Conhecida como a rainha das uvas tintas, a Cabernet Sauvignon
hoje pode se considerar “senso comum”, algo óbvio nas degustações do inveterado
enófilo, mas para mim sempre terá um contorno afetivo pela representatividade
que está tem para a minha iniciação no mundo vínico.
Quando degustei meus primeiros vinhos encorpados lá estava a
Cabernet Sauvignon para me mostrar o conceito dessa proposta de vinho,
principalmente os rótulos chilenos, aqueles mais amadeirados, os gran reservas,
principalmente.
Foi com os chilenos que eu descobri a Cabernet Sauvignon!
Definitivamente são os melhores produtores da casta no Cone Sul! Poderia
enumerar e me perder de vista de todos os grandes rótulos de grandes vinícolas
que degustei e gostei que ajudaram a construir o meu apreciar pela Cabernet
Sauvignon.
E ainda há, sem sombra de dúvida, espaço para novas
experiências sensoriais, cujo produtor também é de “primeira viagem”. Então,
sem mais delongas, vamos às apresentações do vinho! O vinho que degustei e
gostei veio da emblemática Vale do Colchagua, no Chile, e se chama Ravanal Gran
Reserva, um 100% Cabernet Sauvignon, da safra 2018.
E para não perder o costume, vamos de história! Vamos daquela
que é para muitos, a mais prestigiada região produtora de vinhos da América do
Sul: O Vale do Colchagua.
Vale do Colchágua
O Brasil mal acabara de ser descoberto e os chilenos já
iniciavam a produção de vinho no ano de 1550, antes mesmo da Argentina, que
também tem tradição no setor e começou o plantio das uvas sete anos depois.
Com quatro mil quilômetros de costa, o Chile é um país
estreito e muito comprido, o que sugere uma rota turística, seguindo em frente,
de norte a sul. Como não dá para percorrer tudo, a pedida é concentrar esforços
no que pode dar mais prazer: o Vale do Colchágua, considerado a região vinícola
de maior prestígio da América do Sul.
Encravado no coração da zona central, localizado a 150km da
capital Santiago, o Colchágua é o ícone da produção da bebida no país e se
caracteriza por vinícolas ambiciosas, que trabalham há décadas para criar uma
bebida fina e elegante.
Está exatamente no centro do país, exatamente entre a
Cordilheira dos Andes e o Pacífico. É cortado pelas águas do rio Tinguiririca,
suas principais cidades são San Fernando e Santa Cruz, e possui algumas regiões
de grande valor histórico e turístico como Chimbarongo, Lolol ou Pichilemu. Colchágua significa na língua indígena
“lugar de pequenas lagunas”.
O terroir de seus vinhos é formado por alguns fatores
importantes, como seu clima característico e por seu solo, banhados pela
Cordilheira dos Andes. Outro fator importante é a agricultura, presente desde
as civilizações mapuches.
Conta-se que no século XV, antes mesmo da chegada de
colonizadores espanhóis, esse povo nativo da região já apresentava métodos de
agricultura e irrigação sofisticados. No país, porém, não havia uvas ditas
finas e que pudessem gerar bons vinhos.
Foi só no século XIX, com a chegada de cepas como Cabernet
Sauvignon, Merlot, Carménère e Malbec que a região passou a produzir bebidas de
qualidade. Seu terroir entre o oceano e as montanhas favoreceu a condição dos
frutos, que se desenvolveram positivamente.
Clima
A fertilidade de suas terras, a pouca ocorrência de chuva e
constante variação de temperatura possibilita o cultivo de mais de 27 vinhas,
que, com o manejo certo nos grandes vinhedos da região e padrões elevados no
processo de produção, faz com que os vinhos produzidos no vale sejam conhecidos
internacionalmente, com alto conceito de qualidade.
Clima estável e seco (que evita as pragas), no verão, muito
sol e noites frias, solo alimentado pelo degelo dos Andes e pelos rios que
desaguam no Pacífico, o Vale de Colchágua é de fato um paraíso para o cultivo
de uvas tintas e produção de vinhos intensos.
Em Colchágua, predomina o clima temperado mediterrâneo, com
temperaturas entre 12ºC como mínima e 28ºC, máxima no verão e 12ºC e 4ºC, no
inverno. Com este clima estável é quase nenhuma variação de uma safra para a
outra; e a ausência de chuva possibilita um amadurecimento total dos vários
tipos de uvas cultivadas na região.
A excelência dos vinhos se dá pela localização da região, que apresenta vários microclimas e terroirs (diversos tipos de terrenos), além de ser protegida das pragas por barreiras naturais (as cordilheiras, o deserto do Atacama e as geleiras). Essas condições fizeram do local um paraíso para vinhos reservas, gran reservas, premiuns e super premiuns.
Entre as principais variedades de uvas presentes no Vale de
Colchágua estão as tintas Cabernet Sauvignon, Merlot, Carmenère, Syrah e
Malbec, que representam grande parte da produção chilena.
