Como que uma casta autóctone, de
caráter puramente regional consegue ganhar o mundo em respeitabilidade e
credibilidade? Centros de produção vinícolas tradicionais e milenares como a
Itália, Portugal e Espanha conseguem esses feitos, de exportar para o mundo as
suas castas.
E há uma casta italiana que sintetiza
a sua importância para o país e que tem uma forte relevância no mundo graças a
sua qualidade e melhor: a sua versatilidade! Ela pode agradar aos paladares
mais simples, pois traz muita fruta, porém tem personalidade, mostrando taninos
mais gulosos, cheios e vivazes, além de uma boa acidez.
E como de costume na Itália, ela
carrega o nome da cidade onde reina absoluta e com isso catapulta para o mundo
a cidade, os seus costumes, cultura e aptidão para a concepção de grandes
vinhos: Falo da Montepulciano e da cidade de Abruzzo.
E para se ter uma noção da
importância de Abruzzo, a cidade é considerada a quinta maior área produtora de
vinhos italianos. A produção de vinhos na região é quase duas vezes maior do
que a produção da emblemática Toscana, ainda que Abruzzo apresente cerca de metade
da área de vinhedos plantados.
É isso! Esses números iniciais mostra
a importância, a relevância dessa cidade para a Itália, no que tange à produção
de vinhos e antes de embarcar profundamente na história da região, preciso
fazer um “mea culpa” e admitir que
pouco degustei rótulos com a Montepulciano D’Abruzzo. Sequer me recordo a
última vez que tive o prazer de degustar um rótulo desta cepa.
Ah sim lembrei! Lembro-me de um
rótulo que degustei há longos três anos atrás, aproximadamente, e gostei e se chamava Coppiere Montepulciano D’Abruzzo 2016 e tive, apesar de ser um vinho mais
básico, uma ótima experiência.
Então já passou mais do que na hora
de repetir a experiência de degustar a nobreza da Montepulciano D’Abruzzo e
toda a sua versatilidade e personalidade marcante. Então sem mais delongas
vamos às apresentações!
O vinho que degustei e gostei veio,
claro, da região italiana de Abruzzo e se chama Rilievo, da casta nobre, muito
mais do que nobre, essencial, Montepulciano da safra 2019. Para não perder o
costume, vamos também às histórias da região e de sua casta ícone: Abruzzo e
Montepulciano.
Abruzzo
Abruzzo é uma região emergente na
Itália, conhecida principalmente pelos saborosos vinhos Montepulciano
d’Abruzzo, que podem ser exemplares muito agradáveis e cheios de fruta, com
ótima acidez e, por vezes, excelente relação qualidade e preço.
Localizada na parte centro-oriental
da Itália peninsular, a região de Abruzzo possui fundamental importância para a
vinicultura italiana. Abruzzo é a quinta maior área produtora de vinhos
italianos. A produção de vinhos anual da região é quase duas vezes maior do que
a produção de Toscana, ainda que Abruzzo apresente cerca de metade da área de
vinhedos plantados.
A área de vinha em Abruzzo ultrapassa os 32.000 hectares, dos
quais quase 96% está localizado na serra, enquanto 4% é representado pela
viticultura de montanha. Como forma de criação, a Pergola, localmente
denominada “Capanna”, ainda é muito difundida, enquanto sistemas obsoletos como
a maritate de Alberate deram lugar a sistemas de formação mais modernos, como a
Controspalliera, Cordone speronato e Guyot. A produção total de vinho excede
2,6 milhões de hectolitros, dos quais mais de 30% são denominações DOC e DOCG.
A uva de maior predominância nos vinhedos de Abruzzo é a uva
Montepulciano que pode originar excelentes vinhos tintos. Outra casta que
também pode ser encontrada nos vinhedos da região italiana é a uva branca
Trebbiano, que dá origem a outro vinho famoso da área, o Trebbiano d’Abruzzo.
O vinho tinto Montepulciano d’Abruzzo não é somente o símbolo
da região de Abruzzo, como também é um dos vinhos italianos mais
comercializados em todo o mundo. Em 1968, o exemplar recebeu a DOC
Montepulciano d’Abruzzo. Tal denominação abrange a maior parte da região
italiana.
