

A proximidade da Cidade do Cabo facilita o acesso dos visitantes às inúmeras rotas vinícolas e turísticas de Western Cape, que incluem experiências como caminhadas, degustações por suas muitas bodegas, além de ótimos restaurantes e hospedagens em suas pequenas e aconchegantes cidades, a maioria em estilo europeu.

Coastal Region

A indústria vitivinícola da África do Sul tem suas origens na Coastal Region, mais especificamente nas áreas de Constantia e Stellenbosch, onde se iniciou a história vitivinícola do país.

E foi Simon Van Der Stel, segundo governador do Cabo, quem cultivou pela primeira vez uma fazenda vitivinícola em Constantia, além de ser o responsável por fundar a cidade de Stellenbosch em 1679.

Coastal Region é uma referência na viticultura da África do Sul, graças à diversidade de áreas vitivinícolas, à perfeita adaptação das principais variedades e às condições de cultivo.

Essa região é considerada a mais importante em termos de cultivo de vinhedo. E tem uma longa história na elaboração de grandes e prestigiados vinhos. Trata-se de uma das 6 regiões vitícolas inclusas em Western Cape. Que ao mesmo tempo se subclassifica em 7 regiões: Cape Point; Darling; Paarl; Stellenbosch; Swartland; Tulbagh e Tygerberg.

Mesmo sendo seu clima descrito como principalmente mediterrâneo, os ventos dos oceanos Atlântico e Índico, junto com a influência da montanha, combinam-se para produzir condições algo extremas em algumas áreas da região, aproximando mais sua viticultura de um modelo de clima frio, como o da Nova Zelândia ou o do norte da Europa, ampliando a gama de mesoclimas na região.

E agora finalmente o vinho!

Na taça revela um rubi intenso, escuro, com halos atijolados denotando os sete anos de garrafa, com lágrimas grossas, lentas e em profusão.

No nariz traz aromas envolventes de frutas pretas maduras, com destaque para amoras, ameixa preta, quase em compota, com as notas amadeiradas em evidência, mas muito bem integrada, graças aos 15 meses em barricas de carvalho, que entregam chocolate, defumado, leve tosta, com o herbáceo, o pimentão, típico da Cabernet Sauvignon.

Na boca é seco, macio, elegante, graças aos sete anos de garrafa, mostrando-se redondo, mas com muita personalidade, revelando equilíbrio. As notas frutadas são perceptíveis, como no aspecto olfativo, com a madeira protagonizando, trazendo taninos amáveis e domados, mas gulosos, com acidez incrivelmente proeminente e salivante e um final de média persistência e de retrogosto frutado.

“Tormentoso” faz referência ao Cabo da Boa Esperança que, primitivamente era conhecido como “Cabo das Tormentas”, sendo batizado por Bartholomeu Dias, devido as várias tempestades (tormentas) que aconteciam e ainda, claro, acontecem nesse ponto no Sul da África do Sul. Tudo indica que a Rainha de Portugal não gostou do nome, mudando para o que conhecemos hoje. Mais uma vez a prova cabal de que a história anda de mãos dadas com o vinho, a cultura não é só da vinificação. Um vinho macio, elegante, complexo, com notas frutadas, de frutas maduras, como tem de ser os bons sul-africanos com essa característica. Tem 13,5% de teor alcoólico.

Sobre a MAN Family Wines:

"Tudo começou como um plano simples: fazer um vinho que adoraríamos comprar", assim começa a história da MAN Family Wines com a missão dos irmãos Tyrrel e Philip Myburgh, além de José Conde, que começaram a fazer vinho juntos em 2001.

Eles também são apoiados por um grupo de viticultores da região de Agter-Paarl. Das primeiras 300 caixas feitas em um galpão de trator, a empresa cresceu para produzir mais de 175.000 caixas por ano e exportar para 25 países. Seus vinhos mais vendidos são Chenin blanc e Cabernet Sauvignon, mas a área também é conhecida por Shiraz e Pinotage.

Depoimentos dos fundadores:

Como jovens produtores de vinho em 2001, às vezes lutávamos para encontrar vinhos decentes que pudéssemos pagar. Meu irmão Philip e eu estávamos envolvidos com a vinícola de nossa família (Joostenberg Wines) e José estava ocupado com a dele (Stark-Condé Wines).

Não estávamos procurando garrafas de rockstar que custam uma fortuna. Mas tínhamos padrões bastante elevados (em nossa opinião) e queríamos vinhos que pudéssemos desfrutar com nossos amigos, a maioria dos quais também trabalhava na indústria do vinho.

Nós éramos geeks do vinho que precisavam de um vinho todos os dias. Vimos um nicho no mercado e começamos a trabalhar, mas primeiro tivemos que pensar em um nome para este novo projeto. Para manter a paz nas famílias, pegamos as iniciais de nossas esposas (cada um de nós tem uma esposa!) — e foi assim que explicamos a Marie, Anette e Nicky que estaríamos “ocupados” na maioria dos fins de semana. "É para você!" Nós dissemos a eles. Imediatamente começamos a trabalhar em um antigo galpão de trator e naquele primeiro ano fizemos um total de 600 caixas de Pinotage.

Tyrrel Myburgh, co-fundador.

Desde o início, nos concentramos em buscar as melhores uvas. Nunca se tratou de um equipamento novinho em folha ou de uma adega sofisticada. Tyrrel e eu costumávamos passear olhando os vinhedos todo fim de semana, conversando com os viticultores.

Na verdade, foi Tyrrel quem fez a maior parte das primeiras negociações - fiquei para trás no caminhão porque, como um americano com sotaque forte, não era a pessoa mais adequada para convencer os fazendeiros de que merecíamos suas uvas. Era importante ganhar sua confiança se quiséssemos ganhar seus melhores frutos.

Quando finalmente encontramos nosso fundamento, o projeto MAN tornou-se uma colaboração com os produtores de uva, e hoje eles são acionistas de nossa empresa. Temos muita sorte de estar em parceria com agricultores experientes que cultivam coletivamente algumas das melhores vinhas velhas de Chenin Blanc do país. Estou muito otimista sobre o potencial dos vinhos sul-africanos no mercado mundial.

José Conde, co-fundador.

Mais informações acesse:

https://manwines.com/

Referências:

“Wikipedia”: https://pt.wikipedia.org/wiki/Cabo_da_Boa_Esperan%C3%A7a

“Revista Sociedade da Mesa”: https://revista.sociedadedamesa.com.br/2017/02/coastal-region-origem-da-viticultura-na-africa-do-sul/

“Vinho Virtual”: https://www.vinhovirtual.com.br/regioes-12-Coastal-Region

“Revista Adega”: https://revistaadega.uol.com.br/artigo/quais-sao-principais-areas-vinicolas-da-africa-do-sul_11990.html

“Vinho Capital”: https://vinhocapital.com/tag/wine/page/3/

“Wine”: https://www.wine.com.br/winepedia/enoturismo/western-cape-a-gigante-sul-africana/?doing_wp_cron=1611015613.7245669364929199218750#:~:text=Localizada%20a%20sudoeste%20da%20%C3%81frica,alguns%20de%20seus%20principais%20destaques.

“Wine ZO”: https://wine.co.za/wine/wine.aspx?WINEID=41878

 

 

 

  




domingo, 25 de junho de 2023

Quinta dos Bárrios bruto

 

Quando nos lembramos de espumante é impossível não referenciá-los aos nossos rótulos brasileiros! Inegavelmente os nossos espumantes está em um patamar altíssimo, sem discussões ufanistas.

