Mais um vinho da série “Vinhos baratos que degustei e gostei”!
A busca, o garimpo, bem como a “coragem” de degustar vinhos baratos pode trazer
o risco da decepção, daquela sensação de que você esperava um pouco mais do
rótulo. Mas há quem diga que os emblemáticos e caros rótulos também trazem essa
máxima. O fato é que não é só grife e fama da vinícola que confere qualidade ao
vinho, esse não é tão somente o fator que pode fazer, ou não, de um vinho
especial. Sempre costumo dizer que a questão orgânica influencia e muito na
decisão, não é à toa que encontramos algumas análises tão distintas de um mesmo
rótulo de vinho, elogiando ou não. Alguém está errado? Não! São reações e
percepções diversas que temos do vinho. Por isso que, antes de comparar os
rótulos que degusta se informe das propostas que estes oferecem, talvez não
sejam dignos de comparação por conta da proposta. Enfim, o rótulo que
apresentarei, além de ter sido de um custo x benefício extremamente atrativo
(estava, pasmem, na faixa dos R$ 20), me trouxe a novidade da casta que eu
nunca havia degustado: Nero d’ Avola! Então, antes de apresentar o meu rótulo,
vou apresentar a história da casta tão popular na Itália, mas que, embora
encontremos alguns rótulos aqui no Brasil, não é tão popular em nossas terras.
A Nero d’Avola:
A uva tinta Nero D’Avola é a “uva negra da cidade de Avola”,
região italiana localizada na costa sudeste da Sicília. Essa uva, também
conhecida como Calabrese, é a variedade tinta mais plantada na Sicília. E não é
de hoje. Essa é uma história de séculos.
As áreas de cultivo da uva Nero D’Avola podem ser encontradas
na Austrália, na Califórnia e nos Estados Unidos, importante região
vitivinicola do Novo Mundo, mas a região de maior expressão dessa casta é, sem
dúvidas, na região da Sicília, província responsável pela produção de premiados
e elogiados vinhos. Mas há uma polêmica envolvendo a origem da uva. Há quem
afirme que ela nasceu na Calábria. Há quem sustente que o nome Calabrese não
tem essa ligação, tendo derivado, na verdade, da palavra Calavrisi ou
Calaurisi, usada para identificar os habitantes de Avola. Há quem afirme,
ainda, que ela surgiu na Mesopotâmia. O fato é que Nero d’Avola é considerada
uma uva nativa da Itália. Nero d’Avola é intensamente aromática. Quando jovem,
o vinho produzido com a Nero d’Avola traz aromas de ameixa, frutas vermelhas,
pimenta e cravo. Com o tempo em carvalho, contudo, Nero d’Avola adquire também
sabores de chocolate e acentuado aroma de framboesa. Com cor profunda,
acentuada acidez, alto teor alcoólico e muitos taninos, esse é um vinho que
envelhece bem. Fontes: Tintos & Tantos (http://www.tintosetantos.com/index.php/escolhendo/cepas/670-nero-d-avola)
e Mistral (https://www.mistral.com.br/tipo-de-uva/nero-d-avola).
O Vinho que degustei e gostei foi o Coppiere da casta 100%
Nero d’Avola, da safra 2018, da região da Sicília, na Itália.
Vamos ao vinho.
Na taça, conforme já esclareceu o histórico da cepa, mostra
um vermelho rubi escuro, mas com discretos traços violáceos em seu entorno, com
lágrimas finas de média intensidade e que demoravam um pouco a se dissipar das
paredes do copo.
No nariz traz intensos aromas de frutas vermelhas, como
ameixa, cereja, e toques agradáveis de especiarias, como pimenta e cravo.
Na boca é seco, equilibrado, elegante, com notas frutadas
intensas, sem ser enjoativo, com boa acidez, taninos delicados e sedosos, com
um final médio, um retrogosto, diria, frutado.
Para a minha primeira experiência com a Nero d’Avola foi
extremamente proveitosa e pretendo sim, degustar mais vinhos com essa casta nos
seus mais variados estágios de proposta, dada a sua versatilidade. E a proposta
deste rótulo da Coppiere é jovem, direto, mas que mostra a personalidade desta
uva autóctone da Itália. Apenas para registro, ao desarrolhá-lo, percebi o
álcool, no auge dos seus 13%, um tanto quanto alto, em desequilíbrio com o
conjunto do vinho, mas, respirando na taça, logo se equilibrou sendo muito
fácil de degustar e extremamente versátil também nas harmonizações. É possível
fazê-lo com carnes magras e macarrão, a minha opção na degustação.
Sobre a Schenk Wineries:
As vinícolas italianas de Schenk são de longe um dos
produtores de vinho mais importantes a nível nacional. Fundada em 1952 em
Reggio Emilia e transferida em 1960 para Ora, no sul do Tirol, a sede da
primeira vinícola está intimamente ligada à área de produção. Este foi o
primeiro passo do projeto "Vinícolas Italianas". Através deste
projeto, a empresa, anteriormente dedicada ao engarrafamento de vinho a granel,
torna-se produtora antes de tudo com o desenvolvimento de “Marcas da terra”,
graças à colaboração com pequenos produtores de alta qualidade localizados
nessas regiões, historicamente mais vocacionados para produção de vinho como
Tirol do Sul, Toscana, Veneto, Sicília, Piemonte, Apúlia e Abruzzo. Em segundo
lugar, através da aquisição das vinícolas “Bacio della Luna” em Vidor -
Valdobbiadene (Treviso) e “Lunadoro” em Valiano di Montepulciano (Siena). Um
caminho evolutivo começou há muitos anos, com o objetivo de fortalecer os laços
com a terra e as tradições. Esses valores, juntamente com as fortes
oportunidades oferecidas pelo progresso tecnológico, permitem que as vinícolas
italianas da Schenk trabalhem de maneira sustentável.
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