segunda-feira, 29 de junho de 2020

Viña Brava Parellada e Garnacha Blanca 2014


Estava eu em uma das minhas inúmeras incursões aos supermercados para garimpar algum vinho interessante cujo preço não impacte tanto no bolso já combalido. Na realidade estava querendo alguma novidade também em termos de proposta de vinho. Algo novo e diferente em meu simples e humilde currículo de enófilo, talvez uma casta pouco conhecida, uma região pouco comentada, um vinho que me entregasse algo pouco usual tão comum nos supermercados. E, olhando um pouco mais de detalhe achei, jogado na parte mais baixa da gôndola, entregue a própria sorte, um vinho empoeirado, com um preço até atrativo, em torno dos seus R$ 19,00 e, nesse quesito já me chamou a atenção. Tomei o mesmo em minha mãos e olhando um pouco mais percebi que era de uma vinícola tradicional da Espanha, de uma região que nunca havia degustado um vinho sequer e duas castas que nunca tinha ouvido falar. Pronto! Era tudo o que eu precisava! Atendia as minhas necessidades de momento! Levei!

Não demorei muito para abri-lo e quando o desarrolhei fiquei preocupado, receoso, afinal, a safra era um tanto quanto “antiga” para um vinho, 2014, talvez se justificasse o preço por esse motivo, mas quando o servi na taça e levei à boca me surpreendi de uma forma que jamais esperaria! Fantástico vinho, incrível rótulo! O vinho que degustei e gostei veio, como disse da Espanha, da região da Catalunha, e se chama Viña Brava um corte das castas Parellada e Garnacha Blanca. Mas antes de falar entusiasticamente do vinho, falarei um pouco dessas castas “novas” para mim, bem como da região da Catalunha.

Parellada

A uva Parellada, nativa da Catalunha, é cultivada exclusivamente em sua região de origem e participa da composição do prestigiado vinho espumante Cava. Conhecida também como Montonec ou Montonega, essa variedade de uva é cultivada nas montanhas do Alto Penedès, a 600 metros acima do nível do mar. A Parellada atinge o ápice qualitativo quando cultivada em grandes altitudes, onde as baixas temperaturas favorecem sua acidez natural e necessita de um período maior de tempo para desenvolver todos os seus compostos aromáticos. Essa variedade é utilizada, principalmente, na fabricação de alguns dos melhores espumantes espanhóis, o Cava, ao lado das uvas Xarel-lo e Macabeo. A Parellada, considerada a uva mais elegante e refinada entre as três variedades, é responsável por adicionar acidez e frescor aos exemplares. Os vinhos elaborados a partir da uva Parellada apresentam aromas florais e cítricos, além de serem exemplares extremamente delicados, ricos em acidez, aromáticos, com coloração brilhante e contam com a presença de um baixo teor alcoólico.

Garnacha Blanca

Nativa do norte da Espanha, a Grenache Blanc é mais conhecida por fazer parte da composição de excelentes vinhos brancos franceses, em especial, o tradicional vinho Chateauneuf-du-Pape. Conhecida como Garnacha Branca na Espanha, ela é uma variante branca da casta Grenache Noir e já foi uma das castas mais importantes da França, até perder o posto de quarta uva mais plantada no país para a Sauvignon Blanc (atrás da Ugni Blanc, Chardonnay e Sémillon). Essa variedade dá origem a vinhos com coloração dourada e está sendo cada vez mais utilizada na elaboração de excelentes varietais, no entanto, encontramos a Grenache Blanc com maior facilidade em blends, por ser uma uva extremamente aromática, exibindo aromas frutados de maçã verde e melão e adicionando características típicas do ambiente em que foi cultivada ao resultado final de qualquer vinho.

Catalunha

A região da Catalunha, no norte da Espanha, é a área vinícola com maior número de DOs (Denominação de Origem) do país. Entre as mais importantes encontram-se Costers del Segre, Montsant e Penedès, além da reputada DOC Priorato, a segunda mais reconhecida na Espanha. Lar do famoso espumante espanhol Cava, a região da Catalunha possui solos chamados de 'licorella' e apresenta um baixo índice pluviométrico, fazendo com que as videiras apresentem baixa produtividade e as uvas tornem-se muito concentradas. Consequentemente, os vinhos elaborados na região possuem coloração tinta profunda, excelente textura e taninos finos.

Catalunha

É em Penedès Central, na região espanhola de Sant Saurndí d’Anoia, que ocorre a elaboração do famoso Cava, vinho espumante produzido pelo método tradicional com, no mínimo, nove meses de contato com as leveduras. Diferentes uvas podem integrar a composição do vinho Cava, classificando os exemplares entre os estilos branco ou rosado, que também variam em nível de doçura. Apesar de utilizarem-se métodos de produção similares, o sabor encontrado no Cava é diferente do Champagne, principalmente pela distinção das uvas utilizadas: enquanto um é produzido a partir das uvas Pinot Meunier, Chardonnay e Pinot Noir, o Cava é elaborado com as castas Parellada, Macabeo e Xarel-lo. Já a região do Priorato é conhecida por ter recebido o título máximo de denominação espanhola, elaborando vinhos com castas autóctones cultivadas na Catalunha. Outra região vinícola importante é Montsant, lar de alguns dos melhores e mais renomados produtores da Espanha e a denominação de origem mais nova da Catalunha, regulamentada somente em 2001.

E finalmente o vinho!

Na taça apresenta um amarelo com reflexos dourados, vivo e brilhante com pouca incidência de lágrimas.

No nariz, apesar da safra “antiga” para um vinho branco com essa proposta, ainda estava pleno e vivo, apresentando frescor e muito frutado, com notas de abacaxi, maça verde e pera.

Na boca é muito fresco, com notas joviais e muita elegância, se mostrando redondo e equilibrado, reproduzindo a fruta com evidência para maçã verde e abacaxi, com acidez correta e um final longo e persistente.

Um vinhaço muito bem produzido e mostrando a relevância tradicional da Família Torres na Espanha. Harmoniza muito bem com carne branca, peixes e frituras ou simplesmente sozinho. Um vinho descontraído, informal e ainda muito jovem. Acho que o degustei no tempo certo. Tem 11,5% de teor alcoólico.