E além da qualidade, da tipicidade dos nossos espumantes, a melhor harmonização com os espumantes é o nosso clima, quente, tropical, é o clima de calor humano que somente o povo brasileiro possui.

Assim é o espumante brasileiro! Um dos melhores borbulhas do mundo, extremamente solar e descontraído, mesmo que, alguns rótulos, algumas propostas descortinem vinhos complexos e de grande longevidade.

E falo com todo o devido respeito aos nossos “concorrentes”, tais como o Prosecco italiano, os cavas espanhóis, o famosíssimo Champagne etc. Coloco, sem medo de errar, que os nossos espumantes podem figurar entre esses ícones aqui mencionados.

Mas já que falei dos grandes borbulhantes espalhados pelo globo terrestre, hoje, pelo que denuncia, não degustarei um espumante brasileiro, falei deles apenas por uma referência, por serem tão especiais, mas de um espumante lusitano! Sim, um espumante português!

Não podemos nos deixar enganar e pensar que não tenha grandes espumantes produzidos na terrinha, pois tem sim, e os grandiosos vêm da bela e necessária Bairrada, que fica no coração de Portugal.

A terra da casta Baga, que também desfila em protagonismos em alguns espumantes feitos por lá, fazem bebidas borbulhantes extremamente vibrantes, de grande acidez e de marcante personalidade. Lembro-me do meu primeiro espumante bairradino que degustei com sete anos de garrafa, sim, sete anos!

E estava vivo, pleno e intenso em seus aromas e sabores. Falo do Bom Caminho Baga 2013 e que, depois de algum tempo, de um longo tempo, finalmente irei degustar o meu terceiro espumante português, mas dessa vez, oriundo do Beira Atlântico, onde a Região Demarcada da Bairrada está.

Depois me aventurei no meu segundo espumante lusitano, dessa vez da Região do Beira atlântico, onde a Região Demarcada da Bairrada está. Falo do Colinas de Ançã bruto. Mais uma experiência incrível! Esse é da Adega de Cantanhede, vinícola cooperativada muito famosa em nossas terras por trazer rótulos da Bairrada e do Beira Atlântico a preços competitivos.

Agora partirei para o meu terceiro espumante português, também do IG Beira Atlântico, mas da Casa de Sarmento, vinícola que, nos anos 1980 começou como um restaurante especializado em leitão assado, na região bairradina da Mealhada e logo adquiriu terras na própria Bairrada e Alentejo.

O vinho que degustei e gostei veio, como disse, do Beira Atlântico e se chama Quinta dos Barríos bruto (brut) composto pelas castas Maria Gomes, Bical e Chardonnay e não é safrado.

Antes de falar, com requintes de detalhes, do vinho, para não perder o costume falemos um pouco de história e de alguns conceitos que, de alguma forma, pode nos descortinar algumas propostas e percepções do vinho degustado em questão. Falemos do método tradicional e da região do Beira Atlântico.

O método natural do espumante ou champenoise

O método tradicional consiste principalmente em uma dupla fermentação do mosto, a primeira em grandes recipientes, e a segunda em garrafas, dentro das caves ou adegas, fazendo o processo de remuage (rotação das garrafas) regularmente.

A primeira fermentação, chamada fermentação alcoólica, é idêntica à que ocorre com os vinhos comuns, ou seja, os “não efervescentes”, ditos tranquilos. O vinho básico costuma ser vinificado em tanques de concreto, aço inoxidável ou madeira, mas alguns produtores preferem fazer a vinificação em barricas de carvalho (com muitos anos de uso).

No momento de engarrafar, a esse vinho básico, é acrescentado um composto denominado liqueur de tirage, uma solução de vinho adoçado com açúcar (de cana ou beterraba) ou suco de uva concentrado (aproximada 24 g/l de açúcar) e leveduras selecionadas, para iniciar a segunda fermentação.

Esse composto, dentro garrafa, provoca o início da segunda fermentação. É ela que gera as bolhas de dióxido de carbono, fruto da transformação química dos açúcares em álcool mais gás carbônico.

A garrafa então é tapada com uma cápsula metálica parecida com as de cerveja. Contudo, nessa segunda fermentação, ocorre o surgimento de borras que deverão ser retiradas do vinho. Assim, o próximo passo é conduzir o vinho para o período de descanso em garrafa, que pode ser de pouco mais de um ano chegando até 10 anos, ou mais. Normalmente os Champagne safrados, ou millésimes, permanecem mais tempo em garrafa antes de serem lançados ao mercado.

Para retirar as borras, faz-se a remuage. O processo consiste em dispor as garrafas em cavaletes especiais, ditos pupitres, com o gargalo para baixo. A cada dia, as garrafas são giradas em um quarto de volta. Isso tem como objetivo descolar as borras (resíduos) da parede da garrafa e fazê-las descer para o gargalo. Em muitos lugares, essa prática é feita ainda manualmente, enquanto os grandes produtores já o fazem com equipamentos automatizados, como os giropalets.

Finalmente, para retirar o depósito de borra, é realizada a degola (dégorgement, em francês). Para tal, congela-se o gargalo em um preparado de salmoura a 25ºC negativos. Nesse momento, a cápsula é retirada e a borra é expulsa pelo gás sob pressão. A pequena perda de volume de vinho é substituída por uma mistura de vinho e açúcar, chamado licor ou vinho de dosagem, também conhecido, principalmente na França, como liqueur d’expédition.

Normalmente, esse licor é um composto de vinho (de reserva), açúcar e SO2, como antioxidante e antimicrobiano. Sua função, além de recompor o volume da garrafa, é definir o estilo do espumante conforme a concentração de açúcar. Essa quantidade de açúcar presente no licor vai determinar se o espumante de método champenoise será Brut Nature (menos de 3 g/l), Extra-Brut (até 6 g/l), Brut (menos de 12 g/l), Extra-Sec (entre 12 e 17 g/l), Sec (entre 17 e 32 g/l), Demi Sec (entre 32 e 50 g/l) ou Doux (mais de 50 g/l). E há também alguns produtores que não utilizam o licor de expedição.

Nos últimos anos, muitas vinícolas passaram a produzir espumantes do tipo Nature. Essa bebida nobre extrai o sabor mais puro das uvas e do processo de fermentação, criando um resultado surpreendente.

Nature

O Nature passa pelo método tradicional de produção, conhecido como champenoise. Contudo, a diferença é que a categoria não passa pela etapa de correção de sabor – momento em que um licor de expedição, feito a partir do próprio vinho e do açúcar, é adicionado na bebida.

O interessante desse espumante é que ele geralmente vai ter uma qualidade maior de ingredientes. Como não passa pela correção de sabor, é importante que seja feito com perfeição.

Para ganhar o título de Nature, a bebida precisa conter até 3 gramas de açúcar por litro, enquanto o Brut pode conter entre 6 e 15 gramas por litro. Por isso, o sabor do espumante é mais seco. O tempo de maturação do vinho também é maior, o que resulta em um volume de boca considerável. Ou seja: é mais cremoso do que os outros estilos. Normalmente as variedades utilizadas para esse tipo de espumante é a Chardonnay e a Pinot Noir.