O cultivo das variedades brancas, apesar de em plena ascensão, ainda se dá de forma bastante reduzida se comparada às tintas; as principais uvas brancas produzidas no vale são a Chardonnay e a Sauvignon Blanc. Ambas as variedades resultam vinhos premiados e cultuados por especialistas e amantes do vinho.
E agora finalmente o vinho!
Na taça revela um rubi intenso, escuro, vívido e brilhante, com
halos granada, além de lágrimas grossas, lentas e de média intensidade.
No nariz explode em aromas de frutas vermelhas e pretas
maduras, com destaque para amoras, ameixas e cerejas, com as notas amadeiradas
bem presentes, graças aos 12 meses em barricas de carvalho, porém bem integradas,
que entrega baunilha, carvalho, tosta, chocolate e torrefação. Traz ainda
especiarias e um agradável herbáceo. Pimenta, pimentão, tabaco e terra molhada
são perceptíveis.
Na boca é seco, macio, redondo, com alguma estrutura, personalidade, volumoso, cheio no paladar, revelando-se equilibrado. As notas frutadas ganham protagonismo, bem como a madeira, em uma perfeita sinergia que o torna equilibrado como no aspecto olfativo, trazendo igualmente a baunilha e o tostado. Tem taninos amáveis, domados, com uma acidez correta e um final de média persistência.
A cada degustação de um Cabernet Sauvignon chileno vai se tornando “o” Cabernet Sauvignon, dado o seu momento especial, aliado, claro, a fatores afetivos que foram construídas graças as essas experiências sensoriais tão especiais. Ravanal Gran Reserva traz, além das gratas experiências aqui mencionadas, um atrativo excepcional de qualidade X preço, fugindo da “normalidade” de alguns caros, mas não menos excelentes, gran reservas chilenos disponíveis no mercado consumidor de vinhos. Tem 13,5% de teor alcoólico.
Sobre a Viña Ravanal:
Com a palavra Mário Ravanal, fundador da Viña Ravanal:
Sou Mario Ravanal, proprietário e fundador da Viña Ravanal. Com
mais de 90 anos, percorri um longo caminho para estar aqui a contar-vos a minha
história, que é também a história desta vinha.
Nasci em Ligüeimo, uma pequena cidade agrícola, localizada no
coração da região vinícola chilena, não sei a data exata do meu nascimento,
minha mãe disse que foi em outubro de 1926, mas fui registrado no registro
civil em 5 de maio de 1927.
Sou o mais velho de 8 irmãos, de pai agricultor, que desde
muito novo me incutiu o amor pelo campo e pelas suas vinhas.
Estudei agronomia na Universidade do Chile e em 1960
continuei meus estudos de pós-graduação em Enologia e Viticultura na França nas
Universidades de Montpellier e Bordeaux.
Em 1965, em visita aos meus pais, soube da venda de uma bela
propriedade na comuna de Placilla. Motivado pelos vinhedos que já estavam em
produção naqueles anos, comprei o que hoje é a Viña Ravanal, com o inestimável
patrimônio de ter atualmente vinhedos com mais de cem anos.
Meus filhos, Carmen Paz, Pía e Mario Sebastián, enólogos que
deram continuidade ao meu trabalho, amor e trabalho duro pelo vinho, agregaram
juventude, força e inovação à Viña Ravanal. As vinhas ganharam em anos e em
valor, tal como a nossa família de enologia e tradição enológica, trabalhando
na produção de vinhos com os mais elevados padrões de qualidade e
profissionalismo.
Os nossos vinhos têm esta história gravada no seu sabor, um
terroir e microclima privilegiados geram vinhos finos, com sabores frutados e
maturação muito lenta. A nossa zona é um verdadeiro paraíso, o contraste de
temperaturas durante o dia e à noite permite que as uvas se desenvolvam de
forma extraordinária, destacando-se os vinhos tintos robustos, de grande corpo
e persistência, e os vinhos brancos de aromas intensos.
A minha história, como a da minha família, está indissociavelmente ligada a esta Vinha. Vivi meus últimos 60 anos intensamente entre esses vinhedos centenários. Nossa vinícola é uma das mais antigas do Vale de Colchagua.
Nosso processo criteriosamente elaborado inclui colheita e
seleção manual, somadas a tecnologias avançadas e estágio em barricas de
carvalho francês e americano que resultam em vinhos excepcionais, sofisticados
e elegantes, com grande caráter frutado, excelente corpo, complexidade e
intensidade.
Convidou-os a degustar os nossos vinhos, resultado da
conjugação perfeita entre a experiência enológica, a tradição familiar e o
árduo trabalho diário de uma grande equipe.
Mais informações acesse:
Referências:
“Correio Braziliense”: https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/turismo/2016/12/28/interna_turismo,562828/valle-do-colchagua-oferece-varias-atracoes-na-companhia-de-grandes-rot.shtml
“Clube dos Vinhos” em: https://www.clubedosvinhos.com.br/um-passeio-pelo-vale-do-colchagua/
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