Sobre a Familia Torres:

Falar da vinícola Torres é falar de um império que impõe respeito no mundo dos vinhos. Com mais de 1.300 hectares de território plantado, a Torres é hoje a maior vinícola da Espanha. Sua reputação lhe conferiu inúmeras premiações, como a de melhor vinícola européia do ano, promovida pela revista “Wine Enthusiast” em 2006. A Família Torres administra também a Miguel Torres no Chile e a Marimar Estate nos Estados Unidos. Fundada em 1870, em Penedés, a nordeste da Espanha, a vinícola Torres nasceu de uma parceria entre dois irmãos de uma família que desde o século XVII cultivava vinhas, mas sem apelo comercial. Jaime Torres era o irmão que dominava o comércio com as Américas, enquanto Miguel Torres dominava a produção de vinhos. Juntos começaram o negócio familiar focados no mercado externo, vendendo seus vinhos em barris, sem imaginar a dimensão que a Torres tomaria. A vinícola logo começou a ganhar visibilidade e recebeu ilustres visitas em sua sede, como a do rei Afonso XIII em 1904. Poucos anos depois, já na segunda geração da família, nasceu a primeira marca da Família Torres: a Coronas, marca que deu fama mundial à vinícola e que é reconhecida até os dias de hoje. Essa mesma geração foi também responsável pelo início da produção de brandies, o vinho fortificado da Torres. Tamanha fora sua aceitação e sucesso no mercado externo que tornou a Torres a maior exportadora de brandy do país. Os negócios iam bem, até que veio a guerra civil espanhola e em 1939 a vinícola foi parcialmente destruída por um bombardeio. Ao fim da guerra, iniciou-se a reconstrução da vinícola e os vinhos passaram a ser vendidos pela primeira vez em garrafas. Nos anos seguintes, nasceram marcas como Sangre de Toro, produto de entrada da Torres produzido a partir de Garnacha e Cariñena, e Viña Sol, feito a partir das castas Parellada e Garnacha Blanca com uma proposta de frescor. Próximo ao centenário, a vinícola aderiu à vitivinicultura moderna, começou a cultivar variedades estrangeiras, como a Cabernet Sauvignon e a Chardonnay e a utilizar tanques de inox para a fermentação. Em 1979, a Torres expandiu seus negócios para outros territórios. Nasceu a Miguel Torres no Chile e alguns anos depois, a Marimar Estates em Sonoma, nos Estados Unidos. Seus vinhos traduzem a tradição e o conhecimento da família aliados à riqueza do terroir dessas regiões. Na Espanha, a Torres ampliou seu negócio para outras terras e está hoje em regiões como Ribera Del Duero, Rioja, Jumilla, Toro, Rueda, Priorato e Penedés, produzindo uma variedade de castas autóctones, como Tempranillo, Monastrell, Garnacha e Cariñena e castas internacionais, como Syrah, Merlot, Sauvignon Blanc e Riesling. Sua produção chega a atingir mais de 40 milhões de litros por ano e seus vinhos estão presentes em mais de 140 países. Reputação deste império que é a vinícola Torres a tornou um ponto turístico muito procurado por amantes do vinho de diversos países, chegando a receber mais de 130.000 visitantes por ano somente na sede de Penedés. Se você estiver na Espanha e tiver a oportunidade de visitar, vale gastar algumas horas desfrutando de seus vinhos, ampliando seu conhecimento sobre esta marca histórica e apreciando a natureza incrível no entorno de suas sedes. São três os locais que permitem visitação: a sede de Penedés (Parcs Del Penedés), principal local de visitação, a vinícola de El Lloar no Priorato e o Castelo de Milmanda, em Conca de Barberà.
Mais informações acesse:


Fontes pesquisadas sobre as castas e a região:

Mistral, em:


Degustado em: 2019

sábado, 27 de junho de 2020

São Miguel do Sul Syrah 2016


Eu não sei ao certo se essa região vitivinícola de Portugal pode ser considerada uma unanimidade devido aos seus vinhos de personalidade, de um terroir muito característico, haja vista que Portugal, apesar de ser um país de dimensões territoriais pequenas, se mostra grande na produção de vinhos, com uma diversidade de rótulos e propostas, fazendo desse país um universo vasto e rico e em franca expansão no que tange aos vinhos que produz. Falo do Alentejo. É bem possível que a minha fala venha carregada de sentimentos, de algo que vem do coração e isso é bom, claro, mas talvez me falte a razão e quem liga para a razão nesse momento? Alentejo é muito popular no Brasil, juntamente com a região dos Vinhos Verdes e arrisco em dizer que a região alentejana fez e faz parte da vida de muitos enófilos brasileiros, como fez na minha. A minha iniciação aos vinhos lusitanos se deu com os vinhos do Alentejo e esse momento nunca por mim será negligenciado.

E hoje fiz reviver, como em vários outros quando desarrolho um bom alentejano, esse momento inicial de minhas degustações portuguesas com um estupendo e surpreendente vinho da emblemática região, da Casa Relvas: O São Miguel do Sul, um vinho regional alentejano, da casta Syrah (100%) da safra 2016. Um vinho que degustei e gostei e que foi incrivelmente arrebatador de uma casta oriunda da França, mas com o toque de Portugal. E antes de falar das minhas sensações do vinho, não posso deixar de falar um pouco da região do Alentejo e expressar toda a minha reverência a mesma.

Alentejo

A história do Alentejo anda de mãos dadas com a história de Portugal e da Península Ibérica, ex-hispânicos, assim como, pertencentes a época de civilizações romana, árabe e cristãs. Em muitos lugares no Alentejo encontrar provas da civilização fenícia existente à 3000 anos atrás. Fenícios, celtas, romanos, todos eles deixaram um importante legado da era antes de Cristo, na região que é hoje o Alentejo. Uma terra onde a cultura e tradição caminham lado a lado. Os romanos deixaram nesta região o legado mais importante, escritos, mosaicos, cidades em ruínas, monumentos, tudo deixado pelos romanos, mas não devemos esquecer as civilizações mais antigas que passaram pela zona deixando legados como os monumentos megalíticos, como Antas. Após os romanos e os visigodos, os árabes, chegaram a esta terra com o cheiro a jasmim, antes da reconquista, que chegou com a construção de inúmeros castelos, alguns deles construídos sobre mesquitas muçulmanas e a construção de muralhas para proteger a cidade e as cidades que foram crescendo. Desde essa altura até hoje, o Alentejo tem continuado o seu crescimento, um crescimento baseada na agricultura, pecuária, pesca, indústria, como a cortiça e desde o último século até aos nossos dias, com o turismo com uma ampla oferta de turismo rural. Situado na zona sul de Portugal, o Alentejo é uma região essencialmente plana, com alguns acidentes de relevo, não muito elevados, mas que o influenciam de forma marcante. Embora seja caracterizada por condições climáticas mediterrânicas, apresenta nessas elevações, microclimas que proporcionam condições ideais ao plantio da vinha e que conferem qualidade às massas vínicas.