Beira Atlântico

A produção de vinho na região remonta ao tempo dos romanos, fazendo disso prova os diversos lagares talhados nas rochas graníticas (lagares antropomórficos), onde na época o vinho era produzido. Já nos reinados de D. João I e de D. João III, respectivamente, foram tomadas medidas de proteção para os vinhos desta área do país, dadas a sua qualidade e importância social e econômica.

A tradição destes vinhos remonta ao reinado de D. Afonso Henriques, que autorizou a plantação das vinhas na região, com a condição de ser dada uma quarta parte do vinho produzido. Estendendo-se desde o Minho ate a Alta Estremadura, e uma região de agricultura predominantemente intensiva e multicultural, de pequena propriedade, aonde a vinha ocupa um lugar de destaque e a qualidade dos seus vinhos justifica o reconhecimento da DOC "Bairrada".

Beira Atlântico

Os solos são de diferentes épocas geológicas, predominando os terrenos pobres que variam de arenosos a argilosos, encontrando-se também, com frequência, franco-arenosos. A vinha e cultivada predominantemente em solos de natureza argilosa e argilo-calcaria. Os Invernos são longos e frescos e os Verões quentes, amenizados por ventos de Oeste e de Noroeste, que com maior frequenta e intensidade se faz sentir nas regiões mais próximas do mar.

A região da Bairrada situa-se entre Agueda e Coimbra, delimitada a Norte pelo rio Vouga, a Sul pelo rio Mondego, a Leste pelas serras do Caramulo e Bucaco e a Oeste pelo oceano Atlântico. E uma região de orografia maioritariamente plana, com vinhas que raramente ultrapassam os 120 metros de altitude, que, devido a sua planura e a proximidade do oceano, goza de um clima temperado por uma fortíssima influencia atlântica, com chuvas abundantes e temperaturas médias comedidas. Os solos dividem-se preponderantemente entre os terrenos argilo-calcários e as longas faixas arenosas, consagrando estilos bem diversos consoantes à predominância de cada elemento.

Integrada numa faixa litoral submetida a uma fortíssima densidade populacional, a propriedade rural encontra-se dividida em milhares de pequenas parcelas, com dimensões medias de exploração que raramente ultrapassam um hectare de vinha, favorecendo a presença de grandes adegas cooperativas e de grandes empresas vinificadoras, a par de um conjunto de produtores engarrafadores que muito dignificam a região.

As fronteiras oficiais da Bairrada foram estabelecidas em 1867, por Antônio Augusto de Aguiar, tendo sido das primeiras regiões nacionais a adoptar e a explorar os vinhos espumantes, uma vez que na região, o clima fresco, úmido e de forte ascendência marítima favorece a sua elaboração, oferecendo uvas de baixa graduação alcoólica e acidez elevada, condição indispensável para a elaboração dos vinhos espumantes.

Integrada numa faixa litoral submetida a uma fortíssima densidade populacional, a propriedade rural encontra-se dividida em milhares de pequenas parcelas, com dimensões medias de exploração que raramente ultrapassam um hectare de vinha, favorecendo a presença de grandes adegas cooperativas e de grandes empresas vinificadoras, a par de um conjunto de produtores engarrafadores que muito dignificam a região.

As fronteiras oficiais da Bairrada foram estabelecidas em 1867, por Antônio Augusto de Aguiar, tendo sido das primeiras regiões nacionais a adoptar e a explorar os vinhos espumantes, uma vez que na região, o clima fresco, úmido e de forte ascendência marítima favorece a sua elaboração, oferecendo uvas de baixa graduação alcoólica e acidez elevada, condição indispensável para a elaboração dos vinhos espumantes.

E agora finalmente o vinho!

Na taça revela um lindo amarelo dourado, com reflexos esverdeados, brilhantes, com prolíficas quantidades de perlages bem finas e incríveis manifestações de lágrimas finas e rápidas que desenham grande parte do copo.

No nariz traz abundantes aromas citrinos, de frutas de polpa branca, frutas maduras, como pêssego, pera, toranja, laranja, limão, tangerina e agradáveis notas de panificação, de inusitados tostados, de pão, fermento, além de um delicado floral. O método clássico trouxe complexidade no aroma. Algo de especiarias e mineral são percebidos também.

Na boca é seco, fresco, intenso, de volumosa personalidade, um espumante cheio, untuoso, saboroso, porém leve, frutado e extremamente gastronômico, se mostrando muito versátil e equilibrado, com destaque para a acidez instigante e poderosa, que faz salivar e pedir por comida. Tem um final frutado, longo e de muita persistência.

E mais uma vez, me surpreendo, deliciosamente, com um espumante português! Não é a toa que os melhores espumantes de Portugal estão concentrados na Bairrada e no Beira Atlântico. Com apelo regional que é muito vívido nos rótulos portugueses enalteço também a tipicidade desse espumante que entrega vivacidade, frescor, mas personalidade, notas frutadas, juntamente com uma acidez envolvente, instigante, com um corte delicioso de Maria Gomes, Bical e da francesa Chardonnay, mostrando que os lusitanos produzem bons espumantes. Tem 12,5% de teor alcoólico.

Sobre a Casa de Sarmento:

A história da Casa de Sarmento começa em 1980, no coração da Região Demarcada da Bairrada, com a abertura de um restaurante especializado em leitão assado. Ao longo de 36 anos de dedicação, o restaurante chamado Meta dos Leitões deu origem a uma cadeia de restauração com vários espaços em diversos pontos do país.

A aquisição de duas propriedades no Alentejo, Avis e Castelo de Vide, e uma na região da Bairrada, Mealhada, permite tornar a Casa de Sarmento autossuficiente na produção de vinhos e espumantes, de azeite e na produção agrícola e pecuária.

Atualmente, mais de 80% do que se consome em cada um dos restaurantes passa pela produção própria, garantindo qualidade e segurança desde a origem até à mesa – dos leitões criados nas melhores terras alentejanas aos produtos hortícolas produzidos nas abundantes terras da região da Bairrada.

Para a produção de vinhos e espumantes a Casa de Sarmento apostou em duas frentes, tão distintas como complementares. Vinhas no coração da Região Demarcada da Bairrada e vinhas no Alentejo, na sub-região de Portalegre. Na Bairrada, as vinhas com solos argilo-calcários e o clima influenciado pelo Atlântico são o local perfeito para que as castas Touriga Nacional, Baga, Jean, Merlot e Cabernet Souvignon proporcionem tintas com características especiais e diferenciadas.

Para vinhos brancos frescos e espumantes de eleição se aposta nas castas Bical, Maria Gomes e Chardonnay. No Alentejo, na sub-região Portalegre, em vinhas cuidadosamente tratadas, as castas Aragonês, Trincadeira Preta, Periquita, Alicante Bouschet e Touriga Nacional, permitem criar vinhos com alma e carácter, encorpados e ao mesmo tempo suaves, que tão bem evidenciam as características de um bom vinho Alentejano.

A Herdade da Defesa de Barros, localizada no concelho norte alentejano de Avis, pertenceu à histórica Ordem de Avis, organização de natureza religiosa e militar inicialmente dependente da Ordem espanhola de Calatrava e que em 1211 se autonomizou quando D. Afonso II doou aos freires o lugar de Avis para que aí erguessem um castelo e o povoassem.

