Mais uma vez
falo da tradição. O risco de se falar nessa palavra e seu conceito é a questão
de se engessar, não permitir abrir a sua mente para novas percepções de
paladar, novos rótulos, novas propostas. Mas entendo que podemos ponderar os
dois, sobretudo no mundo do vinho, o equilíbrio, como sempre, deve prevalecer.
Quando falo em tradição, não há como mencionar o Tannat uruguaio. Já ouvi
alguns especialistas dizerem que o Uruguai é a Europa das Américas. Não tenho,
admito, capacidades técnicas para dissertar sobre, afinal, sou apenas um
enófilo, prefiro dizer que um pequeno país, em termos territoriais, mostra
capacidade para produzir vinhos de tipicidade, com um terroir próprio e
singular. A casta Tannat é oriunda da França, porém foi no Uruguai que
encontrou seu lugar e lá se solidificou como o melhor lugar a ser produzida.
E um vinho
especial, fantástico que degustei e gostei foi o Bouza, claro, da casta Tannat,
produzida na região de Montevidéu, da safra 2014, da Bodega Bouza.
Na taça apresenta
um vermelho rubi intenso, de impressionante brilho, com bordas violáceas, com
lágrimas finas, em abundância e de lenta dissipação.
No nariz tem
excelente aroma de frutas vermelhas maduras, como ameixa, groselha, com notas
de torrefação e especiarias.
Na boca é
encorpado, com taninos firmes e presentes, mas com ótimo frescor, com destaque
para frutas sem ser enjoativo, com um amadeirado bem integrado ao conjunto do
vinho, graças a passagem por 12 meses em barris de carvalho. Tem um final gordo e
de longa persistência.
Um Tannat
rico e intenso, de marcante personalidade, mas fácil de degustar, mostrando que
definitivamente o Uruguai imprime aos seus vinhos a sua cultura extraída da sua
terra, da força e dedicação de seus produtores e trabalhadores. Um vinho que
sintetiza o Uruguai na sua concepção vitivinícola. Possui 13,5% de teor
alcoólico.
Sobre a
Bodega Bouza:
A Bodega
Bouza existe desde 1942 e foi a primeira a assemelhar-se aos “chateaux”
franceses. A família Pesquera, primeira proprietária, retornou à Espanha na
década de 80 e o local permaneceu improdutivo até 2001, quando os Bouza o
adquiriu, reconstruindo instalações e vinhedos e investindo em tecnologia. A
Bodega Bouza leva o rótulo de bodega boutique, cujo conceito é o de trabalhar
em pequena escala para garantir uma melhor qualidade. Ali são apenas dez
hectares (há produção também em Melilla e Las Violetas e Pán de Azúcar, perto
de Punta del Este, totalizando 33 hectares); e sua capacidade total é de 130
mil garrafas. O resultado é de vinhos de alta qualidade e uvas nobres cuja
metade é exportada para países como Estados Unidos e Brasil. A vinícola
trabalha com sete tipos de uvas: quatro para tintos (Tannat, bastante
característica do Uruguai; Merlot, Pinot Noir e Tempranillo) e brancos
(Chardonnay, Riesling e Alvariño).
Mais
informações acesse:
Os uruguaios mandam bem demais com a Tannat. Infelizmente tem muito mais do mesmo nas principais revistas e sites. Mas o Uruguai tem muito mais a mostrar, principalmente as vinícolas de boutique de lá, muito vinho TOP mas que não são tão badalados e conhecidos pela crítica internacional.
ResponderExcluirConcordo com você Fernando! Sempre chegam as mesmas cepas e rótulos de vinícolas badaladas de sempre! O Uruguai, apesar de produzir grandes Tannats, adotando-as como sua, temos algumas castas que estão começando a se destacar como Chardonnay, Sauvignon Blanc e até a Viognier está começando a ser produzida por lá. Essa vinícola, a Bouza, também tem essa filosofia de "vinhos boutique", mas só chega aqui para gente os vinhos da gigante Família Deicas. Esse foi um achado! Recomendo! Saúde!
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