As temperaturas médias do ano variam de 15º a 17,5º, observando-se igualmente a existência de grandes amplitudes térmicas e a ocorrência de verões extremamente quentes e secos. Mas, graças aos raios do sol, a maturação das uvas, principalmente nos meses que antecedem a vindima, sofre um acúmulo perfeito dos açúcares e materiais corantes na película dos bagos, resultando em vinhos equilibrados e com boa estrutura. Os solos caracterizam-se pela sua diversidade, variando entre os graníticos de "Portalegre", os derivados de calcários cristalinos de "Borba", os mediterrânicos pardos e vermelhos de "Évora", "Granja/Amarelega", "Moura", "Redondo", "Reguengos" e "Vidigueira". Todas estas constituem as 8 sub-regiões da DOC "Alentejo".

Agora o vinho!

Na taça tem um belíssimo vermelho rubi intenso, escuro e brilhante, com lágrimas finas e em profusão que demora a se dissipar das paredes do copo, desenhando-o.

No nariz se revela muito frutado, frutas vermelhas, como amora, cereja, talvez. Não é muito aromático e, ao desarrolhar a garrafa e me servir da primeira taça, percebi o álcool em evidência, mas, com vinho, respirando, por um breve período, logo se equilibrou.

Na boca percebem-se as notas frutadas, sendo seco, muito seco, diria até com alguma adstringência, mas que nada afeta o conjunto do vinho, com um toque picante, de especiaria, típico da Syrah. Tem certa estrutura, bom corpo, com taninos presentes, mas equilibrados, uma boa acidez, alta até para um tinto, com final de média persistência e frutado. Percebi um toque de baunilha, o que denota uma passagem por barricas de carvalho. Mas em contato com o produtor, o mesmo informou que o vinho não passou por madeira, mas ao olhar o contra rótulo aparece a informação de que passou 6 meses por carvalho.

Um vinho de personalidade marcante, equilibrado, um Syrah diferente de tudo que eu havia degustado desta cepa até então. Uma curiosidade do vinho: como o Alentejo é uma região produtora de cortiça, graças a exuberante vegetação de sobreiros, a linha de rótulos “São Miguel do Sul” celebra esse recurso natural alentejano, onde a cortiça, usada para produzir as rolhas, também estampa os rótulos dos vinhos, ou seja, os rótulos são feitos de cortiça e traz um lindo efeito estético ao mesmo. Inclusive a Casa Relvas, desde 1997, dispõe de mais de 300 hectares de sobreiros. Os vinhos São Miguel do Sul são a homenagem da vinícola à região e ao compromisso da Família Relvas em preservar as florestas locais de montado. Esse vinho é muito gastronômico e harmoniza com carnes vermelhas, massas, pizzas e queijos mais encorpados. Tem 14,5% de teor alcoólico e, apesar, do alto percentual, estão muito bem integrados ao vinho, mostrando-se imperceptíveis.

Sobre a Casa Relvas:

A Casa Relvas, que até há dois anos era conhecida por Casa Agrícola Alexandre Relvas, foi fundada em 1997 por Alexandre Relvas. Hoje, e com cinco gerações ligadas ao mundo agrícola, esta herdade tem como negócio principal o vinho e produz cerca de 6 milhões de garrafas de vinho por ano. Com cerca de 150 clientes e 15 mil pontos de venda pelo mundo, a Casa Relvas é um autêntico oásis de vinhos alentejanos para todos os paladares que apreciam o "néctar dos Deuses". Situada em São Miguel de Machede, no Redondo, a adega principal recebe eventos personalizados, que vão desde a tradicional visita à adega, com provas de vinhos, a diversas atividades que acompanham o ciclo de vida do processo vinícola.

Mais informações acesse:


Fonte de pesquisa sobre a história do Alentejo:







terça-feira, 23 de junho de 2020

Antiguas Reservas Cabernet Sauvignon 2013


Sabe quando um vinho te ensina a gostar e amar um terroir, um país, uma casta? Mas não se equivoquem, não é nada didático, ligado a regras de degustação ou qualquer coisa engessada que o valha, é algo ligado ao coração, é algo orgânico, que às vezes em palavras não sabemos explicar. O corpo te responde, as suas percepções sobressaem, falam por si só. Tem vinhos que personifica uma terra, as características mais peculiares de um país, de uma região e mesmo que não tenhamos aquele conhecimento enciclopédico, quando degustamos um vinho, diante de uma catarse dizemos: Esse vinho representa com fidelidade o Chile! E é do Chile que veio o meu arrebatamento que jamais esquecerei! Claro que foram vários, afinal, não querendo soar como um “traidor da pátria” foi com o Chile que eu aprendi e aprendo a degustar belos vinhos. Falo da tradicional e emblemática Cousiño Macul que tem mais de século de produção de vinhos de excelência, que entrega ao enófilo os valores e a cultura de sua terra e do seu povo.

O vinho que degustei e gostei vem da região do Maipo Valley e é o Cousiño Macul Antiguas Reservas da casta Cabernet Sauvignon da safra 2013. Essa uma linha de excelente qualidade da vinícola e posso dizer eloquentemente, pois já degustei outras castas, inclusive há uma resenha, uma análise que fiz do Cousiño Macul da casta Merlot 2011 que recomendo grandemente e que pode ser conferida aqui: Antiguas Reservas Merlot 2011.

Na taça tem um vermelho rubi intenso, escuro, com reflexos violáceos. Uma cor brilhante e reluzente, límpido. Lágrimas finas e em profusão, mostrando, já ao olhar, a robustez e personalidade do vinho. Lágrimas essas que se dissipam vagarosamente.

No nariz apresenta aromas intensos, uma explosão aromática de frutas que se destacam a cereja e morango, com toques evidentes de especiarias, com destaque para pimenta preta e notas de menta que trouxe a impressão de algum frescor.

Na boca é elegante, redondo, que preenche bem a boca, estruturado, com taninos carnudos, firmes e maduros, mas equilibrado, com uma acidez equilibrada, correta, com toques, diria, generosos de baunilha, com a madeira perceptível, mas muito bem integrada ao conjunto do vinho, características essas graças a passagem por barricas de carvalho por 12 meses. Final saboroso e persistente.