O seu primeiro mestre foi Fernão de Anes (1196-1219), a quem se deve a edificação da vila e do castelo e o último, Fernão Rodrigues de Sequeira, que morreu em 1433 e repousa no interior da igreja conventual. A grande personalidade da Ordem seria D. João, Mestre de Avis, filho bastardo de D. Pedro I, elevado ao trono de Portugal por vontade do seu povo após o interregno de 1383-1385. 

O nome da Ordem ficou para sempre ligado à Dinastia de Avis, a mais notável das dinastias portuguesas, a quem se deve toda a estratégia que levou Portugal a optar por uma vocação de expansão atlântica que culminaria nos Grandes Descobrimentos. Os membros da Ordem usavam um manto branco com cordões até aos pés e uma cruz verde rematada com flores de lis, insígnia da Ordem.

Mais informações acesse:

https://www.facebook.com/CasadeSarmento

Referências:

Revista Adega: https://revistaadega.uol.com.br/artigo/champenoise-tradicional-ou-classico-os-metodos-de-fazer-champagne_11987.html

Gaúcha ZH: https://gauchazh.clicrbs.com.br/destemperados/bebidas/noticia/2017/10/nature-um-espumante-puro-ckboenhcu004dmmslca2k2gtc.html

“IVV”: https://www.ivv.gov.pt/np4/503/




 









sexta-feira, 23 de junho de 2023

Venta Real Gran Reserva Tempranillo 2013

 

Tenho me aventurado, o que atualmente não é uma grande novidade, pelos vinhos espanhóis, mas não apenas em uma ou duas regiões, daquelas mais famosas e faladas pelos especialistas e influenciadores dos vinhos, mas aquelas pouco desbravadas que geralmente são observadas com certo preconceito, rejeição.

Principalmente quando se fala nos “vinhos de volume”! Talvez esteja sendo inocente ou aquele que não quer olhar para uma suposta realidade geralmente engendrada e construída por um segmento que tem forte influência no vinho, mas o fato que já degustei alguns rótulos com essa concepção, muito interessantes.

E uma dessas regiões na Espanha é Castilla La Mancha. É a região que mais produz vinhos naquele país, e parece ser uma heresia falar de vinhos dessa região por aqui no Brasil, só valendo se for Rioja, Priorat ou Ribera del Duero. Mas será que somente esses são bons?

Evidente que são regiões emblemáticas, tradicionais, importantes e que merecem seu lugar de destaque e importância, mas penso ser uma temeridade negligenciar as outras tantas regiões da Espanha e olhe que são muitas!

Castilla La Mancha traz vários terroirs divididos em algumas microrregiões e uma vem ganhando alguma repercussão aqui em nossas terras, falo de Valdepenãs. Acredito que a região teve o descortinar no Brasil por intermédio da linha “Pata Negra”, lembro-me bem disso. Mas apesar do sucesso desses rótulos a região ainda não tem aquela representatividade e credibilidade no Brasil.

Porém atualmente temos tido algumas opções de rótulos da região e o exemplo são os vinhos da Bodega Fernando Castro. Trata-se de uma das mais antigas vinícolas administradas pela mesma família desde 1850 em toda Castilla La Mancha. História tem e bons vinhos também. Degustei o El Artista Gran Reserva e Raíces Gran Reserva, ambos da safra 2012, e surpreenderam pela elegância e complexidade.

E dessa vez mais um rótulo Gran Reserva e de idade: Um 2013! Já com seus dez anos de garrafa! Mais um espanhol e com anos de garrafa, uma combinação que confesso me excitar quando vou degustar e antes, na decisão de compra. Não preciso dizer da animação em tê-lo em taça.

Dessa vez será um 100% Tempranillo! Adoro os vinhos que levam essa variedade e que passam, estagiam por longo tempo em barricas de carvalho, simplesmente, definitivamente a Tempranillo se dá muito bem com a madeira e adquiri uma complexidade, estrutura e personalidade como poucas.

Então vamos às apresentações do vinho! O vinho que degustei e gostei veio de Valdepenãs, localizada na região espanhola de Castilla La Mancha, e se chama Venta Real, um Gran Reserva da safra 2013, com a casta Tempranillo. E para não perder o costume, vamos de história, vamos de Valdepenãs.

Valdepeñas

A D.O. Valdepeñas fica ao sul de Castilla La Mancha no centro da Espanha. Trata-se de uma região muito propícia para o cultivo da vinha, com um clima continental de baixo índice pluviométrico, e que registra temperaturas extremas, com máximas que superam os 40°C, e mínimas que podem ser inferiores a -10°C.

Os solos, pobres em matéria orgânica e de baixa fertilidade, obrigam as raízes das videiras a se desenvolverem, a se aprofundarem e a se fortalecerem. Nesse cenário, cultivam-se uvas que alcançam boa maturação, e que são capazes de produzir vinhos muito estruturados, complexos, aromáticos e de coloração muito profunda.

Valdepenas

Os solos, pobres em matéria orgânica e de baixa fertilidade, obrigam as raízes das videiras a se desenvolverem, a se aprofundarem e a se fortalecerem. Nesse cenário, cultivam-se uvas que alcançam boa maturação, e que são capazes de produzir vinhos muito estruturados, complexos, aromáticos e de coloração muito profunda.

Anualmente, são produzidos cerca de 57 milhões de litros de vinho rotulados com a denominação Valdepeñas, sendo que quase 40% da produção são destinadas à exportação da Espanha para outros países.

A grande maioria dos vinhos de Valdepeñas, cerca de 77% deles, são tintos. Os brancos representam cerca de 18%, e os rosés de Valdepeñas, tradicionalmente famosos, representam apenas 5%.

A notoriedade de Valdepeñas encontra sua origem em vinhos rosés do passado, que foram lentamente dando lugar a tintos elegantes, sempre aveludados e frutados, que podem ser jovens ou envelhecidos em barris de carvalho.

A variedade mais importante de Valdepeñas é sem dúvida, a Tempranillo, que também é conhecida nessa região como Cencibel. Outras uvas autorizadas para cultivo em Valdepeñas são as tintas Garnacha, Cabernet Sauvignon, Merlot, Syrah e Petit Verdot, além das brancas Airén, Macabeo, Chardonnay, Sauvignon Blanc, Moscatel de Grano Menudo e Verdejo.

Denominação de Origem e história

A Denominação de Origem Valdepeñas nasceu em 1932 conforme consta do Estatuto do Vinho, a produção de vinho na região remonta ao século V aC, como comprovam os estudos científicos do sítio ibérico "Cerro de las Cabezas" localizado geograficamente dentro da área que hoje é a sua área de produção.

DO Valdepenas

Foi em 1968 que a Denominação de Origem Valdepeñas foi dotada do seu primeiro regulamento, que durou até 2009, altura em que se constituiu como Associação Interprofissional, criando o quadro de trabalho entre produtores e adegas, pela qualidade diferenciada no processo de viticultura e a produção e engarrafamento dos seus vinhos.

Apesar de ser mundialmente reconhecida como "Denominação de Origem Valdepeñas", sua área de produção inclui dez municípios: Valdepeñas, Alcubillas, Moral de Calatrava, San Carlos del Valle, Santa Cruz de Mudela, Torrenueva, parte do distrito Torre de Juan Abad, Granátula de Calatrava, Alhambra e Montiel.

E agora finalmente o vinho!

Na taça apresenta um rubi intenso, quase escuro, com halos granada, com lágrimas finas, lentas e em profusão que desenham o bojo do copo.