Desde os anos 1960, depois de ter sido reconhecido pelo
“DOC”, os vinhos da Abruzzo tornaram-se progressivamente conhecidos no mundo.
As denominações de origem mais conhecidas são: Montepulciano
d’Abruzzo Colline Teramane DOCG, Abruzzo DOC, Cerasuolo d’Abruzzo DOC,
Controguerra DOC, Montepulciano d’Abruzzo DOC, Ortona DOC, Terre Tollesi DOCG,
Trebbiano d’Abruzzo DOC, Villamagna DOC, Colli Aprutini IGT, Colli del Sangro
IGT, Colline Frentane IGT, Colline Pescaresi IGT, Colline Teatine IGT, Del
Vastese (o Histonium) IGT, Terre Aquilane IGT e Terre di Chieti IGT. Em suma
existe em Abruzzo apenas uma denominação DOCG, Montepulciano d’Abruzzo delle
Colline Teramane DOCG, 8 denominações DOC e 8 denominações IGT.
O relevo da região é formado por colinas e montanhas,
incluindo a imponente cordilheira dos Appennini, cuja altitude ultrapassa os
2.000 m. Abruzzo possui 150 km de costa, com características bastante
peculiares: ao norte, o cenário é baixo e retilíneo, composto por terrenos
amplos e arenosos; já na parte sul, encontram-se terrenos marcados por uma
densa vegetação mediterrânea.
A região de Abruzzo apresenta, portanto, clima marítimo e
continental, com temperatura média anual variando entre 8 e 12ºC na zona das
montanhas, e 12 e 16ºC na parte marítima.
Os melhores
vinhos Montepulcianos são da parte norte da região de Abruzzo, onde a
cordilheira dos Apeninos (Appennini) aproxima-se do mar. Dentre os 500 mil
hectolitros do vinho Montepulciano d’Abruzzo produzidos anualmente, cerca de
dois terços provêm do distrito de Chieti.
A uva Montepulciano apresenta coloração profunda, baixa
acidez e taninos doces, conferindo aos vinhos caráter frutal delicado que o
torna bom enquanto jovem. No entanto, os exemplares elaborados a partir da uva
Montepulciano podem ser degustados também com 10 anos de vida.
Vale aqui também uma pertinente informação: Apesar do nome, a
uva Montepulciano não tem nada a ver com a cidade de mesmo nome localizada em
outra região da Itália, a Toscana. Lá são produzidos os vinhos Rosso di
Montepulciano e Nobile de Montepulciano, mas que não são feitos com a uva
Montepulciano, apenas levam esse nome em referência à cidade.
Montepulciano
A uva-tinta Montepulciano é a segunda tinta mais plantada na
Itália, depois da Sangiovese. É uma das variedades utilizadas na elaboração de
vinhos incríveis. Pois sua pele é altamente pigmentada, conferindo-lhe uma cor
profunda e ricamente colorida.
É uma cepa que geralmente produz bebidas encorpadas, com
sabores delicados de frutas negras, como amora, cereja e berris. Também tem um
teor alcoólico notável, baixa acidez e taninos suaves. Além de notas de cacau,
orégano e, até mesmo, de tabaco.
A uva produz tintos profundos e é adaptável aos estilos de
vinificação moderno ou tradicional. A Montepulciano é comumente destinada a
vinhos jovens. Entretanto, também pode ser utilizada para a elaboração de
bebidas da velha guarda, sendo envelhecidos em barris de carvalho.
Os vinhos tintos de Montepulciano geralmente combinam com uma
grande variedade de alimentos devido à acidez elevada natural. No entanto, os
sabores robustos de ervas e tabaco costumam exigir alimentos mais ricos e
salgados.
A Montepulciano harmoniza bem com os pratos mais populares da
Itália, como pizza, bolonhesa e molhos à base de tomate. Harmoniza também com
pratos de macarrão com queijo. Além de pratos com cabra ou costela de cordeiro
para destacar seu lado saboroso.
Para atingir todo o seu potencial, a Montepulciano precisa de
uma longa estação de crescimento para amadurecer completamente, por isso o
clima ensolarado das partes central e sul do país são os mais adequados. Quando
cultivado no Norte, região mais fresca da Itália, a Montepulciano pode ter um
sabor desagradável.