Um vinhaço! Um arrebatamento líquido que entrega, com grande fidelidade, o Chile e as características mais verdadeiras de um Cabernet Sauvignon “made in Chile”. Esse vinho é bem gastronômico, harmonizando com massas condimentadas, um bom churrasco ou carnes gordas. Tem 13,5% de teor alcoólico.

Sobre a Cousiño Macul:

Parte de nossa produção tem suas raízes em um território que, há mais de 500 anos, foi utilizado para a produção de vinho. Juan Jufré é um dos primeiros nomes que aparecem na história do vinho chileno e, uma vez, o proprietário da terra onde atualmente está localizada a propriedade Macul. Ele foi contratado, na época da colônia e por ordem do rei da Espanha, para produzir a cepa e o moscatel do país para fornecer vinho para a Eucaristia e parte da sociedade chilena. O primeiro Cousiño apareceu 300 anos depois, quando em 1856 Matías Cousiño adquiriu os 1.000 hectares da Hacienda Macul. Então, localizado principalmente no sopé da cordilheira dos Andes. Esse território fértil e gentil é alimentado, até hoje, naturalmente pelas encostas de Las Perdices e pelo canal de San Carlos. Após a morte de Don Matías, seu filho Luis Cousiño herdou a terra e o sonho de iniciar uma produção familiar de vinho. Para isso, ele decide renovar as vinhas que foram cultivadas lá e, juntamente com sua esposa Isidora Goyenechea , traz da Europa as primeiras vinhas destacadas do vinhedo. O Cabernet Sauvignon e Merlot foram trazidos da região de Pauillac, o Green e Gray Sauvignon de Martillac e o Riesling da Alsácia, este último pessoalmente selecionado por Doña Isidora. O casal administra a vinha até a morte de Luis Cousiño. A partir desse momento, Isidora Goyenechea assume a liderança e se torna uma das primeiras mulheres de negócios da América do Sul. Até o dia de sua morte, ele continua a tradição da família Cousiño, projetando-a no tempo com inovação e novas tecnologias. Com uma acuidade particular em engenharia, ele melhorou as condições dos trabalhadores e padronizou a produção e a excelente qualidade dos vinhos. Além disso, supervisionou a construção da vinícola icônica, encomendada por Luis Cousiño e formulada por engenheiros franceses, até sua conclusão em 1878, e redesenhou o logotipo da empresa, imortalizando seu próprio legado. Em 1898, Isidora morreu e a vinha foi herdada por seu filho Luis Arturo, bisavô da 6ª geração, que hoje dirige a empresa. Mais do que quantidade, nossa produção sempre focou na qualidade. O trabalho de pesquisa e desenvolvimento do primeiro produto de exportação levou 60 anos. Do melhor Cabernet Sauvignon da safra de 1927, nasceram as primeiras reservas de antiguidades, que até hoje são produzidas de maneira fiel ao seu estilo original.

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Degustado em: 2017


sábado, 20 de junho de 2020

BB Balbo Malbec Rosé 2019


O consumo de vinhos rosés no Brasil deveria ser maior, embora tenha crescido vertiginosamente nos últimos anos, mas ainda é insuficiente, levando em consideração que a proposta desses vinhos “harmoniza” com o clima tropical e quente do nosso país. Dados estatísticos revelam que o consumo de rosés cresceu e isso é sensivelmente visto e que traz mais otimismo, mas sinto que ainda há uma névoa de preconceitos ou de tabus em torno do vinho rosé no Brasil: São vinhos para meninas! Ou ainda: São vinhos para iniciantes, vinhos para quem não sabe apreciar! É um absurdo completo: são vinhos com uma proposta simples, com frescor, despretensiosos, jovens, apenas isso. Ainda tem o custo Brasil, os altos tributos que incidem sobre os rosés e tantos outros, outro entrave. Então, pensando nessa situação, de uns tempos para cá tenho variado e diversificado a minha adega e dado a devida atenção aos rosés. E foi com esse sentimento que fui ao supermercado e avistei um rosé de uma vinícola que já tinha degustado um vinho e que me surpreendera por demais, a BB Balbo, da casta Malbec (Análise do vinho pode ser lida aqui: BB Balbo Malbec tinto 2017) que pertence a tradicional Família Falasco, da Argentina e instalada na região de Mendoza. Dessa vez avistei o Malbec Rosé e verifiquei o valor: R$16,90! Inacreditável! Esse é o preço dos sonhos! Levei! Arrisquei!

E não é que o vinho agradou! É inacreditável o quanto este vinho foi pleno no que tange a sua capacidade de entregar, a um simples enófilo como eu, na sua proposta: de um vinho simples, honesto, fresco, fácil de degustar. Simples e nobre é esse vinho que degustei e gostei que se chama BB Balbo Malbec Rosé, da região de Luján de Cuyo, em Mendoza, da safra 2019. E Luján de Cuyo é considerada a terra da Malbec! Até nisso conspirou a meu favor! Então, antes de falar sobre o vinho, falemos brevemente de Luján de Cuyo.

Luján de Cuyo

Com vinhedos plantados em solos arenosos e altitudes que variam entre 800 e 1.100 metros, Luján de Cuyo é conhecido como a terra do Malbec. O departamento faz parte da região alta do Rio Mendoza. A maior parte das videiras aqui plantadas é de uvas tintas, mas o Malbec não é a única a se destacar: Cabernet Sauvignon, Chardonnay e Torrontes também têm se mostrado bastante expressivas.

Luján de Cuyo

A aproximadamente 40 minutos ao sul da cidade de Mendoza, a região é considerada o berço do movimento vinícola argentino – tirando o país do lugar comum e alavancando sua produção à nível internacional. Luján de Cuyo foi a primeira área a instituir a DOC (Denominação de Origem Controlada) para o Malbec em 1993. Isso causou uma considerável e contínua melhora na qualidade e quantidade dos vinhos, repercutindo num notável reconhecimento global.

E agora o vinho!

Na taça tem um rosa “cor de casca de cebola” bem clarinho, mas com reluzente e bonito brilho, com poucas e curtas lágrimas que logo somem das paredes do copo.

No nariz explodem as notas frutadas, como morango, cereja, por exemplo, com toques florais muito agradáveis.

Na boca é frutado, fresco, leve e, quando levado à boca, percebe-se um toque adocicado bem equilibrado e que não é nem um pouco enjoativo, com acidez correta e um final curto, mas delicado.