No nariz mostrou-se tímido nos aromas no início da degustação, mas foi abrindo e ao volatizar mostrou notas discretas de frutas maduras, já em compota, com a presença marcante da madeira, graças aos 18 meses em barricas de carvalho, que entrega um tostado, especiarias, tabaco, couro e algo de terra molhada.

Na boca revela maciez, elegância, mas dosada a uma boa complexidade, garantindo alguma personalidade, uma boa evolução aos dez anos de idade. A madeira protagoniza em convergência com as frutas maduras, com toques de chocolate, de carvalho. Tem taninos com alguma presença, mas maduros, domados, com acidez discreta e um final de média persistência.

O Venta Real Gran Reserva é um vinho complexo, a madeira protagoniza, porém juntamente com as notas frutadas, o que é incrível aos 10 anos de vida. Um vinho macio, redondo, equilibrado, entregando a elegância típica de vinhos como esse. Não esperem peso, estrutura ou algo que o valha, afinal 18 meses de barricas de carvalho trará afinamento, trará complexidade e estrutura, não peso. E o mais gratificante é degustar um vinho em uma faixa de preço extremamente acessível. É possível sim degustar um Gran Reserva espanhol com um valor competitivo e que atinja sim a todos os níveis sociaisl. Democratizemos a cultura do vinho! Tem 13% de teor alcoólico.

Sobre a Bodegas Fernando Castro:

A Bodegas Fernando Castro foi fundada em 1850, é a mais antiga adega CLM sob a direção da mesma família. A família Castro começou a produzir vinhos brancos e tintos a partir de uvas cultivadas na sua propriedade em Santa Cruz de Mudela, seguindo os métodos tradicionais da região.

A adega Fernando Castro está localizada no centro nevrálgico da Denominação de Origem Valdepeñas. Localizada no extremo sul do planalto ibérico e bem delimitada pela planície de La Mancha a norte, os campos de Montiel a leste, Calatrava a oeste e Serra Morena a sul, Santa Cruz de Mudela preserva o património cultural e gastronómico de A Mancha.

A região contém uma abundância de solos calcários, arenosos e argilosos (avermelhados), atravessados pelo rio Jabalón e bronzeados pelo sol. Terrenos com um clima continental marcado de temperaturas extremas e baixa pluviosidade, onde as temperaturas podem ultrapassar os 40ºC e descer abaixo dos -10ºC.

Viticultores por tradição familiar, Bodegas Fernando Castro tem 380 hectares de vinhas aninhadas em torno da Finca Los Altos, supervisionadas pessoalmente pela família Castro. Os seus vinhos expressam a personalidade de uma região única, situada a 705 metros de altitude e com um clima de temperaturas extremas, os seus solos são pobres em matéria orgânica e de baixa fertilidade, condição ideal para o cultivo da vinha.

Mais de 2.500 horas de sol por ano se traduzem em uvas bem maduras e vinhos com maior intensidade de cor, estrutura ideal e poder aromático.

Atualmente, duas gerações da família Castro trabalham juntas, com o apoio inestimável de grandes profissionais que contribuem para a produção, processamento, envelhecimento e comercialização dos seus vinhos, utilizando instalações modernas, confortáveis ​​e funcionais.

Na última década, alargaram a sua gama de produtos a setores novos e emergentes como os vinhos espumantes, vinhos não alcoólicos, vinhos Kosher, vinhos biológicos e até sangrias, garantindo os mesmos níveis de qualidade e serviço nestes novos produtos.

Todos os anos os vinhos são premiados nos mais prestigiados concursos internacionais do mundo, como Berliner Wein Thophy, Mundus Vini, Sakura Japan Awards ou o Best Wine-in-Box da França.

Mais informações acesse:

https://bodegasfernandocastro.es/              

Referências:

“Vinos Valdepeñas”: https://vinosvaldepenas.com/denominacion/

“Bardot Vinhos e Artes”: http://www.bardotvinhoseartes.com.br/2015/11/denominacion-de-origen-valdepenas.html

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 










domingo, 18 de junho de 2023

Varanda dos Reis Escolha 2021

 

Eu costumo dizer, usando um famoso jargão popular, que dou meu reino por um vinho verde! Acredito que tudo que eu dizer por aqui serei redundante, tamanho é meu apreço pela região do Minho, pela famosa região portuguesa dos Vinhos Verdes.

Mas que seja, melhor “pecar” pelo excesso do que qualquer outra coisa. Não deixo de exaltar a região e seus rótulos e não é por conta apenas de seu terroir especial, mas porque são vinhos que harmonizam muito bem com as características climáticas do Brasil, bem como as culturais também. Trata-se de vinhos solares!

É uma região que definitivamente entrou na rota de nosso mercado consumidor e se tornou um dos mais queridos de nosso país. Que sorte temos, pelo menos nesse quesito, de ser um grande exportador de vinhos do Velho Mundo.

De Velho Mundo os verdes nada têm. Eles têm a “cara”, o “DNA” do Brasil e de muitos outros países tropicais. São frescos, solares, frutados, cítricos, leves, agradáveis. São tradicionalmente saborosos. Claro que os produtores e a instituição que rege e regulamentam seus vinhos estão apostando em rótulos mais complexos e longevos, a Alvarinho tem essa vocação, mas o vinho verde que conhecemos é aquele que conheço desde sempre: leve, frutado e fresco!

Atualmente temos visto, bem timidamente é verdade, alguns produtores, pelo menos os mais famosos, trazer vinhos verdes mais complexos, com passagem por barricas de carvalho, com potencial de guarda, com os Alvarinhos, por exemplo.

Há quem diga que esses rótulos, essas propostas, são uma espécie de desserviço aos populares vinhos mais leves e despretensiosos, mas para outros os vinhos verdes mais estruturados e complexos traria mais credibilidade a região, sobretudo no quesito exportação, pois os mais leves são mais baratos e podem ser associados a vinhos ruins, ordinários, o que, convenhamos, é uma bobagem desmedida!

E o vinho de hoje está na “ala” dos mais simples, dos mais despretensiosos, de uma das belas vinícolas da região do Minho que eu descobri e que tem um acesso grande e variado de rótulos no Brasil. Falo da Vercoope! Tenho degustado bons e interessantes vinho desse belo produtor, ótimo custo X benefício.

O vinho de hoje é de uma linha de rótulos da Vercoope que recentemente entrou em nosso mercado chamada “Varanda dos Reis” e que, inclusive já degustei um 100% Loureiro, a minha casta preferida da região do Minho, e que vale a degustação, marquem o nome: Varanda dos Reis Loureiro 2021!

Sem mais delongas o vinho que degustei veio da Região dos Vinhos Verdes e se chama Varanda dos Reis Escolha, composto pelas castas Arinto (30%), Azal (30%), Loureiro (30%) e Trajadura (10%) da safra 2021. Já anima pelo fato de o blend trazer as castas típicas da região e também pela nomenclatura que traz: “Escolha”! 

Mas o que é, o que significa “Escolha” nos rótulos dos vinhos? Trata-se de uma denominação de qualidade, mas que não é uma denominação de origem, mas se assemelha a um reserva ou grande reserva, por exemplo. Significa que obteve uma qualificação, uns pontos acima do “normal”, dos vinhos regionais, por exemplo, pelo organismo ou instituição que certifica o vinho.

