quarta-feira, 22 de abril de 2020

Coppiere Nero d'avola 2018


Mais um vinho da série “Vinhos baratos que degustei e gostei”! A busca, o garimpo, bem como a “coragem” de degustar vinhos baratos pode trazer o risco da decepção, daquela sensação de que você esperava um pouco mais do rótulo. Mas há quem diga que os emblemáticos e caros rótulos também trazem essa máxima. O fato é que não é só grife e fama da vinícola que confere qualidade ao vinho, esse não é tão somente o fator que pode fazer, ou não, de um vinho especial. Sempre costumo dizer que a questão orgânica influencia e muito na decisão, não é à toa que encontramos algumas análises tão distintas de um mesmo rótulo de vinho, elogiando ou não. Alguém está errado? Não! São reações e percepções diversas que temos do vinho. Por isso que, antes de comparar os rótulos que degusta se informe das propostas que estes oferecem, talvez não sejam dignos de comparação por conta da proposta. Enfim, o rótulo que apresentarei, além de ter sido de um custo x benefício extremamente atrativo (estava, pasmem, na faixa dos R$ 20), me trouxe a novidade da casta que eu nunca havia degustado: Nero d’ Avola! Então, antes de apresentar o meu rótulo, vou apresentar a história da casta tão popular na Itália, mas que, embora encontremos alguns rótulos aqui no Brasil, não é tão popular em nossas terras.

A Nero d’Avola:

A uva tinta Nero D’Avola é a “uva negra da cidade de Avola”, região italiana localizada na costa sudeste da Sicília. Essa uva, também conhecida como Calabrese, é a variedade tinta mais plantada na Sicília. E não é de hoje. Essa é uma história de séculos.


As áreas de cultivo da uva Nero D’Avola podem ser encontradas na Austrália, na Califórnia e nos Estados Unidos, importante região vitivinicola do Novo Mundo, mas a região de maior expressão dessa casta é, sem dúvidas, na região da Sicília, província responsável pela produção de premiados e elogiados vinhos. Mas há uma polêmica envolvendo a origem da uva. Há quem afirme que ela nasceu na Calábria. Há quem sustente que o nome Calabrese não tem essa ligação, tendo derivado, na verdade, da palavra Calavrisi ou Calaurisi, usada para identificar os habitantes de Avola. Há quem afirme, ainda, que ela surgiu na Mesopotâmia. O fato é que Nero d’Avola é considerada uma uva nativa da Itália. Nero d’Avola é intensamente aromática. Quando jovem, o vinho produzido com a Nero d’Avola traz aromas de ameixa, frutas vermelhas, pimenta e cravo. Com o tempo em carvalho, contudo, Nero d’Avola adquire também sabores de chocolate e acentuado aroma de framboesa. Com cor profunda, acentuada acidez, alto teor alcoólico e muitos taninos, esse é um vinho que envelhece bem. Fontes: Tintos & Tantos (http://www.tintosetantos.com/index.php/escolhendo/cepas/670-nero-d-avola) e Mistral (https://www.mistral.com.br/tipo-de-uva/nero-d-avola).

O Vinho que degustei e gostei foi o Coppiere da casta 100% Nero d’Avola, da safra 2018, da região da Sicília, na Itália.

Vamos ao vinho.

Na taça, conforme já esclareceu o histórico da cepa, mostra um vermelho rubi escuro, mas com discretos traços violáceos em seu entorno, com lágrimas finas de média intensidade e que demoravam um pouco a se dissipar das paredes do copo.

No nariz traz intensos aromas de frutas vermelhas, como ameixa, cereja, e toques agradáveis de especiarias, como pimenta e cravo.

Na boca é seco, equilibrado, elegante, com notas frutadas intensas, sem ser enjoativo, com boa acidez, taninos delicados e sedosos, com um final médio, um retrogosto, diria, frutado.

Para a minha primeira experiência com a Nero d’Avola foi extremamente proveitosa e pretendo sim, degustar mais vinhos com essa casta nos seus mais variados estágios de proposta, dada a sua versatilidade. E a proposta deste rótulo da Coppiere é jovem, direto, mas que mostra a personalidade desta uva autóctone da Itália. Apenas para registro, ao desarrolhá-lo, percebi o álcool, no auge dos seus 13%, um tanto quanto alto, em desequilíbrio com o conjunto do vinho, mas, respirando na taça, logo se equilibrou sendo muito fácil de degustar e extremamente versátil também nas harmonizações. É possível fazê-lo com carnes magras e macarrão, a minha opção na degustação.  

Sobre a Schenk Wineries:

As vinícolas italianas de Schenk são de longe um dos produtores de vinho mais importantes a nível nacional. Fundada em 1952 em Reggio Emilia e transferida em 1960 para Ora, no sul do Tirol, a sede da primeira vinícola está intimamente ligada à área de produção. Este foi o primeiro passo do projeto "Vinícolas Italianas". Através deste projeto, a empresa, anteriormente dedicada ao engarrafamento de vinho a granel, torna-se produtora antes de tudo com o desenvolvimento de “Marcas da terra”, graças à colaboração com pequenos produtores de alta qualidade localizados nessas regiões, historicamente mais vocacionados para produção de vinho como Tirol do Sul, Toscana, Veneto, Sicília, Piemonte, Apúlia e Abruzzo. Em segundo lugar, através da aquisição das vinícolas “Bacio della Luna” em Vidor - Valdobbiadene (Treviso) e “Lunadoro” em Valiano di Montepulciano (Siena). Um caminho evolutivo começou há muitos anos, com o objetivo de fortalecer os laços com a terra e as tradições. Esses valores, juntamente com as fortes oportunidades oferecidas pelo progresso tecnológico, permitem que as vinícolas italianas da Schenk trabalhem de maneira sustentável.

Mais informações acesse:

http://www.schenkitalia.it/

Vinho degustado em 2019.


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