Um vinho barato, mas que definitivamente surpreendeu! Entrega, sem sombra de dúvida, mais do que valeu e repito o valor: R$ 16,90! E repito também aquilo que, na minha vida de um humilde enófilo, virou um mantra: Se permite degustar todos os vinhos, todas as propostas e todos os valores. Não deixe passar oportunidades únicas de degustar vinhos surpreendentes! Tem 13% de teor alcoólico muito bem integrados.

Sobre a Família Falasco Winery:

Com experiência há mais de 70 anos, a família Falasco, também proprietária da vinícola Balbo S/A, está profundamente enraizada na indústria vinícola. Fruto de um sonho iniciado por Octavio Rufino em 1939, esta empresa encontra-se hoje em sua terceira geração, e conta com a dedicação e cuidado de Jorge Daniel Falasco, que ainda preza pela tradição familiar na fabricação e venda de vinhos excelentes, horando os princípios que deu origem aos sonhos de seu avô, preservando a tradição e originalidade em todo o tempo, mantendo a juventude, dinamismo e mente inteligente para se ajustar as mudanças do mercado. A época da colheita é realizada em Mendoza. Com grande esforço, seu povo transformou esta região semideserta em um oásis que possuí condições perfeitas para o cultivo de videiras, precisando de mínimos tratamentos fitossanitários. A província está localizada aos pés da Cordilheira dos Andes, tem solos argilosos irrigados pelas águas puras do degelo e apresenta grande amplitude térmica. Os 300 dias de sol por ano e ventos suaves tornam as condições perfeitas para a produção de vinhos de alta qualidade. A Família Falasco, ao todo possui 3.000 hectares de vinhedos conduzidos por uma equipe de Engenheiros Agrônomos e se encontram dentro dos principais oásis produtivos de Mendoza. A vinícola conta com uma capacidade de elaboração de 35 milhões de litros de vinho fino e processa, desde fevereiro até o final de abril, cerca de 40 milhões de quilos das uvas. A Familia Falasco ocupa o quarto lugar a nível nacional em quantidade de uvas processadas por ano.

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sexta-feira, 19 de junho de 2020

Quinta do Casal Monteiro branco 2016


Às vezes a escolha de um vinho pode assumir contornos dramáticos. O processo de escolha pode ser difícil e complicada e não se enganem que essa etapa é irrelevante ou mera frescura, onde o importante é comprar o que “estiver na mão” ou aquele mais em conta e pronto. Não! Aos enófilos que se preocupam com um momento agradável e importante na hora da degustação, o processo de compra pode e é providencial. Neste vinho que degustei eu passei por esse momento, diria, crítico. Estava em um supermercado e logo estava no setor dos vinhos e logo também estava diante de um dilema: Avistei um vinho, sem muito destaque ou evidencia, o rótulo, nesse sentido, também não ajudava, era bem discreto. O valor foi o que me chamou a atenção! Claro que é sedutor um vinho que custa na faixa dos R$ 25,90, um branco, português, da região do Tejo. Tomei o mesmo em minhas mãos e passei a analisa-lo. Decidi, para ajudar, acessar o site do produtor, que levava o nome do vinho também. Vi e li as informações e decidi arriscar, afinal o risco pode ser recompensado também, mas com o mínimo de cálculo e cautela, ajuda. Decidi leva-lo, afinal, a proposta do vinho “harmonizava” com os dias quentes de verão que imperava no auge do mês de janeiro.

Mas ainda levou algum tempo na adega antes de abrí-lo, por isso que na foto, o rótulo está um pouco enrugado, mas, após ler um “review” na internet sobre o vinho e muito positivo, diga-se de passagem, me estimulou a degustar o meu. Aproveitei uma noite quente e abafada e abri o meu Quinta do Casal Monteiro, um DOC da região do Tejo, branco, da safra 2016, com um corte que, depois descobri ser bem típico de Portugal e, claro, do Tejo, das castas Arinto (50%) e Fernão Pires (50%). Sei que ainda não está na etapa das análises organolépticas, mas preciso dizer: Que vinhaço! Surpreendentemente bom! Logo se revelou no aroma que, ao desarrolhá-lo, explodiu, invadindo impiedosamente as minhas narinas, mas, espera! Agora não falarei! Falarei, brevemente, da região do Tejo, emblemática em Portugal.

Tejo

Nesta região vitivinícola, situada no Centro de Portugal, a arte de produzir vinho remonta a 2000 a.C., quando os Tartessos iniciaram a plantação da vinha junto às margens do rio que lhe dá o nome. Reza a História que já Afonso Henriques fez referência aos vinhos da região no Foral de Santarém, datado de 1170, e que o Cartaxo terá exportado 500 navios com tonéis de vinho que, em apenas um ano, terão atingido o valor de 12.000 reis. As histórias continuam pela cronologia fora, com o ano de 1765 a destacar-se pelo desaparecimento da vinha nos campos do Tejo, como consequência de uma ordem imposta por Marquês de Pombal.

Tejo

Em 1989, são fundadas seis Indicações de Proveniência Regulamentada para vinhos da região do Ribatejo e, em 1997, é criada a Comissão Vitivinícola Regional do Ribatejo, à qual se sucede a constituição por lei da Comissão Vitivinícola Regional do Tejo, em 2008, seguindo-se a Rota dos Vinhos do Tejo.

E agora o vinho:

Na taça apresenta um amarelo palha, com detalhes em verde cítrico, muito brilhante.

No nariz é uma verdadeira explosão aromática, com notas evidentes de frutas brancas, como pera, maça-verde e frutas cítricas como limão, abacaxi, além de um agradável toque floral, com muito frescor e jovialidade.

Na boca repetem-se as impressões olfativas, sendo frutado, fresco, mostrando um bom corpo, um bom volume de boca, com ótima acidez que entrega um vinho fresco, direto, refrescante e saboroso. Com um final frutado, leve, mas de muito boa persistência.

Um vinho que te surpreendente pelo ótimo custo x benefício e que, sem sombra de dúvida, entrega muito mais do que vale. Um vinho fresco, harmonioso, fácil de degustar, de personalidade e que te convida a mais um gole, de forma frenética. Um vinho direto, correto e muito bem feito. Apesar do drama da escolha, quando constatamos que o vinho é maravilhoso, todo aquele processo faz valer a pena e nos ensina que vinho barato nem sempre é sinônimo de vinho ruim. Permita-se experimentar, sem visões pré-concebidas. Com 13% de teor alcoólico.