Mais um quesito que poderá tornar esse vinho interessante, um predicado, quem sabe. Mas antes de tecer os comentários, com requinte de detalhes, do vinho, vamos as histórias da famosa Região do Minho, dos Vinhos Verdes.

Vinhos Verdes: Entre-Douro-e-Minho

Desde o tempo da ocupação romana, antes da era cristã, a vinha era cultivada na margem sul do Rio Minho da forma característica e invulgar que se mantém até hoje. Não se trata de suposição. As referências à viticultura na região encontram-se nos escritos do naturalista Plínio, o Velho, em sua História Natural, e do filósofo Sêneca, em seu compêndio Questões Naturais. Está também documentada na legislação do Imperador Domiciano, entre 96 e 51 a.C.

Na Idade Média multiplicam-se as referências escritas ao cultivo das uvas e a elaboração de vinhos no noroeste lusitano, a partir das atividades nos mosteiros e do decisivo suporte da coroa portuguesa. O vinho entra definitivamente, entre os séculos XIII e XIV, nos hábitos das populações entre o Minho e o Douro ao mesmo tempo em que se dá a expansão econômica da região e a crescente circulação da moeda. Ainda que a exportação fosse pequena, os vinhos verdes foram, entre os vinhos portugueses, os primeiros conhecidos fora das fronteiras, particularmente na Inglaterra.

No início do século XX, ultrapassados os problemas das quebras de produção devido às pragas, foram tomadas medidas especiais para a colocação dos vinhos locais e escoamento dos excedentes. Tornava-se obrigatório, para isso, conservar a genuinidade e a qualidade dos produtos, assegurando-se seu valor do ponto de vista cultural e econômico.

O ano de 1908 é crítico na história portuguesa: o rei Carlos I e seu filho são assassinados, abrindo caminho para a República. Nesse mesmo ano, a região dos vinhos verdes é demarcada oficialmente e dividida em seis sub-regiões: Monção, Lima, Basto, Braga, Amarante e Penafiel. O limite a oeste é o Atlântico e, ao norte, a Espanha.

Região dos Vinhos Verdes

A Região Demarcada dos Vinhos Verdes está dividia em nove sub-regiões, cada uma com sua característica específica e suas castas de uva recomendadas:

Sub-região de Monção e Melgaço: utilizam-se apenas as castas Pedral (tinta) e Alvarinho (branca). É de lá o mais icônico Alvarinho, com notas cítricas misturadas com nuances de aromas florais e de frutos tropicais e paladar mineral.

Sub-região de Amarante: as castas brancas são Azal e Avesso e originam vinhos com aromas frutados e com o maior teor alcoólico da Região. Mas é dos tintos que vem a fama da sub-região. Elaborados com Amaral, Vinhão e Espadeiro, são vinhos com cor carregada e muito viva.

Sub-região de Baião: também tem muita notoriedade na produção dos brancos, a partir da casta Avesso.

Sub-região de Basto: a casta Azal atinge o seu máximo potencial e resultam vinhos com aroma de limão e maçã verde muito frescos, de alta acidez.

Sub-região do Cávado: têm vinhos brancos das castas Arinto, Loureiro e Trajadura com acidez moderada e notas de frutos cítricos e de pomar. Os vinhos tintos são na maioria cortes de Vinhão e Borraçal, cor intensa vermelho granada e aromas de frutos frescos.

Sub-região do Lima: Os vinhos brancos mais famosos são produzidos a partir da casta Loureiro. Os aromas são finos e elegantes e vão desde limão até rosas.

Sub-região de Paiva: produz alguns dos tintos mais prestigiados de toda a região a partir de Amaral e Vinhão.

Sub-região do Sousa: utiliza a casta Espadeiro, principalmente para a produção de rosés, sendo alguns dos mais destacados da Região.

Sub-região do Ave: Arinto e Loureiro Trajadura juntas compõem um blend perfeito com frescura viva e notas florais e de frutas cítricas.

Em 1926 foi criada a Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes (CVRVV), responsável por controlar e certificar os produtos elaborados na região. Quando a amostra apresentada à CVRVV não cumpre com os requisitos legais para ser certificada como DOC, o exemplar recebe o selo IG Minho.

Isso não quer dizer que o vinho é de pior qualidade, apenas que não se enquadra legalmente aos parâmetros pré-definidos. A IG Minho permite a utilização de maior variedade de castas, incluindo uvas internacionais, e regras distintas de vinificação.

Na maioria dos casos, os produtores não estão buscando necessariamente a tipicidade do vinho, mas a produção de vinhos inovadores. É comum encontrar vinhos IG Minho mais caros que os DOC Vinhos Verdes. Alguns produtores optam de forma intencional por rotular seus vinhos como Regional do Minho, até mesmo por questões de marketing e posicionamento de mercado.

A região dos Vinhos Verdes tem influência atlântica, reforçada pela orientação dos vales dos principais rios, que correndo de nascente para poente facilitam a penetração dos ventos marítimos. É observada elevada pluviosidade, temperatura amena, pequena amplitude térmica e solo majoritariamente granítico e localmente xistoso. Mas algumas regiões, por conta do microclima, apresentam características de terroir distintas. O que influencia diretamente no vinho.

Por que vinho verde?

Evidentemente, a cor do Vinho Verde não é verde. Então, por que esse nome? Duas são as versões mais conhecidas. O Vinho Verde leva esse nome porque as uvas da região, mesmo quando maduras, têm elevado teor de acidez, produzindo líquido cujas características lhes dão a aparência de vir de uvas colhidas antes da correta maturação.

A outra explicação diz que "Vinho Verde" significa "vinho de uma região verde", ou seja, a denominação deriva da belíssima paisagem local, onde o verde das terras cultivadas se perde no horizonte.

E agora finalmente o vinho!

Na taça apresenta linda cor citrina, aquele amarelo palha brilhante, com proeminentes reflexos esverdeados, com boa gaseificação denotando frescor.

No nariz traz aromas pronunciados de frutas de caroço, de polpa branca, de frutas cítricas, com destaque para tangerina, limão, maçã-verde, pera, abacaxi, algo de pêssego também, com um gostoso toque de mineralidade, entregando um incrível frescor e leveza.

Na boca é fresco, leve, saboroso, porém traz alguma untuosidade que o torna marcante, com alguma personalidade. As notas frutadas ganha protagonismo no paladar, como no aspecto olfativo, com uma acidez intensa, que faz salivar, com um final cheio e de discreto dulçor.

Perguntei ao produtor, por email, qual o motivo do nome “Varanda dos Reis”. E o Sr. José Castro, muito gentilmente, me respondeu que a Vercoope é a união de sete cooperativas da Região dos Vinhos Verdes, das vilas Amarante, Braga, Famalicão, Felgueiras, Guimarães, Paredes e Vale de Cambra. E essa linha de rótulos é uma homenagem à uma das “Varandas dos Reis”, que há também na Vila de Amarante, uma das adegas da Vercoope. Vinhos de excelente custo X benefício que dignificam a região dos Vinhos Verdes, da Região do Minho! Tem 11% de teor alcoólico.

Sobre a Vercoope:

A Vercoope é uma união de sete Cooperativas Vitivinícolas da Região dos Vinhos Verdes: Amarante, Braga, Guimarães, Famalicão, Felgueiras, Paredes e Vale de Cambra. Foi criada em 1964 com o objetivo de engarrafar, comercializar e distribuir o vinho produzido pelos viticultores destas cooperativas.

