quinta-feira, 26 de março de 2020

Bouza Tannat 2014


Mais uma vez falo da tradição. O risco de se falar nessa palavra e seu conceito é a questão de se engessar, não permitir abrir a sua mente para novas percepções de paladar, novos rótulos, novas propostas. Mas entendo que podemos ponderar os dois, sobretudo no mundo do vinho, o equilíbrio, como sempre, deve prevalecer. Quando falo em tradição, não há como mencionar o Tannat uruguaio. Já ouvi alguns especialistas dizerem que o Uruguai é a Europa das Américas. Não tenho, admito, capacidades técnicas para dissertar sobre, afinal, sou apenas um enófilo, prefiro dizer que um pequeno país, em termos territoriais, mostra capacidade para produzir vinhos de tipicidade, com um terroir próprio e singular. A casta Tannat é oriunda da França, porém foi no Uruguai que encontrou seu lugar e lá se solidificou como o melhor lugar a ser produzida.

E um vinho especial, fantástico que degustei e gostei foi o Bouza, claro, da casta Tannat, produzida na região de Montevidéu, da safra 2014, da Bodega Bouza.

Na taça apresenta um vermelho rubi intenso, de impressionante brilho, com bordas violáceas, com lágrimas finas, em abundância e de lenta dissipação.

No nariz tem excelente aroma de frutas vermelhas maduras, como ameixa, groselha, com notas de torrefação e especiarias.

Na boca é encorpado, com taninos firmes e presentes, mas com ótimo frescor, com destaque para frutas sem ser enjoativo, com um amadeirado bem integrado ao conjunto do vinho, graças a passagem por 12 meses em barris de carvalho. Tem um final gordo e de longa persistência.

Um Tannat rico e intenso, de marcante personalidade, mas fácil de degustar, mostrando que definitivamente o Uruguai imprime aos seus vinhos a sua cultura extraída da sua terra, da força e dedicação de seus produtores e trabalhadores. Um vinho que sintetiza o Uruguai na sua concepção vitivinícola. Possui 13,5% de teor alcoólico.

Sobre a Bodega Bouza:

A Bodega Bouza existe desde 1942 e foi a primeira a assemelhar-se aos “chateaux” franceses. A família Pesquera, primeira proprietária, retornou à Espanha na década de 80 e o local permaneceu improdutivo até 2001, quando os Bouza o adquiriu, reconstruindo instalações e vinhedos e investindo em tecnologia. A Bodega Bouza leva o rótulo de bodega boutique, cujo conceito é o de trabalhar em pequena escala para garantir uma melhor qualidade. Ali são apenas dez hectares (há produção também em Melilla e Las Violetas e Pán de Azúcar, perto de Punta del Este, totalizando 33 hectares); e sua capacidade total é de 130 mil garrafas. O resultado é de vinhos de alta qualidade e uvas nobres cuja metade é exportada para países como Estados Unidos e Brasil. A vinícola trabalha com sete tipos de uvas: quatro para tintos (Tannat, bastante característica do Uruguai; Merlot, Pinot Noir e Tempranillo) e brancos (Chardonnay, Riesling e Alvariño).

Mais informações acesse:






2 comentários:

  1. Os uruguaios mandam bem demais com a Tannat. Infelizmente tem muito mais do mesmo nas principais revistas e sites. Mas o Uruguai tem muito mais a mostrar, principalmente as vinícolas de boutique de lá, muito vinho TOP mas que não são tão badalados e conhecidos pela crítica internacional.

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    1. Concordo com você Fernando! Sempre chegam as mesmas cepas e rótulos de vinícolas badaladas de sempre! O Uruguai, apesar de produzir grandes Tannats, adotando-as como sua, temos algumas castas que estão começando a se destacar como Chardonnay, Sauvignon Blanc e até a Viognier está começando a ser produzida por lá. Essa vinícola, a Bouza, também tem essa filosofia de "vinhos boutique", mas só chega aqui para gente os vinhos da gigante Família Deicas. Esse foi um achado! Recomendo! Saúde!

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