Sobre a Quinta do Casal Monteiro:

Fundada em 1979, a Quinta do Casal Monteiro engarrafa safras limitadas de produção exclusivamente a partir de sua propriedade de 80 hectares. Com idade média de 35 anos, as vinhas estão localizadas em solo arenoso aluvial fértil, enraizando-se em uma combinação incomum e resultando em uma produção de baixo rendimento de vinho de alta qualidade. Além disso, a característica do clima temperado sub-mediterrânico e a sua proximidade ao rio Tejo conferem aos vinhos uma identidade singular, revelada tanto nos aromas exuberantes como no paladar complexo, revestido por uma excelente acidez - são excelentes companheiros de comida. Em 2009, a nova geração / família assumiu a empresa e, desde então, uma reestruturação da vinícola e da vinha vem ocorrendo. Foram feitos investimentos consideráveis ​​em equipamentos modernos e a reabilitação das vinhas tem sido uma tarefa contínua. Como tal, todos os anos nossa qualidade tem aumentado e esperamos fazê-lo continuamente ao longo da década atual. O crescente número de prêmios internacionais e análises da imprensa internacional são uma prova da nossa qualidade contínua de produção.

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Degustado em: 2018



terça-feira, 16 de junho de 2020

Grilos Reserva Tinto 2014


Determinados caminhos são um tanto quanto inusitados ou improváveis que nos conduz até um vinho, um rótulo. Desde que degusto vinhos eu conheço a linha Rio Sol que são produzidos no Vale São Francisco no nordeste brasileiro. Eu praticamente fui “iniciado” no mundo dos vinhos com esses rótulos a quem tenho um valor sentimental muito grande. Pois bem, depois de algum tempo, depois de anos, para dizer a verdade, descobri que tais vinhos são produzidos por um grupo português chamado Global Wines. E quando conheci o portfólio desse grupo composto por algumas “Quintas” (vinícolas), descobri também que eles produzem alguns vinhos da emblemática e tradicional região do Dão. Sempre tive dificuldades para arranjar alguns rótulos dessa região, talvez a oferta aqui no Brasil seja incipiente ou as que têm não oferecem alguma segurança ou idoneidade quanto a qualidade. Então decidi ver os rótulos que a Global Wines poderia oferecer da referida região lusitana. E achei!

O vinho que degustei e gostei verdadeiramente vem, como disse do Dão, e se chama Grilos, um reserva, DOC (Denominação de Origem Controlada) composto pelas típicas castas da região: 40% de Tinta Roriz (Aragonez), 30% de Touriga Nacional e 30% de Jaen, da safra 2014. E, como a região do Dão, me parece ser pouco degustada em terras brasileiras, acho que vale a pena uma pincelada sobre a região, um pouco de sua história, antes de falar sobre as características organolépticas do Grilos.

Dão

O Dão é uma das mais antigas regiões vitivinícolas de Portugal, situada no centro-norte do país, logo abaixo do Douro, que carrega a reputação de produzir alguns dos melhores tintos portugueses.

Dão

O Dão é ainda conhecido como o berço da Touriga Nacional. De fato, dentre as tintas, a Touriga Nacional tem se mostrado a casta mais emblemática de Portugal, apresentando grandes qualidades para a vinificação e agindo como uma espécie de porta-voz da vitivinicultura do país. Plantada desde o Douro até ao Alentejo, é no Dão que a cepa se revela plenamente. Em 1908, o Dão foi oficialmente reconhecido como "Região Demarcada". Na década de 1940, entretanto, a região sofreu fortes intervenções governamentais. O intuito inicial era o de melhorar a qualidade dos vinhos e, por isso, novas regulações foram instituídas pelo governo de Salazar, criando um programa de participação de cooperativas no setor. Essas cooperativas tinham exclusividade na compra das uvas produzidas no local; empresas privadas podiam somente comprar vinhos já prontos. Infelizmente, os efeitos dessa política não foram positivos e a indústria do Dão, sem competição, acabou por produzir vinhos de qualidade inferior, com padrões de higiene por vezes abaixo do ideal. Após a entrada de Portugal na Comunidade Econômica Europeia, a legislação que então vigorava - monopolista e, obviamente, não alinhada aos princípios do bloco - foi revogada. Novos empreendimentos viníferos foram montados e um grande número de novas propriedades deu início ao renascimento do que havia sido uma das mais conhecidas regiões produtoras de vinho do país. Em 1990, o Dão se tornou uma Denominação de Origem Controlada. Cercada por altas montanhas de granito por três lados - Serra da Estrela, Serra do Caramulo e Serra da Nave -, a região fica protegida da influência do Oceano Atlântico. Assim, o clima local se mantém temperado. Os verões são secos e quentes, enquanto os inversos, frios e chuvosos, com grande amplitude térmica. Além disso, os solos são arenosos, de origem granítica e xistosa, bem drenados. Em conjunto, esses são fatores propícios para a obtenção de vinhos de alta qualidade. No Dão planta-se uma grande variedade de cepas e é notável o fato de a região ser rica em espécies autóctones. A maior parte dos vinhos é, todavia, produzido a partir de Touriga Nacional, Tinta Roriz, Jaen (conhecida na Espanha como Mencía), Alfrocheiro Preto e Encruzado. De fato, dados apontam que 80% da produção da região é de tintos, sendo que pelo menos 20% desses rótulos leva Touriga Nacional. A Encruzado é a principal cepa branca, por vezes combinada com Malvasia Fina e Bical. Fonte: Revista Adega, em: https://revistaadega.uol.com.br/artigo/as-grandezas-do-dao_5228.html.

Agora o vinho:

Na taça apresenta um vermelho rubi brilhante com entornos violáceos com lágrimas em média intensidade e finas e que leva algum tempo para se dissipar.

No nariz mostrou-se muito frutado, sem ser enjoativo, aromas de frutas vermelhas, com agradáveis notas florais, terrosas e de especiarias, como pimentão, por exemplo.

Na boca é frutado, redondo, bom volume de boca, equilibrado, com taninos de boa textura, acidez refrescante, com notas discretas de chocolate e algum tostado, graças a passagem por barricas de carvalho por 6 meses. Um vinho muito fresco, de certa personalidade, com um final de média intensidade.

Um belo e contemporâneo vinho do Dão, revelando uma região nova, remodelada, com vinhos versáteis, frescos, jovens, mas que mantém a sua marcante personalidade, a sua essência e as mais evidentes características de seu belo terroir. Com 13,5% de teor alcoólico.

Sobre o rótulo “Grilos”:

Grilos nasceu em 1993 na Quinta dos Grilos, Tondela – Portugal. 

O Concelho de Tondela

Os vinhos Grilos – com um perfil jovem e uma imagem moderna – são feitos para pessoas simples, com espírito jovem. Estes vinhos do Dão são fabricados com a nova palavra, mas sem nunca deixar de ser vinhos do Dão, porque essa é a natureza dessa marca. Em 2017, o Grilos Reserva recebeu 90 pontos dos críticos da prestigiada revista americana Wine Enthusiast. O Grilos White também foi considerado, em 2016, um dos melhores vinhos brancos portugueses com preços abaixo de 10 dólares por outra importante publicação americana, a Wine & Spirit Magazine.

Sobre a Global Wines:

A Global Wines nasceu em 1990 no Dão, com o nome Dão Sul. Queriam ser a maior empresa da mais antiga região de vinhos tranquilos de Portugal, o Dão. Quando o objetivo foi atingido, decidiram partir para outros sonhos, outras aventuras, outras regiões e outros países. Ainda são ainda hoje a empresa de vinhos líder do Dão. Mas também uma empresa de vinhos da Bairrada, do Alentejo, de Portugal e até o Brasil. Tem atualmente 5 Espaços de Enoturismo, 3 dos quais com restaurante, onde procuram conjugar o vinho e a gastronomia, despertando como as melhores sensações, na experiência perfeita. A Global Wines recebe, diariamente, pessoas de todas as partes do mundo, a quem procuram dar a melhor experiência de vinho e gastronomia. Estão hoje presentes nos 5 continentes, com suas marcas atingindo a mais de 40 países. Com vinhos reconhecidos pelos principais críticos mundiais, as portas foram-se abrindo e o sonho foi sendo cumprido. Hoje, como sempre, o caminho é para frente e é o futuro que nos move. Todos os dias constroem mais um degrau no reconhecimento mundial, num trabalho feito por pessoas e para pessoas. Através da linguagem do vinho construíram a ponte entre a pequena região montanhosa do centro de Portugal e o mundo. Percorreram as rotas do vinho com determinação, porque sabem exatamente onde querem chegar: a todas as mesas do mundo.

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Degustado em: 2017




segunda-feira, 15 de junho de 2020

Nativa Reserva Carménère 2015


Estava em um supermercado e, como de costume, vou ao setor de vinhos para olhar alguns rótulos, nem sempre com a obrigação, a intenção de comprar alguma garrafa, apenas, em alguns casos, ver, como um bom e fiel enófilo. Até que avistei, em meio a poeira e meio que jogado de lado, no fundo da gôndola, um vinho chileno com um peculiar rótulo, simples, mas muito bonito e no mínimo sugestivo, com uma exuberante vegetação. Deduzi se tratar de um vinho orgânico e bingo! Era um vinho produzido com conceitos sustentáveis, um vinho, como alguns carinhosamente chamam, de “natureba” ou ecológico. O valor do vinho era muito baixo para um vinho orgânico vendido no Brasil que, convenhamos é exorbitante. Este estava, pasmem, na faixa dos R$ 25,00! Confesso que, de início, fiquei curioso pelo apresentação estética e o preço muito atraente, me estimulou em compra-lo, mas estava receoso. Será que é ruim? Mas decidi arriscar e afinal, se acaso fosse ruim, não teria gastado tanto. E, mesmo no escuro, pois no rótulo e contra rótulo não tinha tanta informação e não sou muito simpático em comprar vinhos dessa forma, e comprei.

O vinho é maravilhoso! Surpreendentemente bom! E de taça cheia e muito satisfeito do vinho que estava degustando e gostando, me aprofundei nos seus detalhes técnicos. O vinho, que se chama “Nativa”, da linha reserva, é um projeto da emblemática e tradicional vinícola chilena, Viña Carmen, com um corte das castas Carmenère (90%), Cabernet Sauvignon (5%) e Syrah (5%) da safra 2015 e produzido no Vale Central.

Na taça tem um impressionante vermelho rubi intenso, escuro e brilhante que, ao deslizar na taça, mostra-se caudaloso, com uma abundância de lágrimas finas que tingia as paredes do copo.

No nariz tem uma explosão aromática de frutas negras, com toques fantásticos de especiarias como pimenta negra e pimentão vermelho e notas de café, torrefação e baunilha.

Na boca é seco, estruturado, frutado, bem equilibrado, com taninos presentes, mas finos e sedosos, com acidez instigante, amadeirado e toques de baunilha, graças aos 8 meses de passagem por barricas de carvalho, conferindo-lhe alguma complexidade. Tendo ainda um final longo e persistente.

Um vinho arrebatador, surpreendente, com personalidade marcante, mas fácil de degustar. Gastronômico, harmoniza bem com massas condimentadas, carnes e queijos gordurosos. Com 14% de teor alcoólico.

Sobre o Projeto “Nativa”:

A Nativa nasceu em 1995 como parte da Viña Carmen, uma das vinícolas mais prestigiadas do Chile. Quatro anos depois, em 1999, a Nativa se tornou o primeiro vinho chileno elaborado com uvas orgânicas certificadas. A partir daí, a Nativa continuou desenvolvendo vinhos com as uvas Cabernet Sauvignon e Chardonnay do Vale Alto Maipo, obtendo excelente prestígio internacional e reconhecimentos importantes da imprensa especializada. Em 2007, a Nativa começa a trabalhar em estreita colaboração com produtores de uva cultivados organicamente no vale Maipo e em 2008 a Nativa recebe as primeiras uvas orgânicas de suas próprias vinhas em Marchigüe, no vale de Colchagua. Em 2009, foi criada a empresa Nativa Eco Wines, que se tornou parte do portfólio do Grupo Santa Rita, fortalecendo seu sólido compromisso com a agricultura orgânica, a sustentabilidade e um plano ambicioso para o futuro.

Sobre a Viña Carmen:

A Viña Carmen foi fundada em 1850 por Christian Lanz e batizada de "Carmen" em homenagem a sua amada esposa. A vinha possui mais de 160 anos de experiência marcados por grandes marcos e sucessos obtidos graças à sua experiência, seu patrimônio enológico e sua busca incansável por qualidade e excelência. Em meados do século XIX, o Chile, como país independente, começou a ver a indústria do vinho como um importante negócio voltado para a exportação. É por isso que os principais produtores se concentraram na qualidade do produto para serem percebidos mundialmente como um país competitivo. Com novos ares de crescimento, expansão e inovação, a Viña Carmen busca alcançar a mais alta qualidade e competitividade de seus vinhos. Um evento enológico de grande relevância no mundo que marcou um antes e um depois na indústria vinícola nacional e internacional. Após essa descoberta, Carmen se tornou uma força motriz por trás do desenvolvimento da Carmenère no Chile. A redescoberta do Carmenère em uma das vinhas de Carmen, especificamente no vale do Alto Maipo, é um marco histórico que retornou ao patrimônio mundial do vinho, uma espécie que se acreditava estar extinta há anos, depois de ter sido infectada pela praga da filoxera na região na metade do século XIX.



Mais informações acesse:


https://www.carmen.com/es/br/

Degustado em: 2018



Ysern Tannat 2007 e Ysern Tannat Roble 2013


Eu sou um assíduo defensor das variadas propostas do vinho. Prefiro não aceitar que exista vinho ruim, de baixa qualidade ou aquele vinho superior, apenas propostas de vinhos que não podem ser comparadas, a não ser que seja dentro das próprias propostas. Explico: Você não pode comparar um vinho de entrada, mais básico da vinícola com um barricado, mais complexo. Beira a injustiça! Infelizmente ainda pensamos de uma forma pré-concebida, que os vinhos baratos são ruins e de má qualidade. Nem todos! Não se engane que os caros sempre agradarão! Não devemos, a meu ver, encarar o vinho como status ou “grife”, ou seja, quanto mais caro melhor. Não podemos negligenciar o fator orgânico, que varia de degustador para degustador. Falo tudo isso porque tive uma satisfatória experiência com uma mesma linha de rótulos, uma básica e outro um pouco mais complexo, de um mesmo produtor e vou falar dos dois ao mesmo tempo.

Os vinhos que degustei e gostei são: Ysern da casta Tannat, da safra 2007, um vinho mais básico da vinícola tradicional uruguaia chamada Bodegas Carrau, e um mais complexo, também da linha Ysern, da linha “Roble” (Com passagem por barrica de carvalho), da safra 2013. Ambos são considerados “Blends de regiões”, ou seja, um varietal, neste caso da casta Tannat, que veio de duas regiões: Cerro Chapéu, que fica em Rivera (25%) e da região de Las Violetas, em Montevidéo (75%). Veja no mapa estas e as outras principais regiões vitivinícolas do Uruguai.


Sobre os vinhos:

Ysern Tannat 2007:

Na taça apresenta um vermelho rubi com reflexos violáceos com pouca incidência de lágrimas.

No nariz tem aroma de frutas vermelhas como morango, amora com um toque de especiarias, como pimenta do reino.

Na boca é frutado, seco, de leve para médio, redondo, harmonioso, com taninos sedosos e acidez quase imperceptível, com um final agradável, frutado e saboroso. Com 13% de teor alcoólico.

Ysern Tannat Roble 2013:

Na taça tem um vermelho rubi profundo, escuro meio acastanhado nas bordas com abundância de lágrimas, finas, que demoravam a dissipar desenhando as paredes do copo.

No nariz é extremamente aromático, revelando frutas negras com toques de especiarias, um toque abaunilhado, de torrefação e madeira muito bem integrada ao vinho, graças aos 9 meses de passagem por barrica de carvalho.

Na boca reproduzem-se as impressões olfativas sendo estruturado e complexo, devido também à passagem por madeira com taninos gulosos, presentes, mas redondos, com boa acidez. Um vinho de marcante personalidade, equilibrado, mas muito fácil de degustar. Com 13,5% de teor alcoólico.

Uma grande e satisfatória experiência com vinhos, embora distintos, mas muito bem feitos, corroborando a história plena e altiva da produção uruguaia dos vinhos da casta Tannat. Ouvi de alguém, não me recordo quem, de que a melhor forma de confirmar se um produtor é idôneo e que produz, com excelência, seus vinhos, e degustar os seus vinhos, mas básicos, de entrada. Por isso que, quando adquiri o de entrada da linha “Ysern” e degustei e gostei, não hesitei em comprar a linha “Roble”. Se permita a degustar todos os vinhos em todas as suas propostas, indiscriminadamente.

Sobre a Bodegas Carrau:

A tradição secular de uma família em um panorama que fortalece o crescimento dos bons vinhos uruguaios em pleno andamento dia a dia. A presença da família Carrau é um fato indesculpável desse processo no quadro de uma longa história que começa na Catalunha. Bodegas Carrau estabelece a qualidade constante como objetivo principal. comércios nobres são muitas vezes alojados na tradição familiar dentro da prática repetida passada de pai para filho. Dos avós aos netos, uma longa carreira de perfeição um dia foi cumprida na antiga mídia comercial. Parte disso ainda subsiste no campo dos enólogos que se prezam. Por esse motivo, a Família Carrau ainda preserva como um documento precioso que afirma que, em 2 de abril de 1752, Dom Francisco Carrau Vehils comprou a primeira vinha da família na Catalunha. Em 6 de fevereiro de 1783, o notário declara que foi esse o caso e que a vinha está em Vilassar de Mar. Hoje incorporado no corpo de Barcelona. Em 1840, Juan Carrau Ferrés dedicou-se ao negócio do vinho e também aos livros de sua vinícola, que eram zelosamente guardados por seus atuais herdeiros. Seu neto Juan Carrau Sust, formado em vinicultura em Villa Franca del Penades, concorda com a transferência, um verdadeiro transplante de família no Uruguai. Em 1930 Juan Carrau Sust chega com sua esposa Catalina Pujol e cinco filhos no Uruguai, entre eles Juan Francisco Carrau Pujol . A Carrau Sust se une à fundação da Vinícola Santa Rosa, que entre 1930 e 1940. Cresce com a tecnologia fornecida pelo viticultor catalão, que também fornece ao Uruguai o método champenoise e outros vinhos especiais. Em 1976, fundou Bodegas Carrau,  um projeto de grande ambição, para o qual importou videiras livres de vírus de seleção clonal com critérios revolucionários para a época. O projeto em andamento foi declarado de interesse nacional em novembro de 1977, pois, entre outras razões, o objetivo era exportar e divulgar os vinhos uruguaios no mercado internacional. A importância desse empreendimento justifica o fato de ser considerado o ponto de partida de uma nova etapa na Viticultura Nacional. Para implementar adequadamente, além das vinhas Cerro chapeu, a nova empresa adquire a vinícola Pablo Varzi, fundada em 1887 e faz parte da contribuição italiana para a história do vinho uruguaio.

Mais informações acesse:


Ysern Tannat 2007 degustado em 2015

Ysern Tannat Roble 2013 degustado em 2016