A união permitiu juntar a produção de 4.000 viticultores e lança-la no mercado, nacional e internacional, conseguindo mais qualidade, dimensão e competitividade. A qualidade dos vinhos é reconhecida e comprovada pelos consumidores, pelas vendas e pelas centenas de prémios conquistados em competições de vinhos e imprensa especializada.

A Vercoope produz anualmente 8 milhões de garrafas de Vinho Verde, sendo 30% para exportação. A Vercoope – União das Adegas Cooperativas da Região dos Vinhos Verdes, U.C.R.L, está inserida na Região Demarcada dos Vinhos Verdes, considerada a maior região demarcada de Portugal e uma das maiores do mundo, essencialmente devido à sua extensão e da área dos solos dedicados à cultura da vinha, a que acresce uma significativa percentagem de população diretamente dependente do setor vitivinícola e nomeadamente do Vinho Verde.

A Vercoope é uma entidade vocacionada para o engarrafamento, comercialização e distribuição de Vinho Verde e integra na sua estrutura as adegas cooperativas de Amarante, Braga, Guimarães, Famalicão, Felgueiras, Paredes e Vale de Cambra que representam no seu conjunto explorações vitícolas de cerca de 5.000 viticultores.

Situada em Agrela, Santo-Tirso, numa estrutura moderna e tecnologicamente avançada, quer com meios técnicos quer com meios humanos, tem potenciado, desde a sua fundação, em 1964, o desenvolvimento da cultura do Vinho Verde, promovendo a sua divulgação, o seu consumo e a valorização do produtor. 

Com mais de meio século de atividade a defender uma política de qualidade e prestígio para os seus vinhos, espumantes e aguardentes, ocupa por direito próprio, um lugar de destaque no setor, sendo muito naturalmente considerada uma instituição de referência no panorama regional e nacional.

Mais informações acesse:

https://vercoope.pt/

Referências:

“Revista Adega”: https://revistaadega.uol.com.br/artigo/vinho-verde-bebida-portuguesa-do-verao_8317.html

https://revistaadega.uol.com.br/artigo/a-paisagem-que-deu-nome-ao-vinho_2744.html

“Reserva 85”: https://reserva85.com.br/vinho/indicacao-geografica-ig-denominacao-de-origem-do/regioes-demarcadas-de-portugal/regiao-dos-vinhos-verdes/

 

 

 

 

 

 

 




sábado, 17 de junho de 2023

Fin Reserva do Produtor Malbec 2017

 

Quando falamos ou sequer lembramos de Malbec, não há como negligenciar regiões como Mendoza, na Argentina e Cahors, na França, como a “pátria-mãe” da cepa tão famosa hoje mundialmente falando.

Mas não se enganem o Brasil está cultivando a variedade e vem se destacando na tipicidade de seus rótulos. Eu descobri os primeiros vinhos tupiniquins de Malbec lá pelos idos de 2017, quando estive em uma das primeiras edições do Festival “Vinho na Vila”, que privilegia os produtores nacionais.

Para quem conhecia apenas Mendoza e Cahors, Chile também, apesar de poucos rótulos ofertados em nosso mercado consumidor, como produtores, ver alguns vinhos brasileiros da casta foi motivo de alegria e ansiedade para ter um “exemplar” em minha adega.

Mas demorou um pouco, embora tenha degustado alguns poucos rótulos em eventos que participei desde o “Vinho na Vila”, em 2017. Alguns valores estavam demasiados altos para mim e fui, contudo, adiando o momento de ter em minha taça um Malbec brasileiro.

Até que um belo dia, visitando alguns sites de vinhos descobri um rótulo a um preço excelente, praticamente imperdível a compra e é de um produtor que havia conhecido no evento “Vinho na Vila” anos antes, porém no dia no estande não tinha o Malbec.

O dono era que “regia” as apresentações de seus rótulos. Era muito simpático e atria a todos pelo seu carisma e sorriso. O nome dele era Jorge Fin e era da Vinícola Fin, de uma região gaúcha, até então, desconhecida para mim: Entre-Ijuís.

Eu me aproximei do estande e ele logo me apresentou os seus rótulos e de imediato me apresentou o seu Tannat, o Fin Tannat Reserva 2015. Como eu estava, e ainda estou, na época de garimpos de Tannats brasileiros o comprei, sem pestanejar.

Fin Tannat Reserva 2015

Degustei outros rótulos e estavam maravilhosos, o Sr. Jorge Fin, muito simpático, me motivou a tirar uma foto com ele e também não hesitei e prometi a ele que buscaria novos rótulos.

Com Jorge Fin

E foi assim que o Malbec chegou às minhas mãos! Com várias buscas, tentativas e procuras. É difícil encontrar os rótulos do Seu Jorge Fin, mas com um pouco de esmero e dedicação até consegue.

E o momento da degustação chegou! Algumas novidades cercam esse rótulo, além de ser o meu primeiro rótulo de Malbec nacional. A região: Entre-Ijuís, o portal da Missões. Nem precisa dizer que estou tomado por uma animação mesclada a ansiedade.

Então sem mais delongas, vamos às apresentações do vinho! O vinho que degustei e gostei veio do sul do Brasil, de Entre-Ijuís e se chama Fin Reserva do Produtor, um 100% Malbec, da safra 2017. Tentarei tecer um pouco da história da região, embora pouco conhecida entre os enófilos, mas que goza de uma forte representatividade histórica: Segundo Jorge Fin as primeiras uvas que chegaram ao sul do Brasil, isso no século XVII, não foi na Serra Gaúcha, como dizem, mas em Entre-Ijuís.

Entre-Ijuís: Portal das Missões

Embora não seja muito conhecida entre os viajantes, o local tem grande potencial turístico. Para quem vai de Santo Ângelo a São Miguel das Missões, vale a pena dar uma paradinha em Entre-Ijuís, que fica no caminho entre as duas cidades.

A simpática cidade tem pontos turísticos históricos e cheios de vida, todos muito bem organizados e com belas paisagens. Entre eles destacam-se o Sítio Arqueológico de São João Batista, o Parque das Fontes e a Vinícola Fin.

Missões

Com a economia baseada principalmente na agricultura, Entre-Ijuís se destaca pelo seu belo interior, cercado principalmente pelas plantações de trigo e aveia. Viajamos em uma época linda (no final de setembro), então os campos de trigo já estavam dourados.

E uma curiosidade: antes chamada de Passo do Ijuí, a cidade foi renomeada após separar-se de Santo Ângelo, e recebeu o nome que faz referência ao fato de estar localizado entre os rios Ijuí e Ijuizinho.

História

A primeira organização urbana ao estilo europeu que ocorreu nas terras entre-ijuienses foi a Missão Jesuítica-Guarani de São João Batista, fundada em 14 de setembro de 1697, com 2.832 nativos oriundos da Redução de São Miguel Arcanjo, liderados pelo jesuíta Antônio Sepp. Foi a 6ª Redução de um conjunto conhecido como Sete Povos das Missões.

Por um longo tempo os Sete Povos das Missões foram administrados por Corregedores nomeados pelos governadores de Buenos Aires, subordinados a Coroa Espanhola. Além dos Corregedores, existiam os Cabildos (semelhante à Câmara Municipal de hoje) que tinham poderes para efetuar a concessão de terras. Aí tiveram origem os latifúndios.