As regiões que cultivam Montepulciano tradicionalmente o
misturam com uma porcentagem menor de outras uvas italianas nativas, como
Sangiovese e ainda a francesa Syrah. Assim, a denominação de origem do vinho
muda de acordo com o percentual mínimo da uva Montepulciano na bebida. São
eles:
·
Montepulciano
d’Abruzzo DOC (mínimo de 85%);
·
Montepulciano
d’Abruzzo Colline Teramane DOCG (mínimo de 90%);
·
Controguerra
Rosso DOC (mínimo de 60%).
E agora finalmente o vinho!
Na taça apresenta um vermelho rubi com halos granada e bem
lacrimoso, com lágrimas lentas e grossas.
No nariz entregam frutas vermelhas frescas, com destaque para
ameixas, cerejas e framboesas, com toques rústicos que lembra especiarias e couro
e algo floral.
Na boca é macio, aveludado e equilibrado, mas com alguma
personalidade, um vinho com bom volume de boca. A fruta também protagoniza no
paladar, com taninos amáveis, redondos, porém presentes, além de média acidez e
final persistente de retrogosto frutado.
A personificação da Itália, além da Sangiovese, se mostra na
Montepulciano. Então degustar rótulos com essa casta sempre será um grande
prazer e o Rilievo, mesmo simples na sua concepção e proposta, entrega o que de
fato a cepa deveria entregar em suas mais fiéis características: frutado,
especiado, marcante, mas elegante e harmonioso. Assim o é! A Itália com seus
apelos regionais que ganham o mundo definitivamente faz com que nos rendamos
sempre aos seus rótulos. Tem 13% de teor alcoólico.
Sobre a Vinícola Botter:
A vinícola Botter foi fundada por Carlo Botter e sua esposa
Maria em 1928 em Fossalta di Piave, uma pequena cidade perto de Veneza. Começou
como um pequeno negócio de venda de vinhos locais em barricas e garrafões.
Na década de 60 os dois filhos, Arnaldo e Enzo, ingressaram
na Companhia e passaram a comercializar vinhos em garrafas. Aumentaram a
presença da Empresa no mercado italiano e - o mais importante - deram vida a um
processo gradual de expansão para outros países, que se tornaria a principal
fonte de receitas da Empresa.
Na década de 70, a Botter conseguiu acompanhar o crescimento
do mercado internacional e expandir sua variedade. Alguns de seus vinhos do
Veneto vieram dos vinhedos da família, localizados perto de Treviso.
Nos anos 80, graças a várias colaborações estreitas com
produtores locais, Botter começou a fornecer novos vinhos de Abruzzo, Campânia,
Puglia e Sicília, oferecendo uma ampla gama de produtos feitos com uvas de
vinhas nativas; este foi apenas o ponto de partida da abordagem
multiterritorial de Botter que mais tarde se desenvolveria e se espalharia por
todo o país, do norte ao sul da Itália.
No final dos anos 90, a terceira geração - Annalisa,
Alessandro e Luca - entrou na Companhia e Botter passou a testemunhar uma nova
evolução. Foi adotado um modelo de negócio totalmente novo, mais adequado às
necessidades de um mercado dinâmico e global.
Hoje, Botter é um dos maiores produtores e exportadores de
vinhos italianos:1 em cada 35 garrafas de vinho italiano exportadas para o
mundo é produzida por Botter.
Mais informações acesse:
Referências:
“Blog Famiglia Valduga”: https://blog.famigliavalduga.com.br/conheca-a-uva-montepulciano-e-saiba-tudo-sobre-a-tradicional-variedade-italiana/
“Mistral”: https://www.mistral.com.br/regiao/abruzzo
“Vinho Italiano.com”: https://vinhoitaliano.com/os-vinhos-da-regiao-abruzzo/
“RBG Vinhos”: https://www.rbgvinhos.com.br/blog/abruzzo-a-terra-da-uva-montepulciano-uma-das-mais-famosas-da-italia
“Parada 21”: https://parada21.com.br/vinhos-italianos-abruzzo-a-regiao-de-excelentes-vinhos-frutados/