Ao longo da minha história de degustação tive a possibilidade
de me presentear com algumas boas evoluções preponderantes para a qualidade das
minhas experiências com os mais diversos rótulos, afinal cada garrafa de vinho
guarda também boas e grandes histórias. Não é só degustação, não é só o prazer
do líquido contido na garrafa, são as histórias dos produtores, das regiões,
dos rótulos, do terrior, da terra e as suas mais essenciais particularidades
que faz cada vinho único e especial. E uma região, na Nova Zelândia, me chamou
muito a atenção que se chama Marlborough. E o que me fez chegar até ela foi,
como sempre, a leitura, a curiosidade em conhecer os vinhos neozelandeses me
fez viajar, com as asas do conhecimento, até a essa região. Instigou a minha
curiosidade. No final deste texto tem um pouco da história da Marlborough que
se combina com a história da vinícola Brancott State, mas vale saber,
antecipadamente que apesar de algumas vinhas terem sido plantadas por colonos
em 1870, a viticultura comercial de Marlborough teve início apenas em 1970,
quando produtores de outras regiões compraram algumas áreas e plantaram suas
vinhas. Os vinhos Marlborough começaram a ter maior prestígio e fama apenas no
início dos anos 1980.
E o vinho, dessa região, que degustei e gostei, na realidade
foram dois rótulos que, por serem os mesmos, porém, de safras distintas, decidi
publicá-los juntos é o Brancott State da casta Pinot Noir, das safras 2012 e
2014. E por que decidi colocá-los juntos em uma única publicação? Porque foram
vinhos especiais e que, independente das safras diferentes, revelaram
características similares, inerentes a casta, porém com peculiaridades que me
parecem ser oriundas da região que se fazem presentes nas descrições olfativas
e gustativas. Então, lá vai:
No aspecto visual conta com um vermelho rubi, aquela típica
cor granada brilhante da Pinot Noir, com lágrimas finas em média intensidade
que se dissipavam não tão rapidamente.
No nariz é intenso, um ataque aromático de frutas vermelhas,
como ameixas e cerejas, com toques herbáceos, de especiarias, como pimentão,
diria.
Na boca é intenso, com certa estrutura para um Pinot Noir (me
parece ser uma característica do Pinot Noir dessa região, pois foi perceptível
nas duas safras), com bom volume de boca, graças a sua boa estrutura, mas com
muito equilíbrio e elegância. Tem taninos macios, uma boa acidez, que corrobora
o seu frescor, mesmo que o de 2014 eu tenha degustado somente em 2019, com 5
anos de safra! Com um discreto toque
amadeirado, de tosta, mas bem integrado, graças a passagem de 6 meses por
barricas de carvalho, sendo uma parte, já a outra em tanques de aço inox pelo
período de 6 meses também (o percentual de cada vinho não foi divulgada pelo
produtor). Presença da fruta é evidente até o seu final, se mostrando
persistente e agradável.
Um vinho atraente, elegante, delicado como todo Pinot Noir,
mas com personalidade marcante, estrutura, complexidade que parece ser uma
característica do terrior dessa região que preciso explorar mais e mais. O
vinho conta com um robusto teor alcoólico de 14%, mas muito bem integrado ao conjunto
do vinho.
Sobre a Brancott Estate:
Até a década de 1970, Marlborough era apenas mais um bolso
bonito da Nova Zelândia, considerado frio demais para qualquer coisa, exceto
pastar ovelhas. Em 1973, as primeiras mudas foram plantadas no Brancott Estate
Vineyard. Mas, após dois anos de sucesso misto, repensamos a tradição de levar
nossas videiras para uma nova direção - literalmente. Graças aos dias
ensolarados da região e às noites frescas, nossas uvas desenvolveram um perfil
de sabor único e fresco - e em 1979 nasceu o primeiro Sauvignon Blanc de
Marlborough. Os anos oitenta começaram bem, com o nosso primeiro lançamento,
Marlborough Sauvignon Blanc, ganhando ouro no New Zealand Easter Show de 1980.
Em 1982, nosso primeiro embarque de Marlborough Sauvignon Blanc foi
compartilhado além de nossas fronteiras, enquanto se dirigia para o Reino
Unido. No final da década, nosso Marlborough Sauvignon Blanc foi selecionado
entre mais de 1100 concorrentes para ganhar o prestigioso troféu Marquês de
Goulaine na 21ª Competição Internacional Wine & Spirit. Em 1990, a
indústria do vinho em Marlborough havia se tornado suficientemente
significativa para receber uma visita de Sua Majestade, a rainha Elizabeth II,
que plantou uma videira no Festival Block, casa do Marlborough Food and Wine
Festival desde 1987. Nesse mesmo ano, foi marcada a nomeação de um novo porão,
Patrick Materman, que se tornaria chefe enólogo e lideraria a exploração de
novas expressões de Marlborough Sauvignon Blanc. Nosso Marlborough Chardonnay
de 1996 foi eleito Vinho Internacional do Ano e o enólogo Andy Frost foi
nomeado Enólogo Branco do Ano no London International Wine Challenge. Em 2006,
a Brancott Estate plantou as primeiras videiras Sauvignon Gris em Marlborough,
uma antiga variedade que desapareceu na obscuridade até que algumas videiras
foram encontradas e transplantadas para a Nova Zelândia. Provando ser tão
adaptado a Marlborough quanto seu primo próximo, Sauvignon Blanc, o primeiro
Sauvignon Gris foi lançado em 2009. No ano seguinte, a Brancott Estate lançou
sua linha orgânica, Living Land, e em 2011, a Brancott Estate Cellar Door and
Restaurant abriu suas portas. Depois de lançar a primeira safra de Marlborough
Sauvignon Gris, lançamos a Brancott Estate Chosen Rows, a nossa melhor
Marlborough Sauvignon Blanc digna de idade. Também lançamos a primeira vindima
do Flight, uma nova versão do Sauvignon Blanc que é naturalmente mais leve em
álcool. A nossa gama de vinhos Sauvignon Blanc agora inclui vinhos espumantes,
orgânicos, com influência de carvalho, naturalmente com baixo teor de álcool,
dignos de idade e de colheita tardia. Enquanto isso, nossa assinatura
Marlborough Sauvignon Blanc continua valendo, com um fluxo constante de prêmios
e elogios de todo o mundo.
Mais informações acesse:
O Brancott State da safra 2012 degustado em: 2014
O Brancott State da safra 2014 degustado em: 2019
Nenhum comentário:
Postar um comentário