Com a extinção das reduções, já sem jesuítas, índios desgarrados, surgem os Tropeiros e Carreteiros para utilizarem e batizarem o “Passo do IJUÍ”, lugar preferido para “fazerem o meio-dia” ou, o pernoite e depois seguir para o “povo” de Santo Ângelo onde faziam seu comércio.

Em 1824, o governo provincial mandou para São João Batista diversas famílias de imigrantes alemães que haviam chegado à Província de São Pedro do Rio Grande do Sul. Era o início da Colônia São João das Missões, criada pelo Presidente da Província José Feliciano Fernandes Pinheiro. 

Entretanto, os imigrantes não se adaptaram e poucos permaneceram no local, onde ficaram residindo apenas as famílias de Ernesto Kruel, Carlos Holsbach, Tristão Schmidt. Mais tarde vieram imigrantes italianos e poloneses.

Para não deixar as terras abandonadas, o governo distribuiu grandes lotes através dos Atos de Concessões de Terras, sendo que as terras que fazem parte de Entre-Ijuís foram concedidas a João de Lara Leite Bueno, que em 1858, doou parte de suas terras para a construção de uma Capela dedicada a São João Batista, a capela não foi construída, mas as terras passaram a ter responsabilidade da Mitra Diocesana de Uruguaiana.

Em 22 de março de 1873, Santo Ângelo se desmembrava de Cruz Alta, e o Passo do Ijuí começava a ter os primeiros moradores. Eram colonos que receberam terras quando da colonização da margem esquerda do rio Ijuí, época da fundação oficial da colônia do Ijuí Grande. Quando o governo Republicano delegou poderes à Delegacia de Terras e Colonização, em maio de 1890, era decidido colonizar a Bacia do Uruguai, começando pelas matas do Rio Ijuí, sob a chefia do Engenheiro José Manoel da Siqueira Couto.

Em 1918, a construção de uma modesta ponte de madeira, vem dar condições às carretas, carroças, charretes, jardineiras de passar de um lado ao outro do rio. No início os carroceiros, tropeiros de mulas, carreteiros e viajantes paravam aqui para abastecerem-se, alimentarem-se e descansarem antes de seguir para Santo Ângelo. À medida que aumentava o movimento local foram se estabelecendo comerciantes de produtos alimentícios.

O que fazer em Entre-Ijuís?

Em uma visita rápida, é possível conhecer e se encantar pelos principais pontos turísticos de Entre-Ijuís, que vão desde o Sítio Arqueológico até a Vinícola Fin, que conta com um belíssimo espaço externo, ideal para contemplação.

Sítio Arqueológico São João Batista

É conhecido como o principal ponto turístico do município. Fundado em 1697, o local fica a 19km do centro de Entre-Ijuís, na localidade de São João Velho. O caminho é de estrada de chão com uma paisagem belíssima e muito bem conservada. A redução de São João Batista se destacou, principalmente, por ter sido a primeira Fundição de ferro da América do Sul e pelas culturas das atividades artísticas musicais.

Amplo, o sítio é repleto de árvores. Logo na entrada, estão expostas pedras que foram doadas pela comunidade, e compõem um cenário belíssimo e cheio de história. Uma das principais obras é a escultura em homenagem ao padre Antônio Sepp, um dos principais religiosos da região das Missões.

Balneário Parque das Fontes

O Balneário fica na comunidade de Esquina Rondinha. O lugar é mais frequentado durante o verão, já que funciona como parque aquático, com piscinas, áreas de lazer e churrasqueiras. O Parque das Águas recebe turistas e grupos mediante agendamento, além de ser parada dos peregrinos que realizam o Caminho das Missões.

Vinícola Fin

Em plena Rodovia BR 285, no Km 509, a Vinícola Fin é um dos pontos altos dos pontos turísticos. Logo na entrada tem uma vista incrível e muito bem conservada, com características que lembram uma fazenda. Do lado externo da vinícola há um grande lago cercado por árvores, que formam um belo cenário para fotografias e também para quem deseja descansar na sombra.

Há 23 anos na cidade, a vinícola preserva uma tradição familiar que iniciou em 1876. O lugar vende vinhos de mesa e finos e também espumantes. A degustação e visitação guiada custam R$ 50, e é possível provar cinco tipos de vinho.

Um dos sucessos da vinícola é o vinho Porto das Missões, que homenageia a região e o padre jesuíta Roque Gonzáles. Ele plantou as primeiras castas europeias em solo missioneiro no município de São Nicolau. O ambiente da vinícola é bem rústico, mas a paisagem é encantadora.

E agora finalmente o vinho!

Na taça apresenta uma coloração rubi intensa. Quase escura com algum brilho e halos granada. Tem lágrimas finas, lentas, que desenham as bordas do copo, e em média intensidade.

No nariz é perfumado, aromático, com discreto floral, mas as notas frutadas é que ganha protagonismo, como todo bom Malbec, frutas vermelhas maduras, com toques evidentes de especiarias, com destaque para ervas, algo verdadeiramente herbáceo reina no nariz, pimenta, cravo, além de couro, tabaco e baunilha. A madeira é discreta.

Na boca é de textura sedosa, macia, mas com personalidade, mostrando-se um vinho razoavelmente cheio. As notas frutadas ganha destaque como no aspecto olfativo, com a madeira um pouco mais proeminente, devido aos doze meses em barricas de carvalho, trazendo um toque de baunilha, terra, algo de café torrado. Taninos presentes, mas domados, com acidez equilibrada e final de média persistência.

Que bom seria que pudéssemos ter no Brasil produtores de vinhos tão próximos, tão simpáticos e receptivos que, de forma tão educada e calorosa, apresentasse seus vinhos, sem aquele muro que segmenta um mercado que precisa, de forma urgente, de união, de convergência de forças de todos os seus grupos de interesse. Um Malbec especial, de tipicidade, que traz algumas rusticidades, mas que não copia o famoso “Malbecão” argentino. Sabores e aromas raros que fez desse rótulo algo particularmente especial. Parabenizo ao Sr. Jorge Fin, não apenas pela simpatia, mas por conceber um belíssimo Malbec brasileiro com tipicidade. Tem 12,7% de teor alcoólico.

Sobre a Vinícola Fin:

A Vinícola Fin é uma empresa familiar com produção própria de uvas e vinhos. Tudo começou em 1876 com a vinda do patriarca da família Luigi Fin, que nasceu em Arzignano, na província de Vêneto, na Itália indo direto para Campo dos Bugres (hoje Caxias do Sul)

A continuidade se deu com Patrício Fin. Jorge Fin, 3ª geração dos Fin no Brasil, mantém vivas as raízes e a tradição familiar na elaboração de vinhos e cultivo de videiras, fazendo valer um passado de bravura, trabalho, amor e paixão de um povo com mais de um século de história.

Mais informações acesse:

https://vinicolafin.com.br/

Referências:

“AM Missões”: https://ammissoes.com.br/?pg=noticias&rel=67f75ade6d3040f3cb77245d0731fb41

“Prefeitura Municipal de Entre-Ijuís”: https://www.entreijuis.rs.gov.br/cidade

“Wikipedia”: https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Entre-Iju%C3%ADs

“Portal das Missões”: https://portaldasmissoes.com.br/site/view/id/78/vinicola-fin.html