segunda-feira, 30 de março de 2020

Antiguas Reservas Merlot 2011



Recordo, com nostalgia, dos meus primeiros vinhos produzidos com uvas vitivinífera. Aquela transição necessária dos vinhos de mesa para os vinhos finos, as primeiras experiências e contatos com as castas, os novos rótulos. E eu não posso deixar de falar da Merlot. Por anos, sobretudo nos primeiros anos de degustação, a Merlot foi a minha cepa favorita, afinal, é envolvente a versatilidade e a infinidade de propostas que a mesma casta podem nos proporcionar, além de terriors, a identidade, o DNA daquela terra, era uma viagem e tanto (e ainda é) degustar alguns Merlots. É claro que atualmente e com passar do tempo, novas castas trouxeram grandes momentos e descobertas, tornando-se impossível pontuar uma casta como favorita. Mas o assunto é o Merlot e eu tenho um carinho especial pelos chilenos produzidos com essa especial cepa: Tem vinhos leves, simples, frutados, expressivos... São tantas as opções, com as mais destacadas tipicidades que não tem como se deixar seduzir pelos Merlots chilenos e tem um tão especial em minha vida de apreciador de vinhos que não poderia faltar um depoimento, esse merece todas as reverências possíveis.

E esse Merlot que degustei e gostei é da tradicional vinícola chilena, Cousiño Macul, da linha “Antiguas Reservas”, da safra 2011, da emblemática região Valle del Maipo. Um vinho arrebatador e que certamente está no rol dos meus melhores que degustei. É aquele vinho que sempre será referência de qualidade, além de nutrir momentos de alegria e prazer em minha lembrança.

Na taça tem um vermelho rubi intenso, profundo, com alguma viscosidade, lágrimas em abundância, finas, que tingem e desenham as paredes do copo, um ensaio a personalidade marcante do vinho.

No nariz se destaca frutas negras como cereja, especiarias, como pimenta, couro, tabaco e um amadeirado evidente, graças aos 12 meses de passagem por barricas de carvalho.

Na boca repetem-se as impressões olfativas, com certa complexidade, robustez, mas que, ao mesmo tempo, se mostra macio, fácil de degustar, com taninos presentes, acidez instigante, um toque de baunilha e da madeira muito bem integrada ao conjunto do vinho, com um final frutado e persistente.

Um vinho maiúsculo que mostra que o terroir chileno, além de nos entregar versatilidade, opções e propostas de bons Merlots, se destacam, em minha opinião, por vinhos desta cepa com personalidade, de expressividade, de vinhos mais intensos e diria até carnudos. Seus impressionantes 14% de teor alcoólico chega a ficar em evidência quando desarrolha o vinho, mas que, na segunda taça já se percebe o equilíbrio deste quesito aos demais do vinho. Para quem aprecia acompanhar a evolução do vinho na taça e/ou degustando é bem interessante e se torna um agradável exercício para analisar as características organolépticas dos vinhos que irá degustar ao longo de sua vida.

Sobre a Cousiño Macul:

Parte de nossa produção tem suas raízes em um território que, há mais de 500 anos, foi utilizado para a produção de vinho. Juan Jufré é um dos primeiros nomes que aparecem na história do vinho chileno e, uma vez, o proprietário da terra onde atualmente está localizada a propriedade Macul. Ele foi contratado, na época da colônia e por ordem do rei da Espanha, para produzir a cepa e o moscatel do país para fornecer vinho para a Eucaristia e parte da sociedade chilena. O primeiro Cousiño apareceu 300 anos depois, quando em 1856 Matías Cousiño adquiriu os 1.000 hectares da Hacienda Macul. Então, localizado principalmente no sopé da cordilheira dos Andes. Esse território fértil e gentil é alimentado, até hoje, naturalmente pelas encostas de Las Perdices e pelo canal de San Carlos. Após a morte de Don Matías, seu filho Luis Cousiño herdou a terra e o sonho de iniciar uma produção familiar de vinho. Para isso, ele decide renovar as vinhas que foram cultivadas lá e, juntamente com sua esposa Isidora Goyenechea , traz da Europa as primeiras vinhas destacadas do vinhedo. O Cabernet Sauvignon e Merlot foram trazidos da região de Pauillac, o Green e Gray Sauvignon de Martillac e o Riesling da Alsácia, este último pessoalmente selecionado por Doña Isidora. O casal administra a vinha até a morte de Luis Cousiño. A partir desse momento, Isidora Goyenechea assume a liderança e se torna uma das primeiras mulheres de negócios da América do Sul. Até o dia de sua morte, ele continua a tradição da família Cousiño, projetando-a no tempo com inovação e novas tecnologias. Com uma acuidade particular em engenharia, ele melhorou as condições dos trabalhadores e padronizou a produção e a excelente qualidade dos vinhos. Além disso, supervisionou a construção da vinícola icônica, encomendada por Luis Cousiño e formulada por engenheiros franceses, até sua conclusão em 1878, e redesenhou o logotipo da empresa, imortalizando seu próprio legado. Em 1898, Isidora morreu e a vinha foi herdada por seu filho Luis Arturo, bisavô da 6ª geração, que hoje dirige a empresa. Mais do que quantidade, nossa produção sempre focou na qualidade. O trabalho de pesquisa e desenvolvimento do primeiro produto de exportação levou 60 anos. Do melhor Cabernet Sauvignon da safra de 1927, nasceram as primeiras reservas de antiguidades, que até hoje são produzidas de maneira fiel ao seu estilo original.

Mais informações acesse:

https://www.cousinomacul.com/

Degustado em